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Bocão 64

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Mulheres representam 17% das 223 candidaturas aos governos estaduais

As mulheres representam 17% das 223 candidaturas aos governos estaduais, segundo levantamento da CNN com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao todo, são 38 candidatas, sendo que três delas lideram as pesquisas de intenção de voto a pouco mais de um mês para o primeiro turno, marcado para 2 de outubro.

No Rio Grande do Norte, a única governadora eleita em 2018, Fátima Bezerra (PT), que concorre à reeleição neste ano, é a favorita, segundo pesquisa TV Cabugi/Ipec divulgada na segunda-feira (22).

Ela aparece com 46%, à frente de Capitão Styvenson (Podemos), com 15%, e Fábio Dantas (Solidariedade), com 9%. Registrada na Justiça Eleitoral com o número RN-09891/2022, a pesquisa ouviu 800 pessoas e tem margem de erro de três pontos percentuais.

Em Pernambuco, a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) também lidera as sondagens para o governo. Segundo a pesquisa Globo/Ipec, ela está à frente, com 33%.

No segundo lugar, há empate técnico entre Raquel Lyra (PSDB), com 11%, e Anderson Ferreira (PL), com 10%. A margem de erro também é de três pontos percentuais. A pesquisa, que ouviu 1.200 eleitores, foi registrada sob o número BR-09411/2022.

Em Roraima, a principal candidata ao governo também é uma mulher. De acordo com a pesquisa TV Record/RealTime Big Data mais recente, a ex-prefeita de Boa Vista Teresa Surita (MDB) lidera com 47% das intenções de voto, à frente do atual governador Antônio Denarium (PP), que tem 36%. O instituto entrevistou 1.500. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento está registrado na Justiça Eleitoral com o código RR-04257/2022

O número de mulheres que concorrem aos governos estaduais é maior em 2018 em comparação com as eleições gerais anteriores. Em 2018, das 202 candidaturas de governadores, 30 eram de mulheres, o que representava menos de 15%.

As governadoras desde 1985
Desde a redemocratização do país, em 1985, 158 homens foram eleitos e oito mulheres saíram vitoriosas das urnas, de acordo com um levantamento da CNN que não considerou as reeleições ou um novo mandato em período distinto. As eleições para governadores voltaram a ocorrer no Brasil em 1982, ainda na ditadura militar. O levantamento foi feito a partir do pleito de 1986.

Dentre as mulheres eleitas, Roseana Sarney (MDB), no Maranhão, é a única que foi reconduzida ao posto, em três oportunidades diferentes.

Ela foi eleita pela primeira vez em 1994 e reeleita em 1998. Na terceira vez que tentou a vaga, em 2006, perdeu para Jackson Lago (PDT). Ele e o vice, porém, tiveram os mandatos cassados pelo TSE, e a entidade determinou que Roseana, que havia ficado em segundo lugar, assumisse o cargo. Posteriormente, foi reeleita e ficou até 2014.

No Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho, então no PSB, ocupou o cargo de 2003 a 2007. No Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB) governou de 2007 a 2011. O Pará também elegeu uma mulher para a vaga: Ana Júlia Carepa (PT), que comandou o estado de 2007 a 2011. Em Roraima, Suely Campos (PP) exerceu a função de 2015 a 2018.

O Rio Grande do Norte é o estado que mais elegeu mulheres para o cargo desde os anos 1980. Foram três: Wilma de Faria (PTdoB), Rosalba Ciarlini (PP) e Fátima Bezerra (PT).

Feridas emocionais da infância, tipos de apego e escolha do parceiro


Pode soar forte, mas a maioria de nós tem feridas marcadas em nossa pele emocional que precisam ser aceitas e curadas. Pontos de dor que parecem ter se tornado crônicos. Você deseja saber quais são suas feridas emocionais e o impacto que elas têm em você? Gostaria de saber qual a relevância que podem ter na sua escolha do seu parceiro? A seguir, damos algumas informações para que você possa construir suas próprias respostas.

Pense em como é interessante esclarecer os padrões que fundamentam nossas ações, para que possamos trabalhar com eles. Com um mapa claro do nosso território emocional, será mais fácil percorrê-lo com sucesso, podendo realizar mudanças mais efetivas. Mais particularmente, no campo social, permitirá gerar ou fortalecer laços de apego que proporcionem segurança, confiança e clareza na relação com o parceiro e outros vínculos significativos.

As pessoas que criaram um apego seguro na infância têm uma vantagem valiosa quando vão se relacionar intimamente com os outros e não têm medo do abandono. Ou seja, podem levar a uma vida adulta independente, com autonomia e responsabilidade emocional.

As 5 feridas da alma, segundo Lise Bourbeau
São cinco feridas emocionais, criadas na infância, e cinco máscaras que colocamos para esconder essas feridas e poder conviver com elas. Lise Bourbeau afirma que a intensidade da ferida é o que determina a profundidade da máscara que criamos.

Muitas vezes, na idade adulta é necessário um trabalho que nos permita perdoar e soltar todas essas máscaras; caso contrário, tornam-se um obstáculo à autenticidade, bem como um campo minado para o mal-estar proveniente dessa dissonância. As feridas são de rejeição, abandono, humilhação, traição e injustiça.

Ferida da Rejeição: Máscara do Escapista
A ferida da rejeição fica gravada na psique da criança entre o seu nascimento e o primeiro ano de vida. A criança mantém um vínculo de apego evitativo com o(s) progenitor(es). Consequentemente, o adulto que se infligiu essa ferida teve experiências de rejeição na infância e tenderá a rejeitar a si mesmo e aos outros.

Da mesma forma, experiências agradáveis e bem-sucedidas serão rejeitadas devido ao profundo sentimento de vazio interno e à crença equivocada de não merecer. Essa ferida nos faz colocar a máscara do escapista.
Ferida do Abandono: Máscara do Dependente
Do ponto de vista cronológico, a segunda ferida que pode ser causada é a ferida do abandono. Esta ferida é gerada entre o primeiro e o terceiro ano de idade. O progenitor cria um vínculo de apego ambivalente cheio de contradições com seu filho ou filha.

Quem experimentou o abandono tenderá a abandonar projetos e parceiros, até que se conscientize de sua carência e assuma a responsabilidade por sua vida e sua solidão.

O adulto com essa ferida é uma pessoa que busca constantemente atenção, apoio e proteção das pessoas ao seu redor. O maior medo de uma pessoa que sofre dessa ferida é a solidão e por isso coloca a máscara do dependente.


A mente é maravilhosa


 
BEM-ESTAREMOÇÕES
Feridas emocionais da infância, tipos de apego e escolha do parceiro
6 minutos
As feridas emocionais na infância nos motivam a criar máscaras que camuflem nossa vulnerabilidade. Estamos falando de pontos de dor que condicionam praticamente tudo o que fazemos.
Feridas emocionais da infância, tipos de apego e escolha do parceiro
Última atualização: 24 agosto, 2022

Pode soar forte, mas a maioria de nós tem feridas marcadas em nossa pele emocional que precisam ser aceitas e curadas. Pontos de dor que parecem ter se tornado crônicos. Você deseja saber quais são suas feridas emocionais e o impacto que elas têm em você? Gostaria de saber qual a relevância que podem ter na sua escolha do seu parceiro? A seguir, damos algumas informações para que você possa construir suas próprias respostas.

Pense em como é interessante esclarecer os padrões que fundamentam nossas ações, para que possamos trabalhar com eles. Com um mapa claro do nosso território emocional, será mais fácil percorrê-lo com sucesso, podendo realizar mudanças mais efetivas. Mais particularmente, no campo social, permitirá gerar ou fortalecer laços de apego que proporcionem segurança, confiança e clareza na relação com o parceiro e outros vínculos significativos.

As pessoas que criaram um apego seguro na infância têm uma vantagem valiosa quando vão se relacionar intimamente com os outros e não têm medo do abandono. Ou seja, podem levar a uma vida adulta independente, com autonomia e responsabilidade emocional.

As 5 feridas da alma, segundo Lise Bourbeau
São cinco feridas emocionais, criadas na infância, e cinco máscaras que colocamos para esconder essas feridas e poder conviver com elas. Lise Bourbeau afirma que a intensidade da ferida é o que determina a profundidade da máscara que criamos.

Muitas vezes, na idade adulta é necessário um trabalho que nos permita perdoar e soltar todas essas máscaras; caso contrário, tornam-se um obstáculo à autenticidade, bem como um campo minado para o mal-estar proveniente dessa dissonância. As feridas são de rejeição, abandono, humilhação, traição e injustiça.

menina triste chorando
As feridas emocionais são como lesões psicológicas que se originam na infância e que influenciam na vida adulta.
Ferida da Rejeição: Máscara do Escapista
A ferida da rejeição fica gravada na psique da criança entre o seu nascimento e o primeiro ano de vida. A criança mantém um vínculo de apego evitativo com o(s) progenitor(es). Consequentemente, o adulto que se infligiu essa ferida teve experiências de rejeição na infância e tenderá a rejeitar a si mesmo e aos outros.


Da mesma forma, experiências agradáveis e bem-sucedidas serão rejeitadas devido ao profundo sentimento de vazio interno e à crença equivocada de não merecer. Essa ferida nos faz colocar a máscara do escapista.

O maior medo que as pessoas com a ferida da rejeição têm é justamente o medo da rejeição.

Ferida do Abandono: Máscara do Dependente
Do ponto de vista cronológico, a segunda ferida que pode ser causada é a ferida do abandono. Esta ferida é gerada entre o primeiro e o terceiro ano de idade. O progenitor cria um vínculo de apego ambivalente cheio de contradições com seu filho ou filha.


Quem experimentou o abandono tenderá a abandonar projetos e parceiros, até que se conscientize de sua carência e assuma a responsabilidade por sua vida e sua solidão.

O adulto com essa ferida é uma pessoa que busca constantemente atenção, apoio e proteção das pessoas ao seu redor. O maior medo de uma pessoa que sofre dessa ferida é a solidão e por isso coloca a máscara do dependente.


Ferida da Humilhação: Máscara do Masoquista
A terceira ferida é a ferida da humilhação. Essa ferida é gerada entre o primeiro e o terceiro ano de vida, e o progenitor também se relaciona com o filho a partir de um apego ansioso e ambivalente. Adultos que passaram por todo tipo de abuso, humilhação, comparações ou foram ridicularizados e constrangidos por sua aparência física, atitudes e comportamentos durante a infância muitas vezes carregam esse fardo nas costas.

Na maioria das vezes são seres inseguros, tímidos e indecisos que, no fundo, se sentem culpados e não acreditam ter liberdade. Uma pessoa que sofre a ferida da humilhação coloca, para superá-la, a máscara do masoquista.

Ferida da Traição: Máscara do Controlador
A quarta ferida emocional seria a ferida da traição fruto de um apego desorganizado com o progenitor. Ocorre entre os dois e os quatro anos de idade. O adulto com a ferida da traição será alguém desconfiado, pois não se permite confiar em nada nem em ninguém.

O maior medo é a mentira e inconscientemente ele buscará envolver-se em situações em que inevitavelmente será traído. As pessoas com a ferida da traição colocam a máscara do controlador, cercando-se de uma névoa de ciúme e medo da separação.

Ferida da Injustiça: Máscara do Rígido
A última ferida é a da injustiça. Essa ferida é gerada entre os quatro e seis anos de idade, fruto de um apego desorganizado com o progenitor de referência. A criança, nesse caso, sentiu-se bloqueada em sua individualidade; em sua essência.

Em algum momento, todos nós já vivenciamos ou testemunhamos situações injustas; porém, quem tem a ferida não consegue lidar com ela e suas reações são desproporcionais.

Indígenas venezuelanos deixam Itabuna após denúncia de tentativa de venda de crianças

Pessoas que estavam no Terminal Rodoviário de Itabuna, no sul da Bahia, na manhã desta segunda-feira (29), se revoltaram com a ação de um grupo de imigrantes venezuelanos que tentavam vender seus filhos para comprar passagens de ônibus. Em uma denúncia, feita por áudio que circula nas redes sociais, um homem que presenciou o fato afirma que as crianças eram oferecidas por R$ 100 cada. A Polícia Civil, no entanto, negou que o grupo tenha oferecido as crianças em troca de dinheiro. Testemunhas filmaram o momento em que assistentes sociais chegaram até as crianças.

De acordo com o Conselho Tutelar do município, inicialmente, duas famílias de indígenas venezuelanos da etnia Warao desembarcaram na rodoviária de Itabuna, vindas de Jequié, e tinham como destino final a cidade de Vitória, no Espírito Santo, onde teriam uma oportunidade de emprego. A oferta ilegal das crianças tinha como objetivo arrecadar dinheiro para a compra das passagens, mas, de acordo com o Conselho Tutelar, o grupo só queria gerar comoção para conseguir doações.

"Eram três crianças. Infelizmente diziam estar vendendo, mas subentendo que tenha sido a fim de comover a população. Porque de fato eles são muito protéticos com a prole", explicou a conselheira tutelar Joelma Gonçalves dos Santos, que atendeu o caso.

A conselheira acompanha o caso de imigrantes venezuelanos no município desde abril do ano passado, quando o primeiro grupo desembarcou em Itabuna. "Ocorre que esses venezuelanos estavam na cidade desde esse período relatado, havendo rodízio de pessoas, mas aqui ficaram estabelecidos por todos esses meses. A Secretária de Assistência Social deu suporte e eles foram abrigados em uma casa que denominamos de 'Abrigo dos Venezuelanos'. Nesse abrigo eles tiveram todo o suporte necessário para a sobrevivência, além de amparo médico e legal", relatou Joelma.

Contudo, o grupo manifestou o desejo de ir embora do abrigo e partiram para Jequié. De lá, eles migraram para Teixeira de Freitas e uma parte ainda partiu para Vitória, no Espírito Santo.
Segundo a conselheira tutelar, alguns remanescentes que ainda estavam em Jequié e pretendiam chegar a Teixeira de Freitas - para depois seguirem para o Espírito Santo - foram para Itabuna em busca de dinheiro para prover as passagens.

Com os relatos sobre a tentativa de venda das crianças, o conselho tutelar e a polícia foram acionados. Após o atendimento das famílias, a Secretária de Assistência Social de Itabuna arcou com as custas das passagens de ônibus para Vitória (ES) e todos os imigrantes embarcaram às 17 horas desta segunda. 

"O primeiro grupo que chegou pela manhã foi de seis pessoas, à tarde chegaram mais 14 e todos foram embarcados", explicou a conselheira. Antes do embarque, todos foram alimentados. As crianças também viajaram com seus respectivos pais.

O CORREIO também procurou a Polícia Militar, que informou que as informações sobre o ocorrido eram de responsabilidade da Vara da Infância e Juventude do município. 

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Educação inclusiva: saiba por que ela é tão importante para o ensino


O que é educação inclusiva?
A educação inclusiva é um modelo de ensino contemporâneo que propõe igualdade nas possibilidades de escolarização. Com essa visão, o objetivo é que todos os estudantes — crianças, adolescentes e até alunos do ensino superior — tenham direito à educação em um só ambiente.

A proposta da educação inclusiva é valorizar as diferenças e permitir uma convivência respeitosa e diversificada no contexto escolar. Em um primeiro momento, pensamos nas pessoas que apresentam necessidades especiais, devido à segregação que antes existia em relação a esse grupo de estudantes.

Contudo, contemplar a diversidade também significa reconhecer que há diferentes gêneros, etnias e classes sociais. Enfim, cada indivíduo é único em termos de aparência, cultura, história de vida e capacidade física e intelectual. Dessa forma, a universalização dos direitos educacionais e sociais deve ser respeitada.

Em resumo, educação inclusiva significa oferecer o mesmo espaço para o processo de aprendizagem de todos os indivíduos, independentemente de suas limitações e particularidades. Com a inclusão, os estudantes ganham a oportunidade de aprender, interagir e experimentar a vida em comunidade.

Assim, as diferenças deixam de ser encaradas como obstáculos e passam a ser compreendidas como diversidade. Essa abrangência de visão é fundamental desde a infância para fortalecer a empatia e a consciência social. Por fim, todos têm a ganhar com a educação inclusiva: os estudantes que entram na escola regular e os que aprendem a conviver com as diferenças.

Qual é a diferença entre educação inclusiva e educação especial?
Quando se fala em educação inclusiva, logo vêm à mente as técnicas para a aprendizagem de pessoas com deficiência. De fato, os conceitos são relacionados. Mas há distinções que precisam ser esclarecidas.

A educação especial é uma abordagem de ensino direcionada para o desenvolvimento de habilidades específicas de indivíduos com algum tipo de dificuldade de aprendizagem ou deficiência — física, intelectual, auditiva, visual etc. Pessoas com altas habilidades, conhecidas popularmente como superdotadas, também entram no grupo das necessidades especiais, uma vez que requerem recursos próprios para o seu aprendizado.
A educação inclusiva, por sua vez, difere da educação especial por se tratar de um processo educativo e social, ao mesmo tempo. Promover a aprendizagem, nesse sentido, é tão importante quanto possibilitar a convivência com pessoas de todos os tipos. Trata-se de um modelo que prioriza a formação global e sem barreiras ou preconceitos.
Até pouco tempo atrás, o sistema educacional brasileiro mantinha dois tipos de escola: a regular e a especial. Alguns alunos, mesmo com limitações brandas, eram direcionados para a educação especial e privados do contato diversificado com os estudantes regulares.

Com a educação inclusiva, todos os alunos são acolhidos na escola regular, que agora deve dispor de meios adequados e recursos diferenciados para oferecer apoio no processo de aprendizagem de todos os indivíduos.

Essas mudanças no panorama educacional estão previstas na legislação. O Plano Nacional de Educação (PNE) é aprovado pela Lei nº 13.005/2014, que tem como meta a universalização da educação básica.

Sendo assim, pessoas de 4 a 17 anos que apresentam algum tipo de deficiência, transtorno global do desenvolvimento ou altas habilidades têm direito à educação na rede regular de ensino e ao atendimento educacional especializado.

Quais são os princípios da educação inclusiva?
A educação inclusiva é sustentada por 5 princípios que devem ser revisitados pelos educadores com regularidade, para que estes se mantenham firmes em seu propósito. Confira, a seguir, quais são os pilares da inclusão educacional!

1. Toda pessoa tem o direito de acesso à educação
Isso significa que a educação é para todos e não há obstáculos físicos, intelectuais ou de nenhuma outra natureza que possam impedir esse direito.

2. Toda pessoa aprende
Todo indivíduo tem capacidade de aprender. A única diferença está no caminho que ele percorre para obter o conhecimento.

3. O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular
Alguns podem seguir os métodos tradicionais, outros precisam de recursos mais elaborados, mas todos podem e devem ter incentivo ao aprendizado. 
4. O convívio no ambiente escolar comum beneficia todos
O contato com a diversidade é importante para a formação completa dos indivíduos. Todos são beneficiados com a inclusão escolar e social, tanto os que são inseridos no contexto comum quanto aqueles que os acolhem.

5. A educação inclusiva diz respeito a todos
A inclusão é para as pessoas com deficiência, assim como para qualquer outro tipo de diferença — física, mental, cultural, social, sexual, racial ou étnica.

Qual é o papel da escola nesse cenário?
Para ser uma escola inclusiva, não basta abrir as portas para os alunos especiais ou falar sobre o valor da diversidade. É preciso contar com um projeto pedagógico que coloque a inclusão em prática.

Com base em um projeto educacional inclusivo, a escola consegue cumprir o seu papel com planejamento, organização, flexibilidade e propostas diversificadas. Além disso, a comunidade escolar não pode trabalhar sozinha e, para viabilizar a inclusão, também depende da construção de uma rede de apoio.

Em conjunto com os educadores e gestores escolares, devem estar os familiares e profissionais da saúde que acompanham os alunos — médicos, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas.

O papel da família é proporcionar base sólida para a visão de mundo e para a construção de valores como respeito ao próximo. Para alcançar uma sociedade inclusiva, é necessário que essa conscientização também seja trabalhada em casa. 

Tecnologia na educação: entenda os benefícios e desafios

Quando pensamos em tecnologia na educação, a primeira ideia que vem à mente são aparelhos como tablets, computadores inteligentes e robôs. Realmente, esses recursos estão cada vez mais inseridos nas salas de aula, entretanto a tecnologia e a inovação fazem parte do ambiente escolar há mais de três séculos.

A evolução da tecnologia da educação

Em 2010, os jornalistas Benjamin Innes e Charles Wilson, em seu artigo “Learning Machines” (Máquinas de Aprendizado), publicado no jornal estadunidense The New York Times, abordaram a evolução das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem ao longo da história, desde o seu início, em 1450.

Na época, os educadores utilizavam uma chapa de madeira com letras e figuras impressas, chamada Hornbook, para alfabetizar as crianças, através de textos religiosos. 
Com o passar dos anos, a ascensão do capitalismo e a Revolução Industrial no século XVIII, impulsionaram a criação de novas tecnologias, como o quadro negro, o lápis, o retroprojetor, o rádio e a TV.

Até então, os recursos utilizados nas salas de aula tinham como foco a disseminação e a apresentação da informação, do professor para o estudante. Neste processo, pode-se dizer então, que a atuação dos alunos tinha caráter receptivo, ou seja, a criança recebia aquele conteúdo, mas não necessariamente participava na produção do conhecimento.

A partir do século 20, a chegada da internet e a ampliação do acesso à computadores e dispositivos eletrônicos, deu origem a uma vasta gama de equipamentos e softwares que transformaram a sociedade atual.

As TICs - tecnologias de informação e comunicação - revolucionaram nosso modo de viver, modificaram a indústria e a maneira como nos relacionamos com as outras pessoas e, na educação, o cenário não foi diferente.  
O foco, que antes era na disseminação do conteúdo, passa ser em como navegar em meio ao oceano de informações que estão disponíveis na internet, através dos aparelhos digitais. 

Neste novo modelo de ensino-aprendizagem, o professor tem o papel de mediador e mentor, e os estudantes passam a ter uma participação ativa e autônoma no processo de construção do conhecimento.

Quais são os diferentes tipos de TICs usados na educação?

Existem diversos recursos tecnológicos que podem auxiliar no processo de ensino-aprendizagem. De maneira geral, eles podem ser divididos em sete categorias:

Ambientes virtuais imersivos
Por meio de imagens virtuais, dispositivos de realidade aumentada promovem experiências que misturam o mundo real com o mundo virtual. Esses ambientes são chamados imersivos pois permitem o aprendizado através da experiência e da interação dos alunos. Alguns museus e parques nacionais, por exemplo, já oferecem tours 360º para os usuários se divertirem e também, aprenderem.

Ferramentas de comunicação
Existem diversas ferramentas que facilitam a comunicação entre as pessoas envolvidas no processo educativo. As redes sociais, por exemplo, podem incentivar desenvolver atividades e trabalhar conteúdos vistos em sala de aula.

Já os aplicativos de comunicação, como WhatsApp e Telegram estreitam o relacionamento entre as famílias e a escola, simplificando a troca de informação, como o envio de recados e comunicados importantes.

Ferramentas de trabalho
As ferramentas de trabalho são qualquer aplicativo ou programa que auxiliam na organização de arquivos e na realização de tarefas, como os recursos de armazenamento em nuvem. Outros exemplos são as ferramentas de edição de texto, foto, vídeo e áudio utilizadas tanto por professores quanto por alunos. 

Ferramentas de gestão
São ferramentas que simplificam e facilitam a organização dentro e fora da sala de aula, permitindo que o corpo docente gaste menos tempo com tarefas burocráticas, como planos de aulas, recebimento das lições de casa e correção de provas. 

Há também recursos voltados especificamente para a gestão financeira, área que muitas instituições possuem dificuldade em administrar. 


Plataformas
As plataformas são ambientes virtuais de aprendizagem que auxiliam na distribuição do conteúdo e permitem ao professor acompanhar o desenvolvimento do aluno, de maneira individualizada. Conhecidas como AVA, essas ferramentas tecnológicas propiciam o armazenamento e a publicação de materiais, sendo um ótimo suporte para o ensino híbrido. 

Ferramentas de experimentação
Essa tecnologia utilizada na educação coloca o aluno como protagonista no processo de aprendizagem, possibilitando que ele desenvolva projetos e produtos diferenciados. Kits de robótica, plataformas de programação e de produção audiovisual (podcasts, vídeos, filmes, músicas), são apenas alguns exemplos de ferramentas de experimentação disponibilizadas nas escolas.

Além de trabalhar competências cognitivas, esses recursos estimulam o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e de comunicação ao valorizar o trabalho em equipe.

Objetos digitais de aprendizagem
Os ODA são recursos digitais que auxiliam a prática pedagógica, seja dentro ou fora da sala de aula. Livros digitais, animações, jogos e videoaulas são alguns exemplos de ferramentas que podem ser utilizadas para trabalhar conteúdos e habilidades de maneira mais criativa. 

O próprio Ministério da Educação disponibiliza recursos digitais gratuitos para professores e alunos, nas plataformas Portal do Professor e Escola Digital. 

Quais são os benefícios da tecnologia na educação?
Assim como a tecnologia trouxe benefícios para diversas esferas da nossa sociedade atual, os recursos disponíveis também têm impactos positivos na educação, como:

Facilitam o acompanhamento individualizado do aluno;
Possibilitam que o processo de aprendizagem seja personalizado;
Estimulam a autonomia do estudante, tornando-o um agente ativo na construção do conhecimento;
Incentivam o trabalho em equipe através de atividades colaborativas e interativas;
Tornam o aprendizado mais dinâmico;
Auxiliam os educadores a gerenciar tarefas burocráticas, tornando o seu trabalho mais prático.
Além disso, a mobilidade das TICs permitem que o aprendizado ocorra de maneira contextual e situada, visto que a instrução pode ocorrer em qualquer lugar e a qualquer momento. 

Sendo assim, as novas tecnologias podem contribuir para o acesso universal à educação, reduzindo a desigualdade e promovendo a equidade. Entretanto, existem diversos desafios a serem superados a fim de atingir esses objetivos.

As TICs e os desafios de implementação nas escolas
Ao mesmo tempo que as tecnologias de informação e comunicação (TICs) podem ampliar o acesso à educação, se aplicadas de maneira incorreta, elas podem aprofundar ainda mais o abismo que separa a rede pública e privada de ensino. 

Outro ponto a ser levantado é que a tecnologia não substitui o papel do professor na educação, porém é fundamental que ele saiba utilizar e conduzir os recursos e ferramentas disponíveis.

domingo, 28 de agosto de 2022

Remédio 3 em 1 reduz o risco de problemas cardiovasculares, diz estudo

Pacientes mais velhos com doenças cardíacas que tomaram uma combinação de “polipílula” composta por três medicamentos diferentes tiveram um risco menor de eventos cardiovasculares relevantes, de acordo com um novo estudo publicado sexta-feira (26) no New England Journal of Medicine e apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, na Espanha.

Os autores do estudo, liderados pelo pesquisador Valentin Fuster, diretor do Mount Sinai Heart em Nova York e diretor-geral do Centro Nacional Espanhol de Pesquisa Cardiovascular, analisaram 2.499 pacientes em sete países europeus que tinham histórico de infarto do miocárdio tipo 1 nos últimos seis meses e tinham mais de 75 anos ou idade mínima de 65 anos com pelo menos um fator de risco, como diabetes ou disfunção renal leve ou moderada.

Metade dos pacientes recebeu a polipílula que continha aspirina, ramipril e atorvastatina, enquanto outros receberam o padrão usual de atendimento. Os pacientes foram acompanhados por uma mediana de três anos.
Os pesquisadores identificaram 48 mortes cardiovasculares no grupo da polipílula e 71 no grupo de cuidados habituais, o que significa que os pacientes que tomaram o medicamento tiveram uma redução de risco relativo de 33% para morte cardiovascular. A polipílula também foi favorável em outras medidas estudadas no estudo, como acidente vascular cerebral (AVC) ou infarto do miocárdio.

A polipílula e o ensaio são frutos de 15 anos de trabalho, disse Fuster. Ele e seus colegas afirmam que um dos principais problemas da medicina é a falta de adesão às medicações, principalmente no campo cardiovascular e mais especificamente em pacientes com ataque cardíaco. A American Heart Association lista os medicamentos prescritos como uma das primeiras coisas que as pessoas podem fazer para evitar um segundo ataque cardíaco.

“Parece que temos um tremendo tipo de ferramenta, que é uma pílula simples, que na verdade é significativamente melhor”, disse Fuster. “Provavelmente, a maior parte do motivo é por causa da melhor adesão, porque é uma droga simples, com resultados excelentes e o impacto é tão bom ou até melhor do que a aspirina no passado”.

Ele disse que era notável que as duas curvas – aquelas que tomaram uma polipílula e aquelas que receberam tratamento padrão – se separaram desde o início e continuaram a se separar com o passar dos anos, o que significa que há uma sensação de que, se o estudo se estendesse, haveria resultados “ainda mais impressionantes”.

Fuster disse que a polipílula é algo que pode ter um impacto “muito significativo” na população em geral.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, alguém tem um ataque cardíaco a cada 40 segundos no país. Há cerca de 805 mil ataques cardíacos nos EUA todos os anos – 200 mil deles acontecendo com pessoas que já tiveram um primeiro.

Existem algumas limitações na pesquisa, incluindo que o estudo não foi realizado de maneira “cega” e todos os pacientes foram inscritos antes da pandemia de Covid-19.

Hospitais e Santas Casas podem fechar 20 mil leitos e dispensar 83 mil pessoas


O novo piso da enfermagem, sancionado este mês, pode levar ao fechamento de mais de 20 mil leitos hospitalares e à dispensa de 83 mil funcionários, segundo pesquisa feita pelas cinco maiores entidades do setor hospitalar do país nesta semana. A escalada do preço de remédios e a defasagem de valores pagos pelo poder público por exames e procedimentos são outros gargalos.

A Lei 14.434/22, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), no dia 4 de agosto, estabelece o piso salarial para enfermeiros, contratados em regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), em R$ 4.750, para técnicos de enfermagem em R$ 3.325 e para auxiliares de enfermagem e parteiras em R$ 2.375.

Responsáveis por mais de 50% dos atendimentos ambulatoriais e internações hospitalares realizados no Sistema Único de Saúde (SUS), hospitais filantrópicos e Santas Casas estão entre os mais afetados. O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) argumenta que a dificuldade dessas instituições é histórica e não se relaciona apenas com o aumento do piso salarial da categoria.

A Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) ouviram para o levantamento 2.511 instituições de saúde de todas as regiões. Dentre os participantes, 42,9% são hospitais e, desses, 35% não têm fins lucrativos. Apenas 12% das instituições consultadas são de grande porte.

Segundo a pesquisa, a folha de pagamento, que já representava a maior despesa dos hospitais, será onerada, em média, em 60% – sendo que em hospitais de pequeno porte este ônus será de 64%. Diante desse cenário, foi questionado aos estabelecimentos quais medidas deverão ser tomadas: 51% terão de reduzir o número de leitos, 77% terão de reduzir o corpo de enfermagem, 65% vão reduzir o quadro de colaboradores em outras áreas e 59% cancelarão investimentos. A pesquisa aponta que serão fechados cerca de 27 leitos por instituição, em média.

“Nossa situação já era dramática e agora ficou insustentável. Sem uma fonte de financiamento, fica muito difícil manter os serviços das Obras Sociais Irmã Dulce”, disse Maria Rita Pontes, superintendente das Osid e sobrinha de Santa Dulce dos Pobres. “O piso é extremamente justo para a categoria, temos contingente de 1.300 pessoas, mas, infelizmente, já nos reunimos com parte delas e explicamos que não podemos assumir essa despesa.”

A lei do piso nacional da enfermagem agrava principalmente a situação dos 1.824 hospitais filantrópicos e Santas Casas espalhados pelo Brasil. O novo piso aumentará em mais de R$ 6,3 bilhões por ano os custos dessas instituições que já enfrentam grande dificuldade para manter os atendimentos à população pela defasagem de 15 anos na tabela SUS, segundo a CMB.

Daniel Menezes, porta-voz do Cofen, disse que o segmento das instituições privadas de saúde teve lucro superior a 20% nos últimos e vai ser menos afetado pelo piso.

“Em relação às Santas Casas e ao setor filantrópico, a gente compreende e é solidário, mas é um problema histórico.” Para ele, o foco das entidades hospitalares deveria ser o da cobrança do Legislativo e do governo para ajustar o financiamento.

STF
A CMB e outras entidades nacionais do setor de saúde, entre elas a CNSaúde, a Abramed, a FBH, a Anahp, a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVac) e a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) além de federações de hospitais, propuseram perante o Supremo Tribunal Federal (STF) ação direta pleiteando a declaração de inconstitucionalidade da lei do piso.

O Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo entrou como parte interessada. Conforme o presidente, Francisco Balestrin, a adoção do piso vai inviabilizar grande parte do atendimento médico-hospitalar e nos planos de saúde.


Brasil ultrapassa 4 mil casos de varíola dos macacos; saiba como prevenir


O Brasil registra 4.472 casos confirmados de varíola dos macacos – ou monkeypox, de acordo com o Ministério da Saúde.

Até o momento, foram confirmadas infecções nos estados de São Paulo (2.788), Rio de Janeiro (578), Minas Gerais (253), Distrito Federal (168), Goiás (189), Bahia (44), Ceará (47), Rio Grande do Norte (18), Espírito Santo (11), Pernambuco (24), Tocantins (2) , Amazonas (19), Acre (1), Rio Grande do Sul (77), Mato Grosso do Sul (16), Mato Grosso (20), Santa Catarina (78), Paraná (118), Pará (12), Tocantins (2), Alagoas (2), Maranhão (2), Paraíba (1), Piauí (3) e Roraima (1).

A principal forma de transmissão da varíola dos macacos é por meio do contato direto pessoa a pessoa, chamado de pele a pele.

O contágio pode acontecer a partir do contato com lesões cutâneas, crostas ou fluidos corporais de uma pessoa infectada, pelo toque em objetos, tecidos (roupas, lençóis ou toalhas) e superfícies que foram usadas por alguém com a doença, além do contato com secreções respiratórias.

Medidas de prevenção
O Ministério da Saúde recomenda evitar contato próximo com pessoas com suspeita ou diagnóstico da doença, além da higienização das mãos com água e sabão ou com álcool em gel antes de comer ou tocar no rosto como uma medida de prevenção.

Diante de algum sintoma suspeito (veja abaixo), as pessoas devem procurar atendimento médico em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para avaliação.

Durante a consulta, é importante informar se houve contato próximo com alguém com suspeita ou confirmação da doença. Com base nesses registros coletados durante a consulta, o especialista poderá fazer o pedido de teste de diagnóstico.

Sintomas da doença
A varíola dos macacos, na maioria dos casos, evolui sem complicações e os sinais e sintomas duram de duas a quatro semanas.

As manifestações clínicas habitualmente incluem lesões na pele na forma de bolhas ou feridas que podem aparecer em diversas partes do corpo, como rosto, mãos, pés, olhos, boca ou genitais. No entanto, o surto atual da doença tem apresentado características epidemiológicas diferentes, com sintomas que podem ser bastante discretos.

Na forma mais comum documentada da doença, os sintomas podem surgir a partir do sétimo dia com uma febre súbita e intensa. São comuns sinais como dor de cabeça, náusea, exaustão, cansaço e principalmente o aparecimento de inchaço de gânglios, que pode acontecer tanto no pescoço e na região axilar como na parte genital.

Já a manifestação na pele ocorre entre um e três dias após os sintomas iniciais. Os sinais passam por diferentes estágios: mácula (pequenas manchas), pápula (feridas pequenas semelhantes a espinhas), vesícula (pequenas bolhas), pústula (bolha com a presença de pus) e crosta (que são as cascas de cicatrização).

Número de casos de Covid-19 supera 600 milhões em todo mundo


O número de casos de contaminação por Covid-19 atingiu os 600,64 milhões em todo mundo, segundo levantamento da universidade Johns Hopkins. Já o número de mortes chegou a 6,485 milhões.

Os EUA relataram 94,18 milhões infecções e 1,04 milhão de vítimas fatais desde o início da pandemia, ambas as contagens mais altas do mundo, correspondendo a mais de 15% dos números globais.

Considerando os dados coletados nos últimos 28 dias, o país norte-americano permanece no topo da lista de óbitos, com 13,4 mil, mas fica na terceira colocação em número de registros positivos para o vírus, com 2,83 milhões.

No recorte das últimas quatro semanas, é o Japão que aparece com o maior número de casos, com 5,79 milhões, e 6,3 mil mortes, seguido da Coreia do Sul, com 3,2 milhões de registros positivos para Covid-19 e 1,5 mil vítimas fatais.

Pelo levantamento da Johns Hopkins, o Brasil aparece com um total de 34,3 milhões de infecções registradas e 683,3 mil mortes, ficando na segunda posição entre as nações em que a pandemia foi mais fatal e na quarta colocação entre os países mais casos relatados, atrás de Estados Unidos, Índia e França.

Nos últimos 28 dias, o Brasil contabilizou 555,3 mil casos e 4,9 mil vítimas fatais.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

A LEITURA FAZ PARTE DA BRINCADEIRA

A leitura é um ato de representação e simbolização do mundo. A leitura nos proporciona construir um sentido próprio, nos ver, pensar e repensar o mundo. Lemos utilizando linguagem verbal através de palavras como também utilizamos linguagem não verbal, através de imagens, fotografias, obras de arte, música, entre outros. E é através da leitura que vamos nos relacionando com o mundo. Nos tornando seres sociais que dialogam, interagem, interrogam e questionam. Conforme afirma Paulo Freire:
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. (FREIRE, 1989, p.9)

A experiência da leitura nos coloca no lugar do outro, (nos forma) contribui para nos formar cidadãos mais empáticos, pois nos confronta com a experiência do outro. Ler nos move e nos ensina, também nos atravessa e nos faz compreender o mundo. 
É por meio da leitura que extraímos informações as transformando em conhecimento. O conhecimento nos permite fazer relações entre situações nos tornando cidadãos críticos, autônomos. 
A leitura é parte do processo de comunicação cotidiana, que envolve interações e trocas sociais, fomentada em situações diversas expressas pela memória, cultura, tradições e contextos sociais. 
É imprescindível lembrar que o leitor ressignifica o que lê, ou seja o mesmo texto lido pode trazer novos significados, enriquecendo a experiência leitora. 
A leitura é um ato dialógico, de apropriação, plural, libertária, emancipatória, não deve ser imposta; é provocação e está sempre em construção.

Precisamos conectar pessoas e textos, levando em consideração a participação efetiva e a história de vida do leitor. A mediação efetua essa ponte entre o mediador e o leitor, com o texto, a história e o ouvinte. 
Jouve (2002) salienta que o “charme da leitura” advém das emoções. Leitores amam, admiram ou mesmo odeiam personagens das obras que leem, criando relações afetivas e pessoais (componente importante da leitura literária).
O desafio de mediar a leitura está na conectividade que o mediador faz entre a importância das formas de linguagens e seus leitores. O mediador é um facilitador da criação das relações afetivas. Ele traz simbologia ao texto onde o leitor confronta suas experiências pessoas, sua cultura, seus valores com o experimento da leitura. O mediador direciona os argumentos incentivando que o leitor argumente, discorde, concorde, questione e reflita. O mediador traz novas descobertas e novos contextos para a pratica leitora, de forma cognitiva. O mediador em sua prática auxilia a formar cidadãos críticos.
Ezequiel Theodoro da Silva ressalta que um leitor crítico adentra um texto desejando compreender as circunstâncias, as razões e os desafios sociais permitidos ou não por este texto (SILVA, 2002).
Além da ambiência, é necessário múltiplas vozes e narrativas. O papel da palavra, da voz e da leitura é fundamental para a criação de vínculos de afeto e de acolhimento. 

Por que as crianças precisam brincar?


O que é brincar?

Brincar é essencial na vida do ser humano. É o caminho por onde as crianças desfrutam da infância e seu direito ao brincar deve ser sempre garantido e realizado. Brincar é um termo genérico que agrupa uma série de atividades e comportamentos que satisfazem a criatividade e são a maneira da criança se expressar e se organizar.

Para Vygotsky (1987) o brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.


Para a organização Play England brincar é “o que as crianças fazem quando seguem suas próprias idéias e interesses, do jeito deles e pelas razões deles”. Também descrevem o brincar como “o que as crianças fazem quando não é dito a elas o que elas devem fazer”.

Brincar é um processo psicológico, que possibilita o desenvolvimento e aprendizagem. Através da abstração da brincadeira a criança processa o que já foi aprendido e aquilo que é novo, juntando experiências, memórias e a imaginação. É brincando que a criança desenvolve novos significados e transforma conceitos já obtidos, o que é essencial para o desenvolvimento infantil. 

O ato de brincar não está relacionado a ter brinquedos ou ter que ganhar novos brinquedos todo o tempo. É possível se divertir, e muito, criando os próprios brinquedos, imaginando, utilizando o espaço externo, explorando a natureza, a cidade e aprendendo, desta forma a não ser refém de suportes externos, neste caso um brinquedo novo, para a satisfação pessoal.

O que a criança ganha ao brincar?

Ao brincar, a criança se descobre e descobre o mundo ao seu redor. Através das experiências que vivencia ao explorar objetos, o ambiente, os sons, os cheiros, as cores, os sabores, o próprio corpo, a criança vai criando um elaborado emaranhado de descobertas, onde pode analisar, testar hipóteses, avaliar, etc. Ao brincar, a criança vai descortinando novas possibilidades e novas formas de fazer, ser, experimentar. 

É através da brincadeira também que a criança compreende as dinâmicas sociais. Nas brincadeiras de faz de conta, onde brinca de ser mãe, pai, médico, bombeiro, a criança compreende o que é “ser” ou “estar” nestas funções e isto a prepara para a entrada na vida adulta.

Muitas vezes, são nestas brincadeiras, experimentando diferentes papéis sociais que a criança pode desabrochar aptidões, que futuramente podem guiá-la em suas escolhas futuras, como por exemplo, na escolha de uma profissão. Numa simples brincadeira em grupo, por exemplo, além do convívio social, as crianças tem a oportunidade de internalizar dinâmicas complexas que a preparam para a vida adulta, como por exemplo:


 Resolver conflitos e enfrentar desafios;

Compreender e respeitar regras;

Conhecer seus próprios limites;

Experimentar situações diversas: agradáveis e desagradáveis, favoráveis e desfavoráveis;

Construção de vínculos afetivos

Cooperação;

Liderança;

Competição;

 Além disso, quando brinca, as crianças têm a oportunidade de desenvolver:

a linguagem;

o pensamento;

a criatividade;

 a socialização;

a iniciativa;

a autoestima;

 

O adoecimento psíquico de crianças por uso de telas


O fenômeno necessita de atenção da sociedade, principalmente pós pandemia quando a utilização de telas aumentou devido o isolamento social. Atualmente com a modificação da forma de utilização das mídias digitais celulares, tablets e outros dispositivos que cabem na palma da mão, modificaram nossa forma de comunicação e de existência no mundo. Na falta desses dispositivos podemos inclusive desenvolver uma condição chamada no-mobile, onde a pessoa possui crises de ansiedade frente a falta do dispositivo sendo necessário que se busque imediatamente o aparelho para que se tenha a redução do sofrimento. Hoje vamos tratar dos problemas descrito na literatura sobre o excesso de uso ao longo do tempo, que atualmente se tornou um comportamento social.

O tempo de tela é entendido como o tempo total pelo qual a criança faz uso das telas. O tempo de uso superior ao tempo recomendado que de acordo com a American Academy of Pediatrics (AAP), seria por volta de duas horas por dia. Além disso, o conteúdo deve ser criteriosamente escolhido pelos pais, visto que a internet possui muitos conteúdos não educativo e que não estão adequado a faixa etária. O aumento de tela aumentou na sociedade visto que os diversos ambientes atualmente expõe as crianças a multitelas, com muita informação e estímulos. Assim o tempo de exposição à tela é considerado um fator de risco para a saúde da criança.
O uso de telas pode gerar vulnerabilidades para algumas doenças, tais como: obesidade infantil, hipertensão, ansiedade, depressão, bem como diminuição das relações sociais e afetivas, tão importantes para a criança e adolescente. O tempo de exposição também facilita o uso de conteúdos impróprios e hoje já se associa a atrasos nos domínios da linguagem e desenvolvimento motor fino. As crianças do mundo contemporâneo são considerados nativos digitais e ficam imersos nessa condição cada vez mais cedo. Sabemos que os avanços tecnológicos são favoráveis a humanidade quando utilizados de forma correta. A forma de viver e se comunicar se condicionou ao uso da tecnologia que tem no recurso visual e auditivo, presentes nas telas um atrativo para as crianças e adolescentes. Mas atualmente até os adultos estão imerso nessa cultura.

Principais problemas que a criança e o adolescente podem ter pelo excesso do uso de telas:
Alterações no comportamento alimentar;
Distúrbios alimentares com Ganho ou perda de peso;
Sedentarismo e diminuição de prática de atividades físicas importantes para o desenvolvimento;
Distúrbios do sono;
Dificuldades de interação social e familiar;
Diminuição do rendimento escolar;
Dificuldade de aprendizagem;
Diminuição da auto estima;
Ansiedade, depressão e agressividade;
Alteração severa no comportamento.
Dependência Digital e Uso Problemático das Mídias Interativas;
Transtornos do déficit de atenção e hiperatividade;
Bullying & cyberbullying;
Riscos da sexualidade, nudez, sexting, extorsão, abuso sexual, estupro virtual;
Aumento da violência, abusos e fatalidades;
Problemas visuais diversos e síndrome visual do computador;
Problemas auditivos, diminuição auditiva pelo uso de fones e alta frequência sonora;
Transtornos posturais e musculoesqueléticos;
Aumento do comportamento de automutilação e suicídio;
Aumento do uso de álcool e outras drogas no adolescente.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) já se pronunciou pedindo atenção dos profissionais de saúde para o problema. Informa que a sociedade precisa discutir a temática. Os riscos envolvem o desenvolvimento de transtornos psíquicos e problemas comportamentais, sendo abordado no novo CID-11 como dependência digital. A SBP cria um manual de orientações que vamos destacar para melhor compreensão:

Evitar exposição a telas por crianças com menos de 2 anos mesmo que passivamente;
Limitar o tempo de uso de tela em no máximo de 1 hora por dia para crianças entre 1 ano 5 anos de idade;
Limitar o tempo de uso de tela em no máximo 2 horas por dia para crianças entre 6 e 10 anos de idade;
Limitar o tempo de tela e jogos de videogame em no máximo três horas por dia com supervisão. Não sendo possível “virar a noite” jogando para adolescentes entre 11 e 18 anos;
Para todas as idades não é recomendado o uso de telas durante as refeições e não utilizar antes de dormir, sendo necessário desconectar duas horas antes do sono;
Oferecer atividades de utilização do corpo, podendo ser atividades esportivas ou recreativas, ao ar livre com contato direto com a natureza e outras crianças ou adolescentes;

Os estudos mostram que os jogos podem ser educativos, mas também podem gerar agressividade e intolerância da criança e do adolescente com outras pessoas, por isso devem ser melhor avaliado pelos responsáveis. Por isso devemos orientar os país e responsáveis sobre a alfabetização midiática e realizar a mediação parental para capacitar as famílias, escolas e comunidade sobre o uso ético e seguro da internet, levando a uma construção saudável do uso. As famílias devem observar as classificações indicativas.

Podemos enquanto profissionais orientar a criança, o adolescente e a família, mas antes de tudo é necessário acolher a todos e construir um projeto terapêutico singular voltado a subjetividade dos problemas. Dessa forma, o cuidado se faz de maneira mais humana e compreendendo o nível de saber sobre o assunto que a família possui. É importante que o profissional oriente a família a não buscar medidas de violência na tentativa de evitar o uso, nos casos graves de dependência. Para isso, deve haver um projeto que envolvam os diversos atores que podem compor o processo terapêutico.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

A polêmica por trás da estética que faz camiseta do Brasil de tendência


Nas últimas semanas, vídeos sobre a brazilcore, brazilian aesthetic ou estética brasileira inundaram as redes sociais, especialmente no TikTok, com uma série de produções e roupas nas cores verde e amarela, que remetem à bandeira do Brasil. Essa movimentação começou depois que várias fashionistas europeias se apropriaram e reproduziram o estilo tradicionalmente usado na periferia e, majoritariamente, discriminado por uma sociedade racista e elitista que, inclusive, sempre marginalizou essa galera. 

A moda da periferia como precursora de tendências: 
Apesar de ser precursora de muitas febres que consumimos hoje, como aquelas que fazem referências aos anos 2000, mais conhecidas como Y2K, o surgimento de novas tendências nunca é direcionado para as periferias. Quando isso acontece, é sempre em uma posição subalterna, vista como inferior e feia, pelo menos quando se tratam de corpos racializados e periféricos vestindo. Mas, do contrário, é lindo e maravilhoso, como as tranças em pessoas brancas.

Esse comportamento também se reflete em quem produz conteúdos e escreve sobre moda através de uma perspectiva elitizada e excludente. Em março desde ano, por exemplo, para onde estavam voltados os olhos de quem consome notícias de moda quando a marca Piña, do estilista carioca Abacaxi, fez um desfile nas ruas de Madureira, com peças cheias de recortes cut-out, amarrações, transparência e combinações de cores como verde e amarelo e azul e branco e, claro, a bandeira do Brasil?

Para a historiadora e comunicadora Giovanna Heliodoro, “brazilcore” é o nome dado para uma estética que, mais uma vez, surge nas favelas. “[Essa tendência] só passa a ser reconhecida quando as pessoas brancas e ou da ‘elite da moda’ passam a utilizá-la. Não é de hoje que, entre becos e vielas, vejo muitos jovens usando camisetas do Brasil ou de outros times esportivos do mundo afora. Infelizmente, quando os nossos usam é feio, brega e démodé, mas precisamos reconhecer que, dentro da favela, surgem muitas tendências que nem sequer são reconhecidas como moda”, opina Giovanna em comentário em publicação no Instagram. 

“Historicamente dizendo, isso não é nada recente, mas por [2022] ser um ano de Copa do Mundo e de eleições, o assunto se tornou mais potente lá no Twitter. Só que é importante lembrar que a bandeira do Brasil não é partidária; é um bem coletivo que foi tomado pela direita e nós precisamos nos reaproveitar disso”, finaliza. Como afirma o idealizador da Piña, quem foi que disse que a bandeira do Brasil não é nossa? 

Despolitizando e ressignificando as cores do Brasil:
Em um cenário político nacional em que, nos últimos quatro anos, a bandeira e camiseta do Brasil foram tomados pela direita, despolitizar e ressignificar as cores da bandeira brasileira é, sim, um ato urgente e revolucionário.

Para o rapper Djonga, que já usou a camiseta da seleção brasileira em seus shows em posição contrária ao atual governo, despolitizar o que foi politizado também é revolucionário. Durante uma apresentação no Mineirão, em abril deste ano, o cantor disse que “eles se apropriam do tema, do nosso hino, de tudo”, mas reforça que “tudo é nosso e nada deles”.

A cantora Anitta também deu um novo sentido para as cores da bandeira em sua apresentação no Rock in Rio Lisboa, mas, neste caso, ela quis representar a cultura do funk e da periferia brasileira nos palcos europeus.

Justiça determina que dívidas não prescrevem após 5 anos


Os cidadãos inadimplentes podem ser cobrados por uma dívida depois de cinco anos, segundo decisão da 17ª Câmara de Direito do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). A cobrança poderá ser feita de forma administrativa e amigável, sem ação judicial, e o nome do devedor poderá figurar nos cadastros de proteção ao crédito.

Decisão
A decisão foi tomada em processo aberto em julho de 2021, no qual uma consumidora pedia que fosse respeitado o prazo de prescrição da dívida, de até cinco anos, conforme o artigo 206 do Código Civil, além da retirada de seu nome dos cadastros de inadimplentes.

Em primeira instância, o tribunal deu ganho de causa à cidadã, mas a empresa recorreu e a Justiça decidiu que a dívida não deixa de existir e pode, sim, ser cobrada, desde que não constranja o devedor.
A trabalhadora foi à Justiça contra uma empresa de cobrança que representava uma grande rede de lojas de varejo e estava cobrando uma dívida de 2013, no valor de R$ 432,43. Os advogados da consumidora alegaram, em seus argumentos, que a prescrição da dívida havia ocorrido em 2018 e, por isso, a cobrança não poderia mais ser feita.

Na ação, o pedido era para que se cancelasse a dívida, além de obrigar a empresa a retirar seu nome dos cadastros de devedores. A cidadã também pedia dano moral pelas ligações de cobrança. Na primeira instância, o juiz atendeu parcialmente os pedidos, negando o dano moral.

No recurso, no entanto, houve ganho de causa para a empresa, com entendimento de que o Código Civil não determina a inexistência da dívida, mas apenas trata sobre a cobrança. Para o advogado Cauê Yaegashi, sócio-diretor da Eckermann Yaegashi Santos Sociedade de Advogados, que defendeu a empresa de cobrança, a decisão foi acertada.

Segundo o escritório, o Judiciário seguiu a tese de que não se pode determinar que uma dívida deixa de existir após determinado prazo, levando alguns consumidores a não pagar os valores no prazo, esperando apenas a data final para que o débito desapareça.

"Todo mundo pensa que 'caduca', e o 'caducar' seria se livrar da dívida. Mas isso não acontece, ela continua existindo. O credor só não pode mais utilizar o Poder Judiciário depois de cinco anos. Para nós, o objetivo foi atingido. O desembargador reconheceu a efetividade da lei", diz Yaegashi.

"A relação credor - devedor nunca vai deixar de existir, a não ser que a dívida seja paga ou que o credor perdoe", afirma o advogado. O advogado Ruslan Stuchi, especialista na área cível e sócio do Stuchi Advogados, também reconhece que as pessoas realmente têm esse entendimento de que a dívida some após cinco anos, o que não ocorre. "A dívida não deixa de existir e pode figurar nos órgãos de proteção ao crédito durante toda a vida, apontando a inadimplência", diz.

O tema, porém, é controverso. Embora existam decisões defendendo que não há prazo para o débito deixar de existir, há muitas outras que garantem ao consumidor o direito de seu nome ser retirado dos cadastros de inadimplentes.

FUJA DA INADIMPLÊNCIA
1. FAÇA AS CONTAS PARA ENTENDER SUAS DÍVIDAS

Faça uma lista de todas as contas e parcelas atrasadas, com os respectivos valores. Coloque no topo da lista aquelas que você precisa quitar primeiro, porque são essenciais, como contas de água e luz, por exemplo, ou porque custam mais, como cartão de crédito e cheque especial
Depois, é preciso saber quanto terá disponível em cada mês para pagar os atrasados, considerando as demais despesas que você já possui
2. NEGOCIE COM OS CREDORES

Procure as empresas para as quais deve e tente negociar. Não aceite a primeira proposta, mas entenda como está sendo a negociação: Qual o percentual de desconto sobre o total da dívida? Se pagar à vista, há desconto maior? Se parcelar, quantos são os juros?
Defina um objetivo, o valor que poderá dispor e faça contrapostas
Se ainda ficarem dúvidas, peça que a proposta de negociação seja feita por escrito. Vá para casa, converse com a família e volte depois para bater o martelo e assinar o contrato de renegociação
3. ORGANIZE-SE PARA NÃO CONTINUAR DEVENDO

Ao fechar o acordo, saiba que é preciso cumpri-lo até o final, portanto, negocie apenas valores que pode pagar com a renda que já tem
Para garantir que não tenha mais dívidas negativadas em seu nome, aposte no planejamento financeiro, equilibre seus ganhos e gastos mensais. Faça uma planilha e envolva toda a família nesse controle e no esforço para economizar. (CRISTIANE GERCINA/Folhapress)
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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Evangélicos têm engajamento maior que eleitores católicos, diz especialista

Em entrevista à CNN neste domingo (21), Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, disse que os eleitores evangélicos têm uma característica muito específica nas eleições, que é um grau de engajamento maior do que eleitores de outras denominações religiosas.

“Os evangélicos têm uma capacidade de engajamento e amarração dos votos muito maior do que os eleitores católicos. O que a gente tem visto são lideranças religiosas mais engajadas em recomendação para seus fiéis”, disse.

Segundo ele, enquanto 18% dos católicos recebem algum tipo de orientação de votos nas igrejas ou templos, o número entre os evangélicos é de 28%. “Ou seja, os evangélicos discutem mais política dentro da igreja do que os católicos”, disse.

Meirelles avalia que “a vantagem do ex-presidente Lula em relação ao presidente Jair Bolsonaro em intenções de votos entre os católicos, é maior do que a do Bolsonaro frente ao Lula entre os evangélicos. E os católicos representam uma parcela maior da sociedade brasileira do que os evangélicos”.

“Então, essa tentativa da campanha de Lula para essa parcela do eleitorado é ter uma mensagem clara de respeito à crença e a fé desses eleitores [evangélicos]”, disse.

A campanha do ex-presidente Lula apresentou uma petição ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no sábado (20) em que pede à Corte a inclusão de novos endereços de redes sociais pertencentes ao candidato, todos direcionados ao ao eleitor evangélico. A informação foi revelada pelo jornal “Folha de S.Paulo” e confirmada pela CNN.

Quando questionado sobre se o tempo de campanha eleitoral na TV aberta pode influenciar os resultados das pesquisas, o presidente do Instituto Locomotiva diz que a maior parcela do eleitorado que já decidiu os votos se informada pelas redes sociais.

No entanto, “quando olhamos o eleitor que não declara voto nem em Lula e nem em Bolsonaro, são eleitores que se informam, majoritariamente, pela televisão”, afirmou.

Meirelles destaca ainda o papel da imprensa profissional no combate às notícias falsas.

“A busca pela verdade nunca foi tão importante para a garantia da democracia. As fake news terão uma importância na influência dos votos e a única forma de corresponder a isso é deixar a opinião pública bastante atenta”, disse.

(Publicado por Ingrid Oliveira)

Fernando Molica: Voto evangélico reflete desconfiança em relação ao Estado


Mais do que sintoma exacerbado da fé no sobrenatural, o voto por influência religiosa revela falta de confiança nos poderes constituídos na Terra e, no caso brasileiro, também dá pistas sobre caminhos espirituais e profissionais traçados por uma parte da sociedade que sempre se soube desprezada.

A concessão, por parte de Jair Bolsonaro (PL), de muitos favores a igrejas evangélicas ajuda a entender o engajamento de seus líderes na campanha de reeleição do presidente, mas não permite explicar o que faz com que milhões e milhões de pessoas sigam a orientação eleitoral de seus pastores.

Estes fiéis são trabalhadores, não foram contemplados com isenções fiscais, não intermediaram obras e serviços, não tentaram vender vacinas, não ganharam gabinetes informais no Ministério da Educação — mas, segundo o Datafolha, 49% deles estão com Bolsonaro, contra 32% que pretendem votar no ex-presidente Lula (PT).

Setores mais ortodoxos presentes na esquerda e na direita tendem a ver evangélicos como invasores, penetras em uma festa para a qual não haviam sido convidados. Esta atitude que apenas reforça o sentimento de exclusão compartilhado por esses fiéis, que durante séculos foram vítimas de preconceito por parte da hegemonia católica. Uma discriminação que fortaleceu os laços entre protestantes e até hoje gera entre eles uma desconfiança em relação aos que não professam a mesma fé.

Nos últimos 60 anos, o processo de urbanização explodiu: em 1960, 44% dos brasileiros viviam em cidades, percentual que pulou para 84% em 2010. Em busca de uma vida melhor, dezenas de milhões de pessoas deixaram o campo e seus laços familiares e passaram a inchar favelas e periferias de centros urbanos.

Desenraizados, expostos a uma modernidade agressiva, que questiona quase todos os seus valores, vítimas de um Estado que lhes nega direitos básicos, muitos desses migrantes encontraram em igrejas evangélicas espaços de solidariedade, de reafirmação de princípios e, mesmo, de reestruturação familiar. Não se pode desprezar o efeito positivo em uma família quando um dos de seus integrantes, geralmente o homem, deixa de beber.

Diferentemente da grande maioria dos templos católicos, muitas das igrejas evangélicas são simples, estão na dimensão dos fiéis, e conservam as portas abertas durante quase todo o dia.

Ao ser chamado de irmão, aquele homem ou aquela mulher ganha novos parentes e se reinsere em uma família que, como a original, cultiva valores rejeitados pelos que não “aceitaram” Jesus, aqueles que os olham do alto, que os ironizam e ridicularizam.

A atitude de pentecostais de atribuir males a poderes externos facilita a integração a uma nova vida: a culpa das mazelas não é do filho que usa drogas, da filha que engravida ainda adolescente, do marido que não arruma emprego, do governo que não entrega escola ou hospitais. A culpa é do demônio — a prioridade, portanto, é derrotá-lo. A explicação é precária, mas tem o poder de apontar algum caminho.

Mas além da dimensão comunitária, o evangélico tende a trabalhar com o crescimento individual; longe de ser pecado, enriquecer é uma benção divina. Uma lógica que se encaixa de maneira quase perfeita em sociedades que, nas últimas décadas, diminuíram salários e empregos, enfraqueceram os vínculos e benefícios trabalhistas e que, até pela influência das novas tecnologias, incentivaram a atividade solitária — o “se vira aí”.

Até por falta de alternativas, muitos e muitos jovens pobres se converteram a uma ideia de empreendedorismo, ainda que esta iniciativa esteja precariamente equilibrada nas rodas de bicicletas e motos usadas para entregas. O mecanismo de ascensão individual incentivado pelas igrejas promete entregar o que o Estado negou: emprego, habitação, saúde, segurança, bem-estar; vitórias particulares, como as tantas narradas em parábolas bíblicas.

Impulsionados, desde os anos 1980, pelos ventos que sopravam da chamada ala progressista da Igreja Católica, Lula e o PT demonstram alguma dificuldade de entender que, cansada de enfrentar tantos perrengues e barreiras, boa parte da população mais pobre trocou o sonho da carteira assinada pelo objetivo, ainda que incerto e duvidoso, de criar uma saída individual.

Nesta luta, as promessas da Teologia da Prosperidade cultivadas em milhares de igrejas pulverizadas parecem fazer mais sentido que o paraíso coletivista e centralizador da Teologia da Libertação.

Candidata do Pará diz ter sido intimada pelo TRE por foto com turbante


A candidata a deputada estadual pelo PSOL, Lívia Noronha, diz ter sido intimada, na última terça-feira (16), pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará por utilizar um turbante na foto que irá aparecer nas urnas. Na intimação, o órgão eleitoral não aponta o motivo da irregularidade da imagem enviada no registro de candidatura.

A decisão expedida pelo juiz Diogo Seixas Condurú se baseia no art. 27, II, d, da Resolução TSE n 23.609/2019, em que a fotografia da candidatura deve possuir características de imagem “frontal (busto), com trajes adequados para fotografia oficial, assegurada a utilização de indumentária e pintura corporal étnicas ou religiosas, bem como de acessórios necessários à pessoa com deficiência; vedada a utilização de elementos cênicos e de outros adornos, especialmente os que tenham conotação de propaganda eleitoral ou que induzam ou dificultem o reconhecimento do candidato pelo eleitorado.”

Lívia, no entanto, entende que a intimação é fruto do racismo estrutural presente nas eleições. Os advogados da candidata afirmam que além da intimação que indica inconsistência na fotografia, esclarecimentos deveriam ser feitos em relação ao uso do turbante. Em nota enviada ao TRE-PA, a defesa ainda pontuou que “a foto com o Turbante traz a identidade da candidata perante seus eleitores, bem como a ressignificação do ato de manifestação política, resistência, cultura, afronta e reconhecimento(…). O turbante não pode ser considerado mero acessório ou enfeite de moda.”
Em nota, o TRE-PA afirma que a contestação em relação à imagem da candidata “ocorreu por estar em desconformidade com o parâmetro de enquadramento estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral. A regra determina que a fotografia seja, dentre outras especificações, em enquadramento frontal (busto).” Ainda disseram que a candidata reenviou a foto, com os devidos ajustes, mas que, assim como todos os outros registros de candidatura, o processo seguirá para julgamento.

Militares querem autoridades longe de atos políticos no 7 de setembro no RJ


Os militares acertam os últimos detalhes dos preparativos para o desfile de 7 de Setembro na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro. A CNN apurou que os organizadores querem o palanque com as autoridades mais distante dos atos políticos.

Por isso, a ideia que está sendo estudada é colocar a área reservada às autoridades mais próxima do Forte de Copacabana e distante dos atos pró-Bolsonaro que se concentram em frente ao hotel Copacabana Palace.

De acordo com relatos feitos à CNN, a sugestão de distanciamento foi feita pelo Comando Militar do Leste do Exército Brasileiro. Os militares estão preocupados em misturar as comemorações do Bicentenário da Independência com o ato político que está sendo convocado pelo presidente na orla de Copacabana.

Além disso, integrantes do comando militar avaliam que a área das autoridades próxima do Forte de Copacabana melhora a logística de segurança para o acesso, mantendo a área mais segura.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), declarou, na última quarta-feira (17), que o Comando Militar do Leste do Exército Brasileiro informou que não fará desfile militar na avenida Presidente Vargas, na região central, e nem na praia de Copacabana, na zona sul, durante as comemorações do Bicentenário da Independência.

No lugar serão realizadas apresentações na avenida Atlântica, próximo ao Forte de Copacabana, da Força Aérea Brasileira e da Marinha, sem a montagem de arquibancadas ou interferência nas pistas da avenida.

A CNN apurou que o Comando Militar do Leste avalia também uma apresentação de paraquedistas no local. Normalmente, essas apresentações são feitas no período da manhã, mas, neste 7 de Setembro, excepcionalmente, será realizada no período da tarde, para agradar o mandatário e coincidir com o ato convocado por Bolsonaro na orla de Copacabana.

domingo, 21 de agosto de 2022

Menores de 14 anos são maiores vítimas de estupro no Brasil


Na última década, mais de meio milhão de pessoas foram vítimas de estupro no Brasil. Somente no ano passado, foram mais de 66 mil casos, segundo dados do Anuário de Segurança Pública de 2022, divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) nesta terça-feira (28/06). 

As estatísticas confirmam o machismo arraigado na sociedade brasileira – a grande maioria das vítimas que notificaram o crime em 2021 (mais de 52 mil) eram mulheres – e revelam ainda um traço cruel e chocante: mais de 70% (37 mil) delas estavam na categoria vulnerável, que abrange pessoas consideradas incapazes de consentir o ato sexual e que inclui menores de 14 anos.

Das vítimas de estupro no Brasil em 2021, 61,2% tinham de 0 a 13 anos, sendo que nove em cada dez vítimas tinham no máximo 29 anos de idade quando sofreram a violência sexual.

As estatísticas também mostram como a violência sexual e doméstica faz parte do cotidiano do país: no caso do estupro de vulneráveis, quase 80% deles foram cometidos por conhecidos das crianças (pais, padrastos, avôs, irmãos, amigos e vizinhos).

Dois casos recentes chocaram o país e recolocaram a gravidade do problema na agenda. Uma menina de 10 anos foi estuprada e impedida de fazer o aborto legal, em Santa Catarina. Além de ter o procedimento inicialmente negado pelo sistema de saúde, a despeito de ser legal neste caso, a menina foi mantida num abrigo para evitar o aborto, numa violação cometida pelo Judiciário. Após uma recomendação do Ministério Público Federal ao Hospital Universitário de Florianópolis, a menina, agora com 11 anos, conseguiu realizar o aborto, já caminhando para a 29ª semana de gestação.

O outro caso foi da atriz Klara Castanho, de 21 anos, que foi estuprada, descobriu a gestação tardiamente e decidiu dar o bebê à adoção, o que também é uma atitude legal. Assim como a menina de Santa Catarina, a atriz foi vítima de sucessivas violências após o crime do estupro. Dados do prontuário médico de Klara vazaram, ela foi constrangida e ameaçada por uma enfermeira, e o sigilo profissional foi ignorando, expondo a privacidade da jovem, que se sentiu obrigada a publicar uma carta pública revelando o estupro.

"Estamos enxugando gelo"
"Se é preponderante o estupro de meninas, temos que falar de educação e prevenção. É muito importante que a nossa sociedade comece a enxergar que no Brasil essa violência é maior contra crianças e adolescentes do que contra mulheres. Logicamente, quando nos aprofundamos nesta questão da violência sexual, sabemos que a violência contra a mulher decorre desta violência contra as meninas", afirma Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta e professora de direito constitucional da PUC-SP.

O Instituto Liberta, criado com objetivo de combater a exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil, lançou a campanha "Agora você sabe" para divulgar informações sobre essas dramáticas estatísticas da violência sexual no país, conscientizar a sociedade e estimular que as vítimas denunciem os casos.

Há pelo menos cinco anos envolvida em pesquisas sobre o tema, Luciana Temer diz ter a sensação de que o Brasil enxuga gelo. "Estamos cuidando dos sintomas, mas não da causa. A causa está ali embaixo, na educação que se dá no Brasil aos meninos e meninas."

Constituição e normas robustas deveriam proteger crianças e mulheres
Para Ana Cifali, coordenadora jurídica do Instituto Alana, que promove o direito integral da criança, os dois casos recentes devem ser enxergados também como exemplos de violação à Constituição, ao Código Penal, à Lei da Escuta Especializada, "além de tantas outras normais legais e convenções internacionais" que foram desrespeitadas. A menina estuprada em Santa Catarina, segundo Cifali, teve tratamento desumano e degradante por parte das instituições e seu direito à saúde não foi assegurado.

"Sexo ou ato sexual com menor de 14 anos é sempre crime, mesmo se for consentido. É sempre estupro", explica a coordenadora jurídica, salientando que o estupro de vulnerável está previsto no artigo 217 do Código Penal. Desde 2009, o estupro de vulnerável é definido como "ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos", sendo a pena reclusão de 8 a 15 anos.

A coordenadora do Instituto Alana acrescenta que o artigo 128 do Código Penal é explícito sobre a legalidade do aborto em caso de gravidez por estupro e risco de vida – o que é preponderante na infância e adolescência – e explica que não se determina período de gestação, podendo o aborto ser feito a qualquer momento, ainda que quanto mais cedo menor o risco para a menina. "Gravidez na infância e adolescência gera risco de vida", enfatiza.

Um levantamento feito pela Folha de S.Paulo, com dados de atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) de 2021, mostrou que para cada aborto legal em meninas de 10 a 14 anos, o SUS faz 11 atendimentos de emergência por abortos espontâneos ou complicações decorrentes de abortos provocados iniciados fora do ambiente hospitalar – ainda que a interrupção da gravidez seja permitida por lei.

Outro levantamento, feito pelo portal G1 com base na Lei de Acesso à Informação (LAI), revela o estigma do aborto, ainda que nos casos legais, previstos em lei: quase 40% das mulheres que fizeram um aborto legal entre janeiro de 2021 e fevereiro optaram por recorrer à prática em municípios afastados do local em que residem.

"A criança não pode ser revitimizada"
A Constituição Federal de 1988, explica Cifali, fez a opção de dar prioridade absoluta a crianças e adolescentes, ainda que essa não seja a realidade atual do país. "Colocamos a criança em primeiro lugar nas políticas públicas e no orçamento", afirma a coordenadora do Instituto Alana.

Para Cifali, os casos recentes do estupro da menina de 10 anos e da atriz Klara Kastanho comprovam que a sociedade brasileira tem pouco ou nenhum conhecimento das normas legais que protegem as crianças e mulheres.

Ela cita, por exemplo, a Lei da Escuta Especializada, de abril de 2017, que acrescentou ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) a necessidade de o poder público implementar procedimentos de entrevista especializados para situação de violência com criança ou adolescente, capacitando servidores públicos, do Executivo e Judiciário, para que os direitos sejam observados e as vítimas não sejam submetidas a constrangimentos e prejulgamentos.

"A criança não pode ser revitimizada. A Lei da Escuta Especializada existe para que não se somem novas violências, como perguntas sobre o ocorrido que podem gerar constrangimento, perguntas feitas por profissionais não especializados podem agravar a situação da vítima, deixando ainda mais traumas. O que a gente viu com esses casos recentes provavelmente foi só a ponta do iceberg. Temos muito a caminhar", considera.

Há muita desinformação sobre direitos de gestantes (como a entrega do bebê para adoção, o que ocorreu no caso da atriz), das mulheres vítimas de violência sexual, e das meninas, enfatiza Cifali.

"Tudo isso mostra uma cultura arraigada de machismo, de violência autoritária contra a mulher, que entende que a mulher e a menina não têm direito a seu corpo. Mostra como ainda estamos sujeitas a esse juízo público, como a sociedade acha que mulheres podem ser julgadas em praça pública por qualquer decisão que tomem."

Exemplo de educação sexual no Reino Unido
Mais de 100 instituições, incluindo o Instituto Alana, lançaram recentemente a Agenda 227, numa referência ao artigo da Constituição de mesmo número que prevê prioridade absoluta aos direitos das crianças e adolescentes no país.

O plano, com 148 propostas, foi montado por especialistas com base na legislação vigente e entregue aos candidatos à Presidência da República. Ele sugere a implementação urgente de medidas e políticas públicas a partir de janeiro de 2023.

Para Luciana Temer, educação é a palavra-chave, e as políticas públicas do país precisam ser feitas com base em evidências e experiências bem-sucedidas aqui e em outros lugares do mundo. Ela cita o Reino Unido, que há mais de 20 anos focou na educação sexual ao longo de todo o período escolar. O país conseguiu reduzir drasticamente as taxas de gravidez precoce na adolescência e de doenças sexualmente transmissíveis.

"Falar sobre sexualidade com as crianças nas escolas públicas e privadas não tem nenhum efeito de incentivo à sexualização precoce, como se tem dito aqui no Brasil, equivocadamente. Ao contrário. No Reino Unido as meninas começaram a ter relações sexuais mais tarde e muito mais saudáveis", aponta.

Uma luta de décadas
Fundadora do Comitê Latino-Americano e do Caribe Para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM) e ex-presidente do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, da Organização das Nações Unidas (CEDAW/ONU), a professora de direito Silva Pimentel é uma referência no Brasil, desde a década de 70, na luta feminista e por direitos das mulheres e meninas.

A gravidez na infância, sentencia a ativista, "está associada a práticas sociais nocivas, estereotipadas, discriminatórias, horríveis", e a única forma de eliminar o problema "reside na modificação de padrões de condutas de homens e mulheres para proteção dessas meninas, em especial no âmbito doméstico".

Na visão da especialista, a visibilidade destes casos recentes, que mobilizaram as redes sociais e a imprensa brasileira, é crucial no momento em que o país vai escolher um novo presidente e os novos representantes do Legislativo nacional.

Foi graças à Pimentel que a ONU introduziu em seus documentos o termo abuso sexual incestuoso. "A gravidez infantil na região latino-americana é fruto da violência sexual e estupro exercidos por integrantes da família", aponta.

Parafraseando a historiadora Michelle Perrot, Silvia Pimentel sustenta que "em muitas sociedades, a invisibilidade e violência de gênero contra mulheres e meninas fazem parte da ordem das coisas". "Isso coloca em termos históricos e antropológicos o lugar das mulheres no mundo e o quanto fomos consideradas cidadãs de segunda categoria, isso quando consideradas cidadãs."

Para a professora e ativista, as recomendações gerais da Cedaw/ONU nunca foram tão atuais e relevantes, considerando o que vem acontecendo no mundo, com destaque para os Estados Unidos (em relação aos direitos de aborto) e Brasil sob o governo do presidente Jair Bolsonaro. Em 2014, destaca ela, dois comitês da ONU, da Mulher e da Criança, aprovaram a Recomendação Geral 31, que aponta que  "as causas estáticas nocivas em relação a nossas meninas são multidimensionais, e entre elas cabe o papel estereotipado, a suposta inferioridade de um sexo, a tentativa de controle sobre os nossos corpos, as desigualdades sociais e prevalência de estruturas de poder dominadas pelo sexo masculino".

A educação das crianças, meninas e meninos, é fundamental para que, aptos, possam atuar como agentes da mudança, diz a ativista.

Brasil ocupa último lugar em educação, entre 63 países


Desde 1989 o International Institute for Management Development (IMD), sediado na Suíça, publica um ranking anual de competitividade. Para tal, o IMD World Competitiveness Center entrevista empresária/os, investidora/es e gerentes de 63 países sobre diversos critérios.

No relatório mais recente, a América Latina se saiu especialmente mal. Excetuado o Chile, todos os demais seis grandes Estados ocupam os últimos postos entre as economias examinadas. O Brasil está em 59º lugar; numa das rubricas – relativa à educação de crianças e adolescentes e à formação profissional – aparece até mesmo na última posição.

Isso é uma catástrofe que não se limita à miséria educacional sob Jair Bolsonaro. O governo do populista de direita não está interessado em melhorar o nível dos escolares e universitários brasileiros. Os sucessivos ministros da Educação – até agora quatro – são notórios principalmente por suas excentricidades e seu óbvio desconhecimento da área.

O ex-ministro Milton Ribeiro chegou a ser preso preventivamente por corrupção – e acabou solto no dia seguinte. Abraham Weintraub só se salvou do mesmo destino graças à transferência para o exterior, a serviço do Banco Mundial. Um ministro nomeado não pôde assumir por ter alegado ter um título de doutor que não possuía. O atual ministro, ninguém conhece.

Futuro sem capital humano
No entanto, as consequências da miséria educacional, que o IMD provou tão claramente agora, vão muito além da política insuficiente do governo no ensino: elas estão profundamente enraizadas na sociedade brasileira. Sejam ricos ou pobres, em todas as camadas do Brasil a educação é considerada secundária, algo mais ou menos supérfluo, que é nice to have.
Muitos pobres não entendem que a educação possa ser uma possibilidade de ascensão social, pois praticamente não conhecem ninguém que tenha conseguido. As escolas públicas são tão ruins que até mesmo os mais pobres, se podem, enviam seus filhos para as particulares. Mas os diplomas só valem no papel.

"No Brasil, a educação se resume a uma situação em que uns fingem que ensinam, outros fingem que aprendem, e tudo termina em diploma", disse recentemente o filósofo Eduardo Giannetti em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Grande parte dos jovens de classe média não possui a qualificação em matemática e português atestada em seu certificado de ensino médio, como têm mostrado repetidamente os estudos Pisa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne os países industrializados desenvolvidos. Muitos são lançados como analfabetos funcionais e sem domínio das operações aritméticas básicas no mundo do trabalho, onde são proporcionalmente mal pagos.

Contudo, muitos brasileiros de classe média a alta também pensam que, ao colocar seus filhos em escolas caras, já fizeram o suficiente por sua formação. Não se ensina a pensar, mas a aprender de cor. Um indício é que no Brasil não se leem nem presenteiam livros. Também nas casas dos que poderiam comprá-los, livros são artigo raro. Onde há aula de música na escola? Que crianças ou adolescentes já foram a um museu ou exposição?

Para o Brasil, esse último lugar em relação ao nível educacional da população é um mau presságio, pois compromete seu futuro. Giannetti explica: "Porque a formação de capital humano é o que define a vida de um país. Nenhum local prospera, encontra o seu melhor, se não der a cada cidadão a capacidade de desenvolver o seu potencial humano. E o Brasil está muito longe de alcançar essa realidade."

A isso, não há nada mais a acrescentar.

Há mais de 25 anos, o jornalista Alexander Busch é correspondente de América do Sul do grupo editorial Handelsblatt (que publica o semanário Wirtschaftswoche e o diário Handelsblatt) e do jornal Neue Zürcher Zeitung. Nascido em 1963, cresceu na Venezuela e estudou economia e política em Colônia e em Buenos Aires. Busch vive e trabalha em São Paulo e Salvador. É autor de vários livros sobre o Brasil.