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Bocão 64

domingo, 18 de setembro de 2022

Luz emitida por celulares antecipa processo de maturação sexual, diz estudo


A exposição regular à luz azul pelo uso de tablets e smartphones já foi associada a danos na retina, insônia e problemas na pele. Agora, um estudo apresentado na 60ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Endocrinologia Pediátrica apontou um novo malefício: o risco de puberdade precoce. Realizada em modelos animais, a pesquisa constatou níveis reduzidos de melatonina e aumentados de alguns hormônios reprodutivos, além de alterações físicas nos ovários de ratos fêmeas expostas com frequência a essa fonte luminosa artificial.

Segundo os autores, a luz azul inibe o aumento noturno dos níveis de melatonina, que prepara o corpo para descansar e dormir. As taxas desse hormônio são geralmente mais altas durante a pré-puberdade do que na puberdade, um processo complexo que envolve a coordenação de vários sistemas orgânicos.

Nos últimos anos, vários estudos relataram aumentos no início da puberdade precoce para meninas, principalmente durante a pandemia da covid-19. A ligação entre a exposição à luz azul e níveis reduzidos de melatonina sugere que o aumento do tempo de tela, como durante as restrições da pandemia, pode estar desempenhando um papel nesse aumento relatado. No entanto, é muito difícil avaliar isso em crianças, justificam os autores, de diversas instituições médicas em Ancara, na Turquia.

Ovários
No estudo, a equipe de Aylin Kilinç Uurlu, do Ankara City Hospital, na Turquia, usou um modelo de rato para investigar os efeitos da exposição à luz azul nos níveis de hormônios reprodutivos e no momento do início da puberdade. As fêmeas foram divididas em três grupos de seis e expostas a um ciclo de iluminação normal, de seis horas, ou 12 horas de luz azul.

Os primeiros sinais de puberdade ocorreram significativamente mais cedo em ambos os grupos expostos à luz azul, e, quanto maior a duração da exposição, mais cedo o início da puberdade. Ratas expostas a esse tipo de iluminação também apresentaram níveis reduzidos de melatonina e elevados de hormônios reprodutivos específicos (estradiol e hormônio luteinizante), bem como alterações físicas em seu tecido ovariano, todas consistentes com o começo da puberdade. As fêmeas do grupo de 12 horas também mostraram alguns sinais de dano celular e inflamação em seus ovários.

"Descobrimos que a exposição à luz azul, suficiente para alterar os níveis de melatonina, também é capaz de alterar os níveis de hormônios reprodutivos e causar início precoce da puberdade em nosso modelo. Além disso, quanto maior a exposição, mais cedo o início", disse Uurlu. Porém, ele faz uma ressalva: "Como esse é um estudo com ratos, não podemos ter certeza de que essas descobertas seriam replicadas em crianças, mas os dados sugerem que a exposição à luz azul pode ser considerada um fator de risco para o início precoce da puberdade".

Semelhanças
De acordo com o pesquisador, o ponto de tempo da puberdade em ratos é equivalente ao de humanos, se ajustado para a menor expectativa de vida desses animais. As alterações hormonais e de ovulação que ocorrem durante a pré-puberdade e puberdade nas fêmeas também são comparáveis às de meninas.

A equipe planeja investigar os danos celulares e os efeitos inflamatórios detectados após uma exposição maior à luz azul, pois isso pode ter impactos de longo prazo na saúde reprodutiva e na fertilidade. Os cientistas também avaliarão se o recurso de filtragem disponível em alguns dispositivos móveis pode reduzir os efeitos observados no modelo de rato.

"Embora o estudo não seja conclusivo, aconselhamos que o uso de dispositivos emissores de luz azul deve ser minimizado em crianças pré-púberes, especialmente à noite, quando a exposição pode ter os maiores efeitos de alteração hormonal", conclui Uurlu.

Os maiores mitos sobre o cérebro dos adolescentes

A psicóloga Terri Apter recorda uma ocasião em que explicou para alguém com 18 anos como funciona o cérebro dos adolescentes. E a pessoa, cheia de satisfação, respondeu: "Então, é por isso que tenho a impressão de que a minha cabeça vai explodir!"

Os pais e professores de adolescentes devem reconhecer essa sensação de lidar com uma mente em constante ignição. A adolescência pode parecer uma transformação perturbadora — uma reviravolta da mente e da alma, que faz com que aquela criança se torne alguém irreconhecível.

Existem as mudanças de humor difíceis de controlar, crises de identidade, desejo de aprovação social, um gosto recém-descoberto pelo risco e pela aventura e uma incapacidade aparentemente absoluta de pensar nas repercussões futuras das suas ações.

E, em meio a toda essa confusão, o potencial acadêmico dos adolescentes é determinado de forma consistente, com ramificações que podem influenciar uma vida inteira.

O destino de uma pessoa nunca é completamente definido aos 18 anos, mas um histórico escolar impecável certamente facilitará o ingresso em uma universidade de prestígio — o que, por sua vez, aumenta as opções de emprego. E a montanha-russa emocional própria da idade pode tornar extremamente difícil para um adolescente atingir todo o seu potencial intelectual.

Nas últimas duas décadas, os cientistas conseguiram mapear as mudanças neurais verificadas ao longo desse período central do desenvolvimento humano e decodificar os mistérios do cérebro dos adolescentes.

Estas novas e animadoras descobertas ajudam a explicar os sentimentos dos adolescentes e a forma como eles agem. Mais do que isso, também demonstram que algumas das características que os adultos costumam achar difíceis ou desconcertantes nos adolescentes podem se transformar em potencial para adquirir técnicas e conhecimentos em uma época da vida em que o cérebro ainda é maleável.

Afinal, é na adolescência que também acontecem diversos saltos cognitivos. Os adolescentes se baseiam no que aprenderam quando crianças para desenvolver formas maduras e sofisticadas de pensar, incluindo o raciocínio mais abstrato e uma "teoria da mente" diferenciada.

"Cinquenta anos atrás, as escolas não consideravam necessário que os estudantes aprendessem sobre a puberdade", diz o psicólogo clínico John Coleman, autor de The Teacher and the Teenage Brain ("O professor e o cérebro adolescente", em tradução livre).

"E acho que, daqui a 20 ou 30 anos, estaremos perguntando por que não estávamos [hoje] ajudando os alunos a compreender o que se passava nos seus cérebros. Pode fazer toda a diferença."

Como compreender o cérebro dos adolescentes
Não surpreende que muitos adolescentes, ao longo da história, tenham se queixado ou se sentido incompreendidos.

Nossas explicações tradicionais sobre o comportamento dos adolescentes são grosseiras e frustrantes. Seu comportamento arriscado, sua rebeldia, sua impulsividade e sua irritabilidade geral podem ser facilmente atribuídos a fatores como a ignorância e a imaturidade, aos seus hormônios "desenfreados" e ao aumento dos seus impulsos sexuais.

Muitas vezes, suas queixas de angústia emocional causam risadas. Como disse recentemente a neurocientista Sarah-Jayne Blakemore, autora de Inventing Ourselves: The Secret Life of the Teenage Brain ("Inventando a nós mesmos: a vida secreta do cérebro adolescente", em tradução livre): "Não é socialmente aceitável ridicularizar ou demonizar outros setores da sociedade... mas é estranhamente aceitável ridicularizar e demonizar os adolescentes".

Até as teorias mais científicas pintaram um quadro nada compreensivo da vida dos adolescentes, o que só aumentou seu senso de alienação. Nos anos 1950, por exemplo, a psicanalista Anna Freud propôs que os adolescentes estariam tentando "divorciar-se"

dos pais, cortando seus laços de família, para que pudessem seguir com suas vidas.

A ideia era que "o adolescente estava tentando expulsar os pais do seu mobiliário interno", afirma Apter, que também escreveu The Teen Interpreter: A Guide to the Challenges and Joys of Raising Adolescents ("O intérprete dos adolescentes: guia para os desafios e alegrias de criar adolescentes", em tradução livre).

Embora estas explicações possam ter um fundo de verdade, elas desconsideram as nuances da maioria das experiências dos adolescentes.

As entrevistas feitas por Apter indicam que os adolescentes, muitas vezes, buscam desesperadamente a aprovação e a aceitação dos pais. Por isso, eles certamente querem ter independência, mas não a qualquer custo — uma conclusão não muito compatível com a teoria do divórcio.

Apter argumenta que, se quisermos realmente ajudar os adolescentes, precisamos prestar mais atenção às sutilezas dos desafios que eles enfrentam, incluindo as enormes dificuldades sociais que estão atravessando.

Isso inclui necessariamente reconhecer o constrangimento que pode surgir com as mudanças físicas do corpo e as expectativas sociais colocadas sobre eles. Estes fatores podem fazer com que os adolescentes comecem a sentir que eles próprios não se conhecem.

Ao mesmo tempo, precisamos reconhecer as mudanças anatômicas que estão ocorrendo no cérebro. E, com a invenção da ressonância magnética funcional, os cientistas agora podem examinar esta "caixa preta" ao longo de toda a vida.

Quais são as mudanças que ocorrem no cérebro dos adolescentes?
À medida que as crianças amadurecem para a idade adulta, o cérebro sofre enormes mudanças. Algumas das mais importantes são:

- O córtex frontal constrói as redes e depois elimina algumas delas ao longo da adolescência, o que ajuda a aumentar a eficiência do cérebro. Isso gera enorme expansão das habilidades.

- Nos lobos frontal e parietal, o cérebro reforça as conexões mais importantes de forma similar. Este reforço aparece nas imagens do cérebro como um aumento considerável da "massa branca".

- À medida que essas mudanças acontecem, algumas áreas do cérebro se desenvolvem com mais rapidez do que outras, o que pode afetar o comportamento. As áreas associadas à recompensa, por exemplo, tendem a se desenvolver com mais rapidez do que aquelas ligadas ao autocontrole, o que pode incentivar a tomada de decisões impulsivas.

Naturalmente, o início da infância é o período de maiores mudanças da vida humana. É nos primeiros meses de vida que o cérebro constrói grandes quantidades de conexões entre os neurônios, para depois eliminar os caminhos neurais redundantes e assim criar redes mais eficientes.

Esta "plasticidade" inata significa que o cérebro da criança mais nova é particularmente maleável, o que permite que ela deixe de ser um bebê chorão para se transformar em uma criança que fala e anda.

Em muitas áreas do cérebro, como as envolvidas no processamento dos sentidos, essas redes tendem a se estabilizar muito antes da adolescência, o que dificulta o aprendizado de certas habilidades motoras ou perceptivas, como linguagem ou música, depois do "período sensível" inicial.

Mas o córtex frontal segue uma trajetória diferente e continua a se desenvolver e eliminar redes ao longo da puberdade e da adolescência, até o início da idade adulta.

Nos lobos frontal e parietal, o cérebro também reforça as conexões mais importantes, acrescentando uma cobertura isolante de gordura, conhecida como mielina, que aumenta a transmissão dos sinais. Na ressonância magnética, ela aparece como um aumento considerável da "massa branca" do cérebro ao longo da adolescência.

Essas áreas em desenvolvimento são importantes para uma série de habilidades, que incluem a regulação emocional, a manutenção da atenção, a solução de problemas e o raciocínio abstrato.

Embora o cérebro dos adolescentes possa já ter perdido parte da maleabilidade do início da infância, esse desenvolvimento contínuo significa que eles ainda são muito sensíveis aos estímulos intelectuais — e mantêm enorme capacidade de aprendizado.

Isso permite que eles acumulem o conhecimento e as habilidades acadêmicas que haviam começado a desenvolver quando crianças e desenvolvam formas mais sofisticadas de conhecer o mundo.

Infelizmente, todas estas mudanças neurológicas e psicológicas podem, às vezes, ser insuportáveis, o que ajuda muito a explicar alguns dos comportamentos que causam tantos transtornos na escola e em casa.

Rebeldes com causa
Os adolescentes são famosos por sua rebeldia em geral, seu apetite pelo risco e por sua desobediência às regras.

Estudos de ressonância magnética demonstram que as regiões do cérebro associadas à recompensa geralmente se desenvolvem com mais rapidez que as associadas à inibição e ao autocontrole.

Em média, eles apresentam mais atividade de sinalização de dopamina — um neurotransmissor associado ao prazer e à curiosidade — em comparação com adultos e crianças mais novas, com picos quando experimentam algo novo ou empolgante. Por isso, é fácil imaginar por que os adolescentes são mais propensos a tentar novas experiências.

Uma consequência pode ser a impulsividade e a tomada de decisões arriscadas, mas esta curiosidade também pode trazer vantagens. Os adolescentes podem testar muitas experiências diferentes, o que pode ser útil para orientar suas decisões pessoais na idade adulta.

Começar um romance que seja inadequado, por exemplo, pode ajudá-los a aprender qual tipo de parceiro seria mais adequado.

É interessante observar que existem dados indicando que os adolescentes hoje em dia talvez não estejam tão facilmente sujeitos à tentação do sexo, drogas e rock'n'roll como os de antigamente, mas sua postura em geral mais aberta ainda será evidente em muitas outras áreas da vida, como demonstra sua fascinação pela nova tecnologia.

A busca persistente dos adolescentes por seus próprios interesses e seu desprezo pela autoridade podem até ajudar a alimentar mudanças políticas, sociais e tecnológicas.

"Você tem uma nova geração que irá explorar os limites — você tem grande capacidade inventiva, ousadia e criatividade", ressalta Apter.

Para os pais e professores que preferem que os adolescentes sob seus cuidados passem mais tempo estudando, isso pode ser frustrante. Mas, quando canalizada para causas significativas, essa energia pode ajudar a revigorar o restante da sociedade, quando o assunto são questões como as mudanças climáticas ou outros problemas globais.

Já houve ocasiões, por exemplo, em que os adolescentes e jovens adultos chegaram a lutar bravamente contra ditadores, enquanto as gerações mais velhas se conformaram passivamente.

Primeira Bíblia com tradução em língua de sinais é lançada no Brasil

Após 16 anos de produção, a primeira Bíblia com tradução em língua de sinais foi lançada no Brasil neste domingo (17/9). O projeto teve a participação de 22 pessoas voluntárias.

Um estudo realizado em conjunto pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda, em 2019, mostra que o Brasil tem 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva e 2,3 milhões deste total têm deficiência severa.

As Testemunhas de Jeová consideram que este é um importante passo para a inclusão social e que pode facilitar a leitura da Bíblia para as pessoas com deficiência auditiva. Pelo mundo, existem também, a tradução do Livro para a língua de sinais americana. A tradução em português é a terceira já feita.

Além disso, um aplicativo foi desenvolvido pelas Testemunhas de Jeová para que os surdos tenham autonomia ao estudar a Bíblia e diversos assuntos relacionados, sem precisar de um intérprete.