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Bocão 64

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

'Ouvi muito que pobre não adianta estudar', diz estudante de Ribeirão Preto que ganhou bolsa para doutorado nos EUA

Do ensino público, Claudia Rodrigues Silveira foi uma das 12 pessoas selecionadas no mundo para fazer PhD na University of Central Florida, em Orlando. Família busca ajuda para custear passagens.

A estudante de matemática Claudia Rodrigues da Silveira, de Ribeirão Preto (SP), se prepara para dar um dos passos mais importantes da sua vida acadêmica. Ela foi uma das 12 pessoas no mundo selecionadas para uma bolsa de estudos de doutorado na University of Central Florida, em Orlando, uma das mais renomadas universidades dos EUA.

De origem humilde, Claudia sempre estudou em escola pública e conta que chegou a ser desacreditada por muita gente até chegar onde está hoje.

"Meu primeiro empecilho foi a desigualdade social. Eu ouvi muito que pobre não adianta estudar e nunca vai crescer, porque portas são fechadas quando a gente não tem dinheiro.

A educação não é acessível pra gente. Ouvi muita gente falando isso, vi muita gente desistindo de estudar. Foi ainda mais um gás de tentar mostrar que a gente, sim, pode estudar, a gente, sim, pode e tem o direito".
Claudia teve nos pais os maiores incentivadores. Eles mesmos não puderam estudar muito, mas não faltou estímulo para que a filha pudesse seguir os sonhos.

"A educação vem transformando a minha vida de forma bem intensa. Minha mãe é empregada doméstica e eu vejo ela com uma rotina pesadíssima e lutando para que eu possa estudar. Meu pai, nas férias, me levava na biblioteca Altino Arantes, aqui em Ribeirão Preto, e pegava emprestado um livro pra eu ler e eu sempre achei muito bonito esse ato de presentear e incentivar a leitura".

Trajetória
Claudia estudou em escola pública durante a vida inteira. Em certos, momentos, ela conta, chegou a ouvir que não deveria se dedicar tanto, pois não chegaria longe.

"Por vir de ensino básico público, já ouvi muita gente falando que eu sou pobre e não tem porque estudar, não vai mudar nada".

Antes de ser aprovada no curso de matemática na Universidade de São Paulo (USP) em 2014, a jovem fez cursinho popular com aulas dadas por voluntários a estudantes de baixa renda. Ela mal acreditou quando recebeu do irmão a notícia que tinha passado.

"Meu irmão me ligou e foi minha maior felicidade. Foi algo que, se não tivesse acontecido, provavelmente eu ia começar a trabalhar e desvirtuar totalmente do ensino".
De lá para cá, Claudia vem conquistando uma vitória atrás da outra. O diploma da universidade a levou a um mestrado no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), no Rio de Janeiro (RJ), uma das instituições referência no mundo.

Passo a passo, a estudante foi trilhando seu caminho até a maior conquista: o doutorado nos Estados Unidos, sonho de criança, como diz a mãe, Odésia Silveira.

"Deu até tremedeira quando ela falou que passou na prova pra estudar nos Estados Unidos, que é o sonho dela. A sensação é muito boa, queria falar para o mundo inteiro. Estou muito orgulhosa e muito preocupada, por conta da situação financeira".

Família sem recursos para passagens:

Empregada doméstica, Odésia está atualmente sem trabalho porque tem se dedicado a cuidar do marido, João Marinho da Silveira, diagnosticado com mal de Alzheimer.
Claudia compartilha a preocupação da mãe com as despesas iniciais da viagem. Embora vá estudar de graça, o custo com a passagem e a estadia inicial em Orlando são por conta dela.

"Meu pai tem Alzheimer, e minha mãe precisa estar em casa, porque meu pai demanda atenção 24 horas. Ela busca um emprego pra lavar e passar roupa em casa para conseguir cuidar do meu pai e gerar renda. Eu quero oferecer pra eles o melhor assim que eu puder. Eu quero que eles sejam muito felizes também". Apesar das dificuldades, a estudante sabe que a viagem vai ser apenas mais um obstáculo que vai ter de enfrentar.

"A Claudia criança era uma menina muito sonhadora, muito estudiosa, muito carinhosa e que gostava muito de estudar. A Claudia adulta é realizadora de sonhos e que sonha muito alto ainda, em busca de levar o nome do Brasil e da ciência mundo afora".

8 em cada 10 professores da rede pública relataram dificuldade em atender alunos com deficiência na pandemia, aponta pesquisa do Cetic


O atendimento aos alunos com deficiência foi uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos professores das redes de ensino pública e particular nos anos de pandemia, mostra levantamento do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). Os dados são referentes a 2021 e foram divulgados nesta terça-feira (12).

Segundo o levantamento, 80% dos professores de ensino fundamental e médio da rede pública (municipal, estadual e federal) relataram dificuldade em atender alunos com deficiência durante a pandemia. Na rede particular de ensino, o percentual foi de 60%.

O estudo foi feito com 1.865 professores de todo o país entre setembro de 2021 e maio de 2022.

Ana Maria Freire é coordenadora pedagógica do Colégio Escritor Monteiro Lobato, em Porto Alegre, e conta que precisaram de protocolos específicos para atender alunos com deficiência. Era preciso viabilizar o atendimento presencial de professores a alunos que precisavam.

"Nossos alunos tinham fácil acesso ao nosso sistema remoto, mas alguns têm sensibilidade à tela, outros têm limitação motora. Então era preciso aulas presenciais e isso demandava muitos cuidados, testes recorrentes e o auxílio dos pais", avalia.

A aluna Bruna Medeiros, de 18 anos, viveu o outro lado da experiência e conta que o despreparo dos professores para lecionar em uma situação de pandemia foi perceptível. Bruna é autista, diagnosticada há 3 anos, e teve dificuldade para concluir o ensino médio pela escola estadual em que estudou, em Resende, Rio de Janeiro.

"Na sala de aula já era difícil, porque os professores não sabem lidar [com pessoas autistas]. Mas no meu último ano, em 2021, senti que não tinha espaço para aprender, só para ganhar nota com as atividades para passar de ano", conta.
As dificuldades mais relatadas pelos professores ouvidos pelo levantamento foram falta de apoio de pais responsáveis nas atividades escolares, defasagem na aprendizagem dos alunos e falta de acesso à internet.

Uso de camisinha nas relações sexuais cai entre adolescentes, aponta IBGE


Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que caiu o uso da camisinha entre adolescentes nas relações sexuais nos últimos dez anos.
Segundo os dados divulgados, apenas 59% dos jovens entrevistados na edição de 2019 do levantamento "PeNSE" disseram ter usado camisinha na última relação sexual. Em 2009, esse percentual chegava a 72,5% .

Entre as meninas, a queda foi de 69,1% para 53,5% e, entre os meninos, de 74,1% para 62,8%. O levantamento comparou as respostas de estudantes no 9º ano do ensino fundamental (antiga 8ª série) em escolas públicas e privadas das capitais do Brasil.
Ao mesmo tempo, o percentual de adolescentes que disseram já ter tido relações sexuais passou de 27,9% em 2009 para 28,5% em 2019. Esse índice caiu para os meninos (de 40,2% para 34,6%) e cresceu para as meninas (de 16,9% para 22,6%).

Entre as capitais, o índice mais alto foi visto em Manaus (45%), e o mais baixo, em Curitiba (16%).

Em 2019, 51,5% dos alunos do 9º ano nas capitais que já tinham tido relações sexuais tiveram a primeira vez com 13 anos ou menos.
A pesquisa "PeNSE" já teve quatro edições: 2009, 2012, 2015 e 2019. O levantamento teve algumas variações de metodologia e amostra ao longo dos anos, mas, desta vez, o IBGE implementou estratégias que permitiram a combinação dos dados das quatro edições da pesquisa, segundo o instituto.

Insatisfação com o corpo e agressão
Também cresceu, na década analisada, o número de estudantes insatisfeitos com o próprio corpo: a proporção dos que se julgavam gordos ou muitos gordos foi de 17,5% para 23%, enquanto a dos que se consideravam magros ou muito magros foi de cerca de 22% para 29%.

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O percentual de adolescentes que sofreram agressão física por um adulto da família também aumentou: de 9,4%, em 2009 para 11,6% em 2012 e 16% em 2015.

Mais uso de drogas e álcool, com menos cigarros
A pesquisa também apontou que mais adolescentes passaram a experimentar álcool e drogas, mas menos consumiram cigarros:
A experimentação de bebida alcóolica cresceu de cerca de 53% em 2012 para 63% em 2019. O aumento foi mais intenso entre as meninas, que saíram de 55% em 2012 para 67% em 2019. Para os meninos, o indicador foi de 50% em 2012 para quase 59% em 2019.

Já para as drogas, a experimentação ou exposição ao uso subiu de 8% em 2009 para 12% em 2019.

O uso de cigarros ao menos em um ou dois dias nos 30 dias antes da pesquisa caiu de cerca de 17% em 2009 para 13% em 2019.

Rosa Weber vota para tornar deputado réu por forjar próprio atentado


A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou, nesta sexta-feira (5), para tornar o deputado federal Loester Carlos Gomes de Souza (PL-MS) réu pelos crimes de comunicação falsa de crime, porte ilegal de arma de fogo e disparo de arma de fogo.

O deputado, conhecido como Tio Trutis ou Loester Trutis, é acusado de ter fingido um atentado contra si próprio.

“Concluo, assim, que os argumentos trazidos pela defesa não são suficientes para, nessa fase procedimental, desqualificar a base empírica reunida no curso da investigação, a qual dá suporte aos enunciados fáticos formulados na tese acusatória. Não significa dizer que, uma vez submetidos à testagem aprofundada, em ambiente contraditório e com paridade de armas, não possam ser infirmadas pelos argumentos defensivos baseados nas provas a serem produzidas”, afirmou a ministra.

Relatora do processo, a ministra Rosa Weber argumentou que é preciso “ressaltar que a admissibilidade da denúncia não implica, sob qualquer aspecto, antecipação de juízo de valor a respeito da responsabilidade criminal dos denunciados, em benefício dos quais vigora a presunção de inocência”.

Segundo investigação da Polícia Federal, afirmaram que o deputado e seu assessor, Ciro Nogueira Fidelis, teriam mentido durante os depoimentos e que suas declarações não foram comprovadas.

“Não se verificou a existência de qualquer veículo automotor que pudesse estar realizando o acompanhamento do Deputado Federal e seu assessor, muito embora diversas imagens de câmeras de segurança, durante todo o percurso realizado, tenham sido analisadas”, afirmou a PF.

Além disso, segundo a investigação, “tanto o Deputado Federal quanto seu assessor, Ciro Fidelis, faltaram como a verdade durante os seus depoimentos. Deixaram de informar que saíram da rodovia BR 060 para duas estradas vicinais, onde inclusive chegaram a parar e desligar a ignição do veículo, tal como se pode verificar da análise dos dados do rastreador do veículo”.

Trutis alegou que teria sofrido uma tentativa de homicídio na BR-060, saída para Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul.
“Contrariedades e inconsistências da versão inicial dos fatos, assim como a exploração pública do episódio utilizando perfil em rede social mantida pelo parlamentar para a interlocução com seu eleitorado e com a comunidade em geral (@loestertrutisdep), levaram à suspeita de que o atentado contra a sua vida pudesse ter sido simulado com o escopo de capitalizar politicamente os acontecimentos pela “vítima”, fomentando pautas de interesse de seu mandato parlamentar”, disse a ministra.