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Bocão 64

domingo, 14 de agosto de 2022

Dia dos Pais: entenda origem da data no Brasil e no mundo

O segundo domingo de agosto é a data reservada no Brasil para homenagear os pais. Aqui, o Dia do Papai foi instituído pelo publicitário Sylvio Bhering em 1953, na época diretor do jornal O Globo e da Rádio Globo, conforme registros do site de memória da empresa de comunicação. 

Inicialmente, a data escolhida era 16 de agosto, quando a Igreja Católica celebrava São Joaquim, pai de Maria, a mãe de Jesus. O dia dedicado ao santo mudou, mas o oitavo mês do ano fez sucesso entre os comerciantes que ganharam um período para aquecer as vendas.

“O Dia das Mães já existia, então a ideia foi: por que não ter também um Dia dos Pais? E, aqui no Brasil, mais declaradamente, surgiu como uma ideia mercadológica, publicitária mesmo. Então muito ditado até mesmo para movimentar o comércio”, explicou Sérgio Dantas, professor de Marketing da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 

A data foi consagrada em agosto e no domingo, tradicionalmente um dia de encontros familiares. São Joaquim passou a ser celebrado em 26 de julho, junto de Sant´Ana, mãe de Maria, que virou o Dia dos Avós. 

Dantas, no entanto, indica outro provável motivo para a manutenção da homenagem em agosto. “Eu acredito que foi estrategicamente escolhido porque o comércio tem datas marcantes. A gente finaliza o ano com o Natal, que é a grande data. Tem depois, no primeiro semestre, o Dia das Mães, que é a segunda maior data de movimento. Logo depois, em junho, tem o Dia dos Namorados. E aí só o Dia das Crianças, em outubro. Acho que a ideia foi tentar espaçar isso ao longo do ano”, aponta. Entre essas datas, o Dia dos Pais foi a última a ser definida.

Outros países
As especificidades da data escolhida para o Brasil fazem com que o país seja um dos únicos a homenagear os pais em agosto. A data mais disseminada no mundo, reconhecida em pelo menos 70 países, é o terceiro domingo de junho, uma história que começa nos Estados Unidos. 

Sonora Luise Smart, filha de um agricultor que lutou na Guerra Civil em 1862, queria homenagear o pai, William Jackson, que criou os filhos sozinhos após a morte da esposa.

A data escolhida para a primeira comemoração, ocorrida em 1910, foi 19 de junho, data do aniversário do pai de Sonora. A ideia se espalhou e foi oficializada, em 1966, pelo presidente Lyndon Johnson como o terceiro domingo de junho. 

“Padronizou de ser no terceiro domingo, que até era um dia mais fácil das famílias estarem juntas e de vivenciarem o propósito do Dia dos Pais, que é justamente essa união, a comunhão. Como os Estados Unidos são um país que dita tendências, muitos países acabaram seguindo essa determinação deles”, aponta Dantas.

Há também países que celebram a data em 19 de março, Dia de São José, como Portugal, Espanha, Itália, Andorra, Bolívia e Honduras.

Dia dos Pais com pais ausentes: como lidar?


Uma pesquisa australiana com quase 5 mil crianças relaciona a incidência de sobrepeso e obesidade infantil com a negligência paterna, embora o porquê disso ainda seja desconhecido. Diversos pesquisadores que associam a saúde psíquica com doenças físicas já apontaram que a figura paterna tem grande relevância no desenvolvimento infantil. A verdade é que carinho, atenção e tempo de qualidade podem ter consequências na formação do indivíduo. Sabemos que, nos dias atuais, o tempo de sobra é artigo de luxo, porém é preciso estar atento às necessidades dos pequenos. Nunca é sobre a quantidade de tempo e sim sobre a qualidade!

A psicoterapeuta Helen Mavichian, especializada em crianças e adolescentes, lembra que o pai ausente não é somente aquele que abandonou os filhos ou que se separou e, por isso, não os vê todos os dias. Para ela, o pai ausente é aquele que não contribui para a formação e educação dos filhos. “Com frequência recebo em meu consultório pacientes que não convivem com o pai nem aos finais de semana, mesmo morando na mesma casa. Contam que eles trabalham muito durante a semana e os finais de semana usam o tempo livre para praticar esportes e passear. Essas crianças e adolescentes 90% das vezes relatam que quando crescerem não querem ter a mesma profissão do pai e afirmam que serão dedicados à família e aos futuros filhos”, comenta. 

Quando os pequenos não têm contato com o pai? 

No Brasil, quase 100 mil crianças nascidas em 2021 não têm o nome do pai no registro civil. Os motivos são vários, mas a grande questão é que há muitas crianças sem uma figura paterna presente, o que pode gerar sentimentos negativos e frustrações dos filhos frente a essa situação. 

Algumas escolas aboliram de seus calendários as famosas apresentações de dia dos pais e de dia das mães também. Outras deixaram de confeccionar lembrancinhas com os pequenos em homenagem nessas datas comemorativas. Mas, mesmo assim, a publicidade durante essa época destaca opções de presentes e comemorações especiais. E quem não tem um pai ou uma figura paterna, como fica? Tem como "fugir" do bombardeio sobre a data? Os adultos precisam estar atentos para ajudar os pequenos a lidar com essas demandas. 

Veja abaixo 5 dicas da especialista Helen Mavichian para auxiliar as crianças nesse momento:

1 - Ensine a criança sobre família

Ensine a criança que um pai nem sempre precisa ter o mesmo sangue que ela e que as famílias não são todas iguais: algumas crianças são adotadas, outras criadas por familiares, algumas devido à perda ou abandono paterno são criadas por padrastros e outras são formadas só por figuras femininas ou maternas. Mas todas essas são modelos normais de família.

2 - Tenha ou seja para a criança um ponto de apoio durante essa data

É um desafio para uma criança compreender que, por não ter um pai ou ter um pai ausente, ela será "excluída" das comemorações e preparativos para a data. Proponha para a criança que outras pessoas possam fazer o papel de celebrar esse dia junto com ela, seja a mãe, um avô, tio … deixe ela escolher alguém que tenha um significado importante para ela e possa representar a figura paterna e não só nessa data especial.

3 - Escute a criança

Os adultos acreditam que as crianças têm as respostas para tudo assim como eles, mas não. As crianças possuem dúvidas que, aos nossos olhos, podem parecer pequenas. Escute-as com atenção para que fiquem desmotivadas a verbalizar o que sentem. É importante criar um ambiente acolhedor onde eles consigam perguntar sem medo tudo o que causa dúvidas e ansiedade. 

4 - Explique a situação

De acordo com cada idade, vale a criança saber a verdade sobre o que acontece em suas vidas. Lembre-se de abordar o assunto sempre de acordo com a idade e entendimento da criança. Por mais frustrante e dolorosa que seja a história para uma mãe ou um adulto responsável, é necessário cuidado para não transferir essa dor e frustração para a criança (por exemplo, um pai que abandonou a família).

5 - Entenda e respeite as emoções da criança

Cada criança lida com as comemorações de uma maneira diferente. Existem crianças que tiveram contato com o pai ou uma figura paterna, as perderam e podem apresentar um comportamento mais ansioso e explosivo nessas datas. Por outro lado, existem aquelas que nunca presenciaram tal figura em suas vidas e podem demorar ou nunca questionar. É importante estar atento às mudanças de comportamento nesse período e acolher os pequenos.

Mães solos e pais ausentes: o direito à paternidade

Em 2011, cerca de 5,5 milhões de crianças brasileiras não possuíam registro paterno na certidão de nascimento. Ao decorrer dos anos, os casos de pais ausentes aumentaram e nos últimos três subiu de 5,9% em 2019 para 6,3% em 2021, quando cerca de 549 mil crianças nascidas naquele ano foram registradas somente em nome da mãe no Brasil.

Esse crescimento de crianças sem o registro dos pais reflete diretamente no aumento de mães solo no Brasil. Em outras palavras, mais mulheres estão se tornando única e exclusivamente responsáveis pela provisão financeira, cuidados diários da casa, educação e atenção afetiva de seus filhos do que em anos anteriores.

Ainda assim, não podemos generalizar e dizer que todos os casos de mães solos estão relacionados com abandono dos pais, pois existem outras circunstâncias. Há casos de falecimento do pai, de reprodução assistida e casos de parceiros presos. Nesta última situação, geralmente a mãe aguarda a liberação do pai para realizar o reconhecimento da paternidade. Uma espera que pode durar anos. Enquanto isso, a criança segue sem registro e sem acesso aos seus direitos básicos. 

Quem cuida das mães?
No mundo ideal, os pais estariam presentes na educação de seus filhos como parte da rede de apoio da mãe solo. Mas no mundo real, as mães encontram-se desamparadas e têm como única solução acumular responsabilidades pelos seus filhos. 

Foi para enfrentar esse desamparo que Marli Márcia da Silva fundou a Associação Pernambucana de Mães Solteiras (APEMAS), em 1992. Com o apoio de psicólogas e assistentes sociais, o plano da APEMAS sempre foi acolher as mães solos e transformar as vidas de milhares de mães, pais e filhos.

“Criei a Apemas para que outras mulheres não tivessem que passar pelo mesmo que eu”.

A associação reúne uma série de conquistas com apoio do Fundo Brasil. Em 2007, a campanha “Ele é meu pai – paternidade, reconheça este direito” orientou e facilitou o processo burocrático de reconhecimento de paternidade no estado do Pernambuco.

Em 2011, a APEMAS atingiu um grande feito: garantiu a gratuidade da averbação da paternidade nos cartórios brasileiros, processo custoso que reduzia o sucesso do reconhecimento paterno. Cinco anos depois, a organização realizou uma campanha de maternidade com foco na comunidade carcerária para garantir a paternidade de crianças e fortalecer os vínculos afetivos e familiares de presidiárias e ex-mulheres dos presidiários.

O trabalho da APEMAS transformou e continua transformando a vida de milhares de famílias. O seu propósito é ampliar as vozes de grupos vulneráveis que fortalecem e defendem os direitos humanos em todo o país e são pessoas como você que garantem que essas associações e projetos continuem transformando vidas. 

Índice de “pais ausentes” bate recorde de registros durante a pandemia


Dar conta da casa, do(s) filho(s), do trabalho, muitas vezes sem uma rede de apoio íntegra e sem o suporte do pai da criança: a realidade da mãe solo é extenuante, solitária e cruel. E quase 12 milhões de mulheres brasileiras sabem – e vivem – isto, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Se já não bastasse a quantidade alarmante de mulheres que são chefes de família monoparentais, dados divulgados pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) em seu Portal da Transparência indicam um aumento no índice de abandono paterno em meio à pandemia causada pelo coronavírus, a partir de 2020.


Desde 2016, os dados de “pais ausentes” no Brasil chegavam a cerca de 5% do total de nascimentos registrados – com exceção de 2017, que constou com uma taxa de 3% -, mas nos últimos dois anos acometidos pela pandemia do coronavírus, o percentual de homens que negligenciaram a paternidade saltou para a casa dos 6%, sendo a região Norte a que abriga o maior número de crianças sem registro do pai.

Nos cartórios brasileiros, no caso de ausência parental ou recusa da paternidade, é possível que o registro de nascimento da criança seja feito apenas em nome da mãe, que poderá também apontar o nome do pai e dar, então, início ao reconhecimento de paternidade na Justiça com auxílio do cartório.

Caso o registro da criança seja concluído sem a identidade do pai, há a possibilidade de o reconhecimento de paternidade ser realizado de forma voluntária posteriormente no cartório. Ainda assim, o Portal da Transparência revela que os dados referentes a este tipo de registro seguiram uma tendência de queda, liderada pela região Sudeste, desde 2020. Ou seja, menos homens buscaram formalizar a paternidade durante a pandemia, deixando mais crianças com a documentação incompleta.

“O meu pai tem nome?”
Tendo em vista esta situação com os registros parentais no Brasil, o Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege) lançou a campanha “Meu pai tem nome” no começo deste ano para promover o reconhecimento gratuito da paternidade em diversos municípios do país.

“Esse cenário tem múltiplas explicações: há pais que não sabem que têm filhos, que não os reconheceram voluntariamente, que às vezes não estiveram presentes no nascimento. Há também pais que faleceram antes e as pessoas não tiveram a compreensão e o entendimento de que podem fazer constar”, justificou o coordenador nacional da campanha, Domilson Rabelo da Silva Júnior, em nota do portal Agência Brasil.

O mutirão, que ocorreu no final de semana do dia 12 de março em conjunto com as Defensorias Públicas de cada Estado, teve a maior quantidade de atendimentos por município no Estado do Maranhão e foi uma alternativa para os interessados resolverem a situação do registro sem a necessidade de passar pela Justiça.

Caso os interessados tenham perdido a data para regularizar a documentação, vale ressaltar que, quando há a concordância de ambas as partes, o pai pode comparecer ao cartório com a anuência apenas do filho e uma cópia da certidão de nascimento dele para fazer o registro – se for maior de idade. Se a criança não tiver atingido a maioridade, é preciso que também haja o consentimento da mãe.

Além disso, para as crianças maiores de 12 anos, é possível realizar o reconhecimento da filiação socioafetiva, ou seja, a identificação da paternidade sem necessidade de um vínculo biológico – caso haja consentimento da mãe. Neste caso, o processo é um mais complexo e será preciso atestar a existência do vínculo afetivo com os órgãos responsáveis.