Câmara Itabuna

Câmara de Ilhéus - Acompanha sessões remotas

Câmara de Ilhéus - Acompanha sessões remotas

Bocão 64

domingo, 22 de maio de 2022

Unicef vê com preocupação adoção de ensino domiciliar no Brasil

Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (19), Mônica Dias Pinto, chefe de Educação do Unicef no Brasil, afirmou que o órgão da ONU “vê com preocupação” o projeto de lei (PL) que foi aprovado na Câmara dos Deputados sobre autorização para “homeschooling”, o ensino domiciliar. O projeto agora segue para o Senado.

“A Constituição diz que educação é um direito de todos e um dever de família e Estado”, afirmou Mônica, complementando que “a escola é o local que, em parceria com a comunidade, tem a atribuição de educar as crianças para a vida em sociedade, preparação para o mundo do trabalho”.

Em outro momento da entrevista, a chefe de Educação do Unicef no Brasil, destacou também que a preocupação se deve porque “é a instituição escola que tem essa competência técnica, em diálogo com as famílias, para o desenvolvimento pleno, cognitivo, emocional das crianças e adolescente”.
Ela argumentou que há indicadores de perda de aprendizagem – mesmo com orientações de atividades pela maioria das instituições de ensino -, problemas com saúde mental, sofrimento e até violência doméstica durante o período da pandemia, no qual as atividades tiveram de ser realizadas de maneira remota.

Mônica disse ainda que houve temeridade (imprudência) com a demora para que todas as crianças voltassem às aulas presenciais, adicionando que “precisamos garantir que todas as crianças, de fato, permaneçam na escola”.

Durante a entrevista, ela também informou que o Unicef publicará uma nota técnica “estabelecendo essas informações que são essenciais para que a população e os legisladores façam uma reflexão responsável sobre o momento em que vivemos”.




Criança precisa de tanto brinquedo?


A brincadeira faz parte da infância. Ao brincar, as crianças aprendem a socializar e a se comunicar, além de valores muito importantes. A brincadeira, sobretudo, é uma verdadeira ponte entre a criança e o mundo que a cerca. Mas será que se precisa de tanto brinquedo para isso? É realmente necessário comprar o tempo todo novos bonecos, carrinhos, ferramentas – quase tudo de plástico – para se divertir? Não, pelo contrário! Criança precisa brincar muito, não de muitos brinquedos.

É claro, presentear às vezes uma criança pode ser, sim, um gesto bem carinhoso. Sem dúvida, esse momento pode gerar memórias afetivas e, pelo que eu me lembre da minha infância, muito especiais. Entretanto, o que quero dizer é que comprar ou ganhar não pode ser o mais importante. Apesar de poder ser muito divertido, o ritual de receber, desembrulhar e descobrir o que está dentro daquela caixa de presente não deve ser incentivado para a criança como mais especial do que o próprio brincar. E é justamente isso que a publicidade infantil faz.

E de onde saiu que é preciso consumir sem parar?

Vivemos, inegavelmente, em uma sociedade de hiperconsumo. Somos cercados de publicidade dizendo, o tempo todo, que precisamos consumir novos produtos e serviços para sermos felizes e realizados. E, apesar de poder ser eticamente questionável, essa prática não é errada de acordo com nossas leis. Mas, como se não bastasse reforçar para adultos essa ideologia consumista, parte da indústria ainda tenta passar isso para crianças.

Algumas empresas direcionam sua comunicação mercadológica diretamente para o público infantil – uma prática abusiva e, portanto, ilegal! Assim, são as próprias crianças que absorvem a ideia de que precisam, sim, consumir freneticamente todo produto e serviço que elas veem sendo anunciados. E é importante lembrar: crianças são hipervulneráveis e ainda não têm a capacidade de compreender o objetivo persuasivo da publicidade. Os pequenos e as pequenas, então, acabam acreditando que é necessário ter todos os brinquedos possíveis para poder se divertir.

E vale ressaltar que muitas crianças nem tem o privilégio de pensar isso. Não podemos esquecer que, no Brasil, em outubro de 2020, 14 milhões de famílias viviam na extrema pobreza. O brincar estritamente vinculado ao ato de consumir acaba se tornando mais uma ferramenta de distinção social, que agrava desigualdades.

Não, não é preciso de tanto brinquedo assim

A brincadeira é intrínseca à infância. Quem convive com crianças, decerto sabe que elas conseguem transformar qualquer coisa em diversão. Um galho seco que caiu de uma árvore pode ser uma poderosa varinha de condão. Assim como aquele lençol esticado, com algumas almofadas, se torna uma cabana no meio da floresta selvagem. Pedrinhas e sementes, dentro de um copo, viram um incrível instrumento musical. E por aí vai…

Crianças têm uma capacidade imaginativa ilimitada. Aliás, a partir dela, a brincadeira e o brincar livre se constroem naturalmente, se deixarmos. Sem distinções sociais, econômicas, de gênero ou regionalidade, o brincar é inegavelmente necessário à infância. De acordo com a psicóloga Susan Linn, “além do fato de serem alimentadas, terem uma casa e amor, não existe nada mais importante para a saúde de uma criança durante sua infância do que brincadeiras criativas”.

Então, ao contrário do que algumas empresas passam aos pequenos, não é preciso se encher de brinquedos para se divertir. Consumir e brincar não precisam – nem devem – andar necessariamente de mãos dadas.

Um brinquedo novo e diferente pode ser muito divertido e bem-vindo às vezes, é verdade. Entretanto, é preciso que outras formas de se relacionar com o brincar sejam estimuladas! É também na brincadeira com outras crianças, no recriar brinquedos a partir de objetos da casa e no incentivo à imaginação infantil, por exemplo, que a criança se desenvolve saudavelmente. Precisamos incentivar o brincar, não o comprar!

 

Por Giovana Ventura.


Como a publicidade infantil afeta mães?


Todo ano é, de fato, a mesma coisa. Chega perto de maio e as empresas têm muito a dizer sobre como é lindo e mágico ser mãe. Entretanto, algumas dessas mesmas companhias passam o ano todo interferindo na autonomia familiar ao direcionar anúncios às crianças. Contraditório, não? A publicidade infantil afeta mães direta e diariamente e, além de ser antiética, é uma prática ilegal.

Criar e educar uma pessoa é uma tarefa cheia de desafios. Famílias – principalmente mães, que carregam um peso socialmente imposto muito maior – não precisam de empresas dificultando suas vidas. Afinal, a publicidade infantil traz consequências para crianças e para todos ao seu redor, causando estresse familiar, superendividamento e tantos outros prejuízos.

E essa é uma estratégia planejada pelas empresas

Anunciantes que direcionam suas ações publicitárias de produtos e serviços diretamente para as crianças passam por cima da autonomia maternal. Ou seja, eles transmitem os valores que bem entendem (na maioria das vezes, extremamente consumistas) e estimulam desejos de consumo para os pequenos sem necessariamente ter a anuência dos responsáveis. Nesse sentido, quando visam apenas ao lucro, essas empresas acabam interferindo na relação entre mães e seus filhos e filhas.

E se engana quem pensa que não há intencionalidade em muitos desses processos: as crianças têm papel importante na escolha de consumo das famílias – e muitas empresas sabem disso. De acordo com o Instituto Locomotiva, 9 a cada 10 mães são influenciadas pelos seus filhos quando vão ao mercado, e há quem se valha – e incentive – o conhecido “fator amolação”. 

Quem convive com crianças certamente já se deparou com elas pedindo algo sobre o qual nunca tenhamos ouvido falar. Isso acontece uma vez que as companhias que conhecem essa força de persuasão cercam os pequenos de publicidade infantil por todos os lados – até em locais em que seus responsáveis não estão presentes, como em escolas e, principalmente, na Internet. No mundo digital, empresas e plataformas ainda exploram comercialmente as crianças de maneira velada, seja por conteúdos publicitários camuflados ou mesmo coletando e tratando dados pessoais infantis de forma ilegal. Tudo isso é um grande desrespeito às famílias!

Publicidade infantil afeta mães: então o que empresas deveriam fazer?

Uma solução simples e direta para esse problema é empresas direcionarem toda e qualquer publicidade a mães, pais e responsáveis. Afinal, não são eles que detêm o poder de compra das famílias? Além disso, apenas os adultos têm capacidade de compreender o caráter persuasivo da comunicação mercadológica.

Respeitar as leis e deixar de praticar publicidade infantil, como tantas empresas bem sucedidas já se comprometeram a fazer, é a única maneira de não interferir na dinâmica familiar e dificultar a já nada fácil tarefa das mães. Mais do que presentes, todas as mães merecem e precisam de respeito e paz – inclusive por parte do mercado.


Cultura consumista e depressão podem ser relacionadas já na infância


A cultura que estimula o consumo exagerado tem afetado crianças e adolescentes de formas diversas. Para entender a relação da cultura consumista e depressão na infância e juventude, o Criança e Consumo buscou a doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo e diretora do Instituto Gerar, Vera Iaconelli*, que atende jovens, adultos e famílias em sua clínica.

 Nesta entrevista, Iaconelli problematiza sobre a importância dos objetos para a formação da identidade e afirma a necessidade de orientar pais e mães neste contexto de cultura consumista e depressão.

 Criança e Consumo – Como essa sociedade consumista afeta a construção da subjetividade, principalmente de crianças?

Vera Iaconelli – Uma sociedade baseada no consumo como a nossa faz crer que o objeto consumido daria conta de satisfazer o desejo humano. A promessa da publicidade é que, ao adquirir esse ou aquele objeto, você alcançaria a satisfação. Como simplesmente não é possível, segue a promessa de que o próximo objeto o fará. E assim, sucessivamente, seguimos consumindo no autoengano de que o consumo aplacará nossa falta. Ter o último celular lançado no mercado torna-se imprescindível mas, passado um ano, esse já se tornou dispensável, até execrável.

Por outro lado, os objetos sempre agregaram valor aos sujeitos. Na lógica capitalista e consumista, os objetos adquiridos não só agregam valor social, como também são confundidos com a própria identidade do sujeito. Ou seja, você usa uma caneta para escrever, mas essa caneta precisa ter estampado um bonequinho da Disney ou marca reconhecida. Este algo a mais, desnecessário do ponto de vista prático, faz apelo a uma outra coisa: garantir que o sujeito, o proprietário, é “o cara”. O objeto está associado com quem é a pessoa. E esse é um outro grande perigo. Neste modelo, o que eu tenho diz quem eu sou. A humanidade sempre fez isso, sempre precisou se afirmar. Mas na sociedade do consumo, o sujeito é confundido com os objetos que tem. Eu não tenho objetos, eu sou alguém que tem objetos, eles dizem de mim.

CeC – Precisamos desvalorizar as coisas? Como seria isso? Explicar que um bonequinho de plástico não é nada além de um bonequinho de plástico?

VI – O ser humano sempre anseia, é um ser desejante e isso nos move. Um carro, a casa própria, casar, uma carreira, etc. Vamos desejando coisas. E vamos nos projetando e correndo atrás dessas coisas. Algumas dessas projeções vão ficando obsoletas, algumas conseguimos alcançar, outras não. O perigoso não é o desejo da criança pelo bonequinho de plástico. A gente que é mais velho consegue lembrar de objetos que almejávamos na infância. A gente sabe o significado desse desejo. O problema é que estamos em um período mais complicado. A criança mal deseja um objeto e já ganha. Às vezes os pais até antecipam esse desejo. Assim, ela não consegue formular o desejo, esperar seis meses, ganhar e brincar até estragar, para então, almejar outro objeto e fazer o luto do que estragou. Ou seja, fazer todo o processo de desejar, efetivamente conquistar e até perder.

CeC – Então é importante não atender a todos os desejos das crianças?

VI – Sim, claro. A função dos pais é ajudar a criança a lidar com seu corpo, seus impulsos, e a vida social. Quando a criança formula o desejo por X ou Y, ela vai descobrindo quem ela é também. Por exemplo, ela uma criança que prefere uma bola a uma boneca, ou roupas a um brinquedo. Isso fala um pouco dela. Mas se a criança é criada de forma que nunca tem tempo para esperar que algum desejo se formule, o risco é que ela demande furiosamente objetos para descartá-los até parar de demandar, pois nenhuma satisfaz. Maria Rita Kehl trabalha a questão do tempo e da depressão em seu livro o “Tempo e o Cão” lindamente. Porque, se os pais não sustentam o tempo da falta para a criança, o desejo não se formula e a ausência de desejo é a depressão. Quer dizer, há um atropelamento do desejo. Os objetos estão chegando muito rápido e as crianças estão descartando, quebrando, eliminando porque precisam ‘ficar sem’ para poder desejar. Por outro lado, elas ficam extremamente ansiosas de ficar sem e acontecer algo terrível, com medo do luto, do vazio.

CeC – Como enfrentar essa situação? Devemos discutir cultura consumista e depressão?

VI – Os pais estão muito perdidos e supondo coisas sobre a responsabilidade parental muito equivocadas. Muitas vezes eles pensam que a criança não pode se frustrar. Então, eles tentam fazer o melhor para a criança, mas eles não se dão conta de que é preciso deixar a criança sem, fazer a criança esperar. Muitas vezes eles acham que é imperativo do papel de pai preencher sem parar. Bom, tem o básico para o bem-estar, claro. O recém-nascido, por exemplo, precisa de um cuidado ostensivo. Mas mesmo o recém-nascido pode esperar um tanto para mamar. Esse é o paradigma que a Maria Rita Kehl usa para falar de alguns quadros depressivos crônicos: pais onipresentes, ansiosos demais, que não aguentam ver a criança chorar sob nenhuma circunstância. Os pais precisam ser sensibilizados sobre o papel deles. Precisamos fazer os pais entenderem que ajudamos a criança a lidar com a falta, sem a pretensão de eliminá-la, pois ela é constituinte.

CeC – E como lidar com este estímulo ao consumismo da perspectiva da responsabilidade dos agentes privados?


VI – Temos grandes interesses econômicos em jogo. Tem coisas que não se resolvem no nível dos pais, temos que fazer campanhas e mobilizar para que exista uma pressão social ou uma vontade política de enfrentar certos lobbies privados muito sérios. Com a sensibilização dos pais e da sociedade, a tendência é que as empresas, não em nome do bom mocismo, mas de interesses econômicos, se adaptem. A questão ecológica mudou várias empresas que continuam ávidas por lucro. A sustentabilidade acabou sendo o diferencial para alguns consumidores, e as empresas se ajustaram às expectativas. Podemos mostrar para os cidadãos que eles podem rejeitar certas formas de vender e, para as empresas, mostrar que a mudança de postura pode ter apelo para fidelizar o consumidor.

CeC – Como a publicidade infantil afeta as crianças?

VI – A criança absorve o mundo como uma esponja. Ela tem uma competência e uma inteligência para absorver o mundo. Ela percebe logo o valor dos objetos nas relações sociais, mas o faz sem capacidade crítica. A criança é capturada muito facilmente. Quando ela vê uma publicidade de um brinquedo que voa, é incapaz de entender que não é bem assim. Mas se ela viu na televisão, é como se isso bastasse. A publicidade abusa da credulidade infantil e seduz sem escrúpulos. São os pais que devem fazer a escolha do que oferecer aos filhos em qualquer âmbito: comida, roupa, brinquedos. Dentro dessa seleção prévia, desse filtro parental, a criança terá uma margem de escolha. Esse filtro, que os pais fazem e que só começou a existir a partir do século XVIII, chama-se infância.




 



Com pandemia, vendas pela internet crescem 27% e atingem R$ 161 bi em 2021

O e-commerce brasileiro registrou um faturamento recorde em 2021, totalizando mais de R$ 161 bilhões, um crescimento de 26,9% em relação ao ano anterior. O número de pedidos aumentou 16,9%, com 353 milhões de entregas, segundo levantamento da Neotrust, empresa responsável pelo monitoramento do e-commerce brasileiro. O valor médio por compra também registrou aumento de 8,6% em relação a 2020, atingindo a média de R$ 455.
No balanço trimestral, um dos destaques é o aumento no número de pedidos do primeiro trimestre, que passou de 49,9 milhões em 2020 para 78,5 milhões em 2021. 

“O varejo on-line continua com tendência de crescimento, mesmo após a flexibilização das restrições devido à pandemia e a retomada gradual do comércio físico. Apenas no quarto trimestre de 2021, foram realizados 101,6 milhões de pedidos, contra 86,6 milhões em 2020. O faturamento atingiu R$ 46,4 bilhões em 2021, contra R$ 38,7 bilhões em 2020”, destaca Paulina Dias, líder da área de inteligência da Neotrust, responsável por fazer levantamentos e análises referentes ao varejo on-line.


As categorias com mais pedidos feitos em 2021 são: moda, beleza e perfumaria, e saúde - que apresentou crescimento de 87% no faturamento de venda de remédios pela Internet. 
Celulares, eletrodomésticos e eletroeletrônicos foram os segmentos com maior faturamento no ano passado. As regiões de maior destaque são o Sudeste, que concentrou 62,3% das encomendas de 2021, e o Nordeste, com 15,1% - o equivalente a 3,5 pontos percentuais a mais que em 2020 para a região.


Os resultados por gênero indicam que as mulheres respondem por 58,9% dos pedidos, frente a 41,1% dos homens. O ticket médio feminino, porém, é menor que o masculino: R$ 387 contra R$ 552, respectivamente. 


O índice por idade demonstra que as compras on-line vêm predominantemente da faixa etária dos 36 a 50 anos, representando 34,9%, e dos 26 a 35 anos, representando 32,1% do volume total. Já as compras feitas por pessoas com mais de 51 anos passaram de 15,5% em 2020 para 16,6% em 2021.

O levantamento mostrou ainda que o cartão de crédito continua sendo a forma de pagamento preferencial dos brasileiros no e-commerce. 

69,7% das compras foram feitas com cartão de crédito, 16,9% com boleto bancário, 11,1% com outras formas de pagamento (como wallet e cashback) 2,3% via PIX. 

Embora ainda sejam pouco expressivos, os pedidos pagos com PIX aumentaram em 2021: em janeiro representavam 1% entre todos os meios de pagamento e em dezembro atingiram 4%. 

Receita deve crescer em 2022:

Segundo projeção da empresa para 2022, a receita do e-commerce deve crescer cerca de 9%, atingindo um faturamento recorde de R$ 174 bilhões neste ano. Porém, a inflação, o dólar alto e a projeção pessimista do PIB brasileiro são fatores que podem impactar negativamente o crescimento do varejo on-line. 

A expectativa é que os pedidos pela Internet aumentem em 8%, totalizando 379 milhões de compras. Já o ticket médio deve se manter estável, com aumento de cerca de 1%, estimado em R$ 460 por pessoa. 

As categorias que mais devem crescer são: 

eletrônicos (21%),eletroportáteis (19%), alimentos e bebidas (18%). 

Já os segmentos de maior faturamento devem ser: 

telefonia (R$ 32,4 bilhões), eletrodomésticos (R$ 23,7 bilhões) eletrônicos (R$ 18,6 bilhões). 

“Para 2022 é esperado que haja uma expansão no marketplace, com as empresas mais preparadas para este canal. Outra tendência é a melhoria na interação do físico com o digital, que irá permitir mais eficiência nas compras e na relação do consumidor com a loja”, analisa Fabrício Dantas, CEO da Neotrust.

“Em relação aos pagamentos, as carteiras digitais e o PIX devem continuar em alta, de forma a ampliar sua participação no e-commerce. Com um mercado cada vez mais competitivo, o varejo on-line deve apostar em fretes mais rápidos e funcionais, por exemplo, como forma de atrair e reter clientes”, explica Dantas.

Novos consumidores para o e-commerce

A pandemia da COVID-19 acelerou a migração das pessoas para o consumo digital. Uma pesquisa feita pela consultoria Ebit/Nielsen, em parceria com o Bexs Banco, mostra que o e-commerce do Brasil cresceu, em 2020, 41% e ganhou novos 13 milhões de consumidores. O avanço foi possibilitado pelo fechamento das lojas físicas e medidas de restrição de circulação.


Professor de faculdade privada: classe em extinção?

Crescimento subsidiado, mas não regulamentado

Já há alguns anos, o crescimento das instituições de ensino superior privadas é substancial no Brasil. Entre a expansão, iniciada durante a ditadura militar e aprofundada a partir do final dos anos 1990, e o processo de mercantilização e concentração em grandes conglomerados atraídos por fartos subsídios públicos a partir dos anos 2000, fomos assistindo ao surgimento de grandes prédios, instalações confortáveis com logomarcas ainda maiores, onde milhares de estudantes confirmavam a distopia que os dados do censo da educação superior indicavam ano a ano: a hegemonia do setor privado em relação ao público. O número de matrículas nos dez últimos anos ilustra o tamanho do setor privado: em 2010 eram 1.643.298 estudantes matriculados em instituições públicas e 4.736.001 em instituições privadas, em 2020 são 1.956.352 matriculados nas instituições de ensino superior públicas, ao passo que as instituições de ensino superior privadas concentram 6.724.002, ou seja 77,5% das matrículas estão nas instituições privadas e 22,5% nas públicas (INEP, 2022).

Concentradas, predominantemente no Sul e Sudeste do país, nas regiões centrais ou nas proximidades de estações de metrô, essas instituições atraíram a juventude trabalhadora que ansiava alguma mobilidade social e econômica por meio do curso superior. Tal anseio encontrava lastro no discurso da democratização do acesso por meio, sobretudo, dos programas de incentivo federal como o Prouni e Fies.

No entanto, a democratização do acesso e o consequente crescimento do setor privado de ensino superior não significou efetiva ampliação de estudantes participando de cursos de qualidade e pedagogicamente estruturados. Tampouco, significou melhoras nas condições de trabalho para docentes e demais profissionais da educação. O que se viu, na prática, foram fusões e aquisições sucessivas ao longo dos anos, resultando no mercado de ensino superior mais concentrado do mundo, marcado fortemente pela presença de grupos e capitais financeiros de vários cantos do globo.

Resultado também de regulações frágeis, o mercado de ensino superior privado no Brasil hoje é marcado por fraudes nos programas federais de incentivo, emissão de diplomas falsos, manipulações para driblar avaliações do Ministério da Educação e meios de gestão etc.[1] O grupo estadunidense Laureate, que já esteve presente em todos os continentes, e que chegou a ser dono de doze instituições de ensino superior no Brasil, por exemplo, tinha, só em nosso país, mais de 25% de todas as suas matrículas mundiais. A corporação, que encerrou suas atividades no Brasil em 2020, vendendo suas faculdades para o grupo Ânima, contava, enquanto operava no país, com uma coordenação nacional responsável por articular fraudes sistemáticas na documentação de avaliação dos seus cursos e instituições junto ao MEC. O objetivo era centralizar e padronizar procedimentos, de modo a facilitar o trabalho de gestores, na ponta, e garantir a nota máxima tão almejada para a propaganda e captação de novos alunos.

A escala crescente dos grupos de ensino superior operantes no Brasil foi tornando recorrentes práticas desse tipo, de modo que é costumeiro escutar relatos semelhantes de profissionais e gestores de instituições de ensino superior de outros grupos país afora. Todo tipo de experimentação corporativa, como a utilização de robôs para acelerar processos e eliminar custos, passou a ser feita no país. Nesses casos, resta evidente que tais manobras visaram e visam à ampliação dos lucros das empresas educacionais. Embora se tenha pretendido outorgar à iniciativa privada um papel social para democratizar o acesso ao ensino superior, sem imposição de obrigações ou contrapartidas, o tipo de expansão e a finalidade desse processo se desdobrou em formas de exploração da mercadoria educação e da força de trabalho docente até então só imagináveis em ficções distópicas.

O crescimento do setor também foi acompanhado pela consolidação de suas entidades representativas, que atuam junto ao poder público para viabilizar os interesses empresariais na educação e para pressionar por políticas educacionais vantajosas. Trata-se de uma rede que se organiza por meio de entidades patronais – em geral estaduais – que no plano federal se expressam pelas ações da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) e do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior, que anuncia em sua definição ter como “objetivo defender os legítimos interesses do ensino superior particular”. Nesse caso, a defesa dos interesses das instituições de ensino superior particulares passa também, é claro, pelo financiamento público e por infindáveis negociações de dívidas com o próprio Estado.

A submissão do Estado aos interesses do mercado, inclusive o financeiro, já tem sido objeto de amplos estudos sobre os modos de ser do neoliberalismo e tudo quanto ele engendra, inclusive a conversão de direitos públicos em serviços privados, além da supressão de direitos sociais, em especial aqueles que deveriam proteger as trabalhadoras e os trabalhadores. No Brasil, desde o governo de Michel Temer, essa super-representação dos mercados nas instituições de regulação do ensino superior só fez crescer. Faz anos que o cargo de Secretário de Regulação do Ensino Superior, responsável pela fiscalização das instituições de ensino superior públicas e, especialmente, privadas, é ocupado por pessoas vindas do mercado de capitais, que atuam em bolsas de valores. Na seara da educação, interesses articulados entre Estado e diferentes frações da burguesia, brasileira e mundial, em todos os níveis de ensino, uma educação orientada pelo e para o mercado. Consideradas apenas essas breves linhas sobre o problema e já estaríamos diante de um fosso. Mas não é só.