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Bocão 64

sábado, 30 de julho de 2022

Jovem que abortou em El Salvador é condenada a 50 anos de prisão


Um tribunal salvadorenho condenou uma mulher de 21 anos que abortou após uma emergência obstétrica a 50 anos de prisão pelo crime de homicídio agravado, informou nesta segunda-feira (4) uma organização que a defende. El Salvador é um dos países com algumas das leis mais rígidas contra o aborto.

De acordo com o relatório do Grupo Cidadão para a Descriminalização do Aborto, na noite de 17 de junho de 2020, a mulher, identificada como Lesly Ramírez, teve uma emergência enquanto estava em sua casa e que a situação a levou a ter um parto de seu feto de cerca de cinco meses.

A família e os vizinhos da jovem, então com 19 anos, chamaram a polícia para levá-la a um hospital público no departamento de San Miguel, informou a ONG.

Em 26 de junho de 2020, um juiz de instrução ordenou a prisão provisória de Ramírez, apesar de ela não estar presente na audiência devido ao seu delicado estado de saúde. Em meados da semana passada, um tribunal a condenou a 50 anos de prisão pelo crime de homicídio agravado.

“As organizações de mulheres rejeitam a decisão judicial e vão recorrer. Esta é a primeira vez na história que a pena máxima é aplicada desde que o aborto foi absolutamente criminalizado”, disse a organização feminista em comunicado.

A Promotoria, no entanto, argumentou em nota que a pena severa foi imposta porque a jovem assassinou a recém-nascida após causar vários ferimentos no pescoço com uma faca.

Apesar de nos últimos anos ter ocorrido um avanço da “maré verde” na América Latina em busca de acesso ao aborto legal e seguro, o procedimento, sem restrição de motivos, só é permitido em poucos países.

Junto com Nicarágua, Honduras e República Dominicana, El Salvador é um dos quatro países latino-americanos que proíbem o aborto sem exceção.

Injeção contra o câncer de mama inicial tem bons resultados em testes em animais


Um novo estudo em fase pré-clínica (não testado em humanos) para tratamento do câncer de mama em estágio inicial se mostrou promissor em eliminar completamente a doença de uma forma menos invasiva que as terapias convencionais. Os resultados foram publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Science.

De modo geral, o câncer de mama é o tumor mais frequente nas mulheres do mundo inteiro. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2020, havia 2,3 milhões de mulheres diagnosticadas com câncer de mama e 685 mil mortes globais.

No Brasil, as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que cerca de 66.280 pessoas devem ser diagnosticadas anualmente com câncer de mama. No que se refere ao número de mortes pela doença, o levantamento do Inca mostrou que 18.032 morrem anualmente no país em decorrência do tumor.

Já nos Estados Unidos, esse tipo de câncer afeta 69 mil mulheres a cada ano, e em vários casos, elas acabam fazendo cirurgia de remoção de mama e tratamentos de radiação para esses cânceres muito precoces.

Em outras situações, alguns pacientes recebem quimioterapia ou terapias hormonais, explicou a autora principal do estudo Saraswati Sukumar, professor de oncologia e patologia da Universidade de Johns Hopkins.

Agora, o trabalho realizado em camundongos fornece uma forte base pré-clínica para a realização de ensaios de viabilidade e segurança com pacientes que têm câncer de mama em estágio 0, também conhecido como carcinoma ductal in situ (DCIS), de acordo com os autores.

O tumor DCIS é caracterizado pela presença de células pré-cancerosas anormais dentro dos ductos de leite na mama. Nesta fase da doença, as células cancerosas estão somente na camada da qual elas se desenvolveram e ainda não se espalharam para outras camadas do órgão de origem.
Menos invasivo
Pensando em evitar um tratamento invasivo como mastectomia (retirada da mama), a equipe de pesquisa propôs uma tipo de terapia que consiste na aplicação de uma injeção com a droga imunotoxina pelo duto mamário, que poderia poderia resultar na limpeza do DCIS.

“Para nossa grande surpresa, as drogas “mataram” todas as lesões presentes naquele ducto mamário. Eu nunca tinha visto resultados tão expressivos em minha vida”, disse Sukumar.

Durante suas investigações com camundongos, os pesquisadores primeiro avaliaram os efeitos de morte celular de HB21(Fv)-PE40, uma imunotoxina direcionada, em quatro linhagens celulares de diferentes subtipos moleculares de câncer de mama.

Essa toxina consiste em HB21, um anticorpo monoclonal (proteína que pode se ligar a um alvo específico — neste caso, ao receptor de transferrina humana (TRF), uma proteína transportadora encontrada em câncer de mama).

A HB21 foi fundido ao PE40, um fragmento de uma toxina bacteriana que interrompe a produção de proteínas nas células e leva à morte celular.

As descobertas mostraram que essa infusão induziu fortes efeitos de morte do tumor em todas as linhagens celulares.

Os pesquisadores também administraram o tratamento em 10 camundongos para procurar toxinas circulando no sangue após o tratamento e não encontraram-nas entre cinco e 30 minutos após a injeção.

Sem recorrência do tumor
A equipe de pesquisa dividiu os camundongos em dois grupos diferentes para administrar o tratamento a fim de comparar o resultado o MCF7 e o SUM225. Ambos possuíam o tumor DCIS.

O primeiro grupo, MCF7, foi administrado uma vez por semana durante três semanas. Os tratamentos foram acompanhados com imagens não invasivas. Para comparar, eles também administraram a injeção no corpo dos camundogos e também injetaram o anticorpo HB21 sozinho nos dutos em alguns dos animais.

Os resultados mostraram que os animais que receberam injeções de tratamento com toxinas HB21 (Fv)-PE40 no corpo tiveram um crescimento tumoral mais lento. No entanto, os tumores recorreram após a interrupção do tratamento por volta do 26º dia.

Aqueles que receberam o HB21 sozinho nos dutos tiveram tumores invasivos no 61º dia após a injeção.

Já os camundongos que receberam o tratamento direto nos ductos mamários, tiveram os tumores completamente eliminados duas semanas após a conclusão de dois dos três tratamentos propostos, e nenhuma recorrência foi detectada por imagem mesmo após 61 dias da injeção de HB21 (Fv)-PE40.

Para monitorar a evolução do tratamento, os pesquisadores realizaram exames de patologia das glândulas mamárias no 32ª segundo dia. Eles descobriram que as células tumorais estavam ausentes e a arquitetura era consistente com as glândulas mamárias normais.

No segundo grupo (SUM225), os pesquisadores experimentaram um piloto com o tratamento com toxina que mostrou a eliminação de tumores em apenas duas semanas de tratamento, conforme visto por imagem. Não houve recorrência da doença até o encerramento do experimento, 48 dias depois.

Para rastrear, um segundo experimento testou a mesma dose em um grupo e 1/10 da dose do tratamento em outro, bem como o anticorpo HB21 sozinho, em algumas amostras.

Na maioria das glândulas mamárias não houve incidência de tumor após o tratamento intraductal completo, com efeitos mais fracos observados no grupo que recebeu a dose mais baixa.

Os resultados também mostraram que os tumores SUM225 crescem agressivamente no local do ducto. Estudos de patologia demonstraram que o anticorpo HB21 sozinho teve pouco efeito, enquanto o tratamento conjugado de imunotoxina (HB21 (Fv)-PE40.) mostrou um efeito significativo na redução do tumor.

O tratamento foi bem tolerado, sem efeitos colaterais da toxina ou injeção.

Como funcionaria a injeção em humanos
Como o estudo ainda está na fase pré-clínica, os especialista do Inca explicaram que, caso avance, o tratamento pode se mostrar útil para outros tipos de tumores.

“Sem dúvida que a estratégia pode ser útil para os tumores que expressarem altos níveis de transferrina humana receptora (TRF). No câncer de mama o TRF é expresso em vários subtipos, o que pode ser um alvo promissor”, disseram

Contudo, apontam que os ensaios podem apresentar outros resultados quando mudarem de fase.

“Muitas substâncias que apresentam sucesso em ensaios nos modelos animais não atingem a mesma resposta em humanos. Por isso, como a pesquisa é muito preliminar, embora com resultados interessantes em animais, devemos aguardar os estudos clínicos para sabermos quão bem ela funcionaria no mundo real”, avaliou o Inca.

Para os especialistas do instituto nacional, ainda há á um caminho muito longo a percorrer para que possamos afirmar algo com relação a este estudo.

“Na prática é apenas mais um possibilidade ainda. Mas o trabalho segue uma tendência interessante que temos visto em outras estratégias, inclusive para tumores de mama”, disse o Inca.

Identificando o câncer de mama precocemente
A injeção proposta para pacientes de câncer de mama teve bons resultados na fase pré-clínica porque o turmor estava em estágio inicial. À CNN, a oncologista Débora Gagliato, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, contou que quando diagnosticado precocemente, as chances de cura do câncer de mama tendem a ser “altíssimas”.

“Hoje, um tumor adequadamente manejado, diagnosticado precocemente, localizado apenas na mama, tem chances de cura bem elevadas, da ordem dos 95% [de chances]”, explicou.

Em alguns casos, os sintomas iniciais podem aparecer por meio de um nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor: é a principal manifestação da doença, estando presente em cerca de 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria mulher.

Algumas manchas avermelhadas, e mama retraída ou parecida com casca de laranja. Os sintomas também incluem alterações no bico do peito, pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço e saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos, segundo o Inca.

Mas, nem sempre o tumor é diagnosticado precocemente — o que dificultaria as chances de cura. Gagliato explicou que em alguns casos pode não haver qualquer sintoma. “Muitas vezes o câncer de mama não manifesta sintomas, por isso a importância dos exames de rastreio”, avaliou.

Segundo a oncologista, os principais exames para diagnóstico são a mamografia e ultrassonografia de mama. “Depois, outros exames adicionais, como a ressonância [magnética], podem ser importantes dependendo do contexto, da densidade mamária, da história familiar ou fatores genéticos”, afirma.

Para o Inca, quanto mais pudermos direcionar a toxicidade de fármacos e toxinas para o tumor, maiores chances temos de encontrar tratamentos que mudem o curso dos tumores que mais afligem a população hoje em dia, como o câncer de mama, o mais incidente no mundo.

Diagnosticar precocemente seria o cenário ideal para o tratamento de injeção específica dos pesquisadores da Universidade de Johns Hopkins.

De acordo com Sukumar, o estudo clínico [em humanos] deve avançar. “Uma ou duas semanas antes da cirurgia, os cientistas podem administrar às mulheres uma dose baixa de HB21(Fv)-PE40 através de um único duto e usar doses crescentes lentamente para determinar se alguma imunotoxina escapa dos dutos para a corrente sanguínea e afeta a função hepática. Eles também examinaria os ductos após a remoção da mama para procurar alterações no tecido e seu efeito em lesões pré-cancerosas”, finalizou.

Caixa terá espaço dedicado exclusivamente a atender mulheres


Até o início de agosto, cerca de 100 agências e postos de atendimento da Caixa deverão contar com um espaço criado especialmente para proteção e promoção do público feminino. A previsão foi antecipada pela nova presidente do banco estatal, Daniella Marques, entrevistada do programa A Voz do Brasil desta segunda-feira (11)

De acordo com a presidente da Caixa, no local, o público feminino poderá se informar sobre canais de denúncia dos crimes contra mulheres. E também sobre serviços como abertura de empresas e crédito. Segundo ela, mulheres são donas de 80% da decisão de consumo, mas apenas 20% do crédito.

Canal interno
O mesmo processo de acolhimento está sendo implementado na Caixa para as 35 mil funcionárias que trabalham no banco. “Eu quero me aprofundar nas questões profissionais e aonde estão as barreiras internas para que a gente capacite lideranças, que a gente vocacione o time de mulheres que trabalham na Caixa”.

Rumos da Caixa
A nova presidente da estatal falou sobre as primeiras medidas tomadas após tomar posse como presidente. “Tive orientação do alto comando da Caixa para promover o afastamento de algumas pessoas. Estou trazendo outros consultores estratégicos, da minha confiança, cada um especializado em um tema”, disse, citando áreas como gestão de pessoas, empreendedorismo, de crédito entre outras.

De qualquer forma, Daniella garante que a vocação do banco será mantida: “A Caixa é o banco do social, é o banco do cidadão é o banco que está presente na vida dos brasileiros no dia a dia, que opera os benefícios sociais do governo federal. É o banco que está presente na habitação, que está presente no FGTS, que opera as loterias quando vai fazer a fezinha no domingo. O que a gente quer é reforçar esse enfoque no cidadão e também atuar muito próximo às prefeituras, aos municípios nos projetos ligados a saneamento à iluminação pública, creches, escolas.”

Daniella destacou na entrevista que o objetivo é usar o empreendedorismo como ferramenta de transformação social. “A gente quer apoiar o cidadão brasileiro na sua independência financeira, na realização dos seus sonhos e também estar presente na vida deles em parceria com as prefeituras para estar desenvolvendo projetos de utilidade pública”.

Mulheres no setor de saúde e assistência ganham 24% menos que os homens, diz OMS


As mulheres no setor de saúde e cuidados enfrentam uma maior disparidade salarial em comparação aos homens do que em outros setores econômicos. Em média, elas ganham 24% menos do que seus pares do sexo masculino.

Os dados são de um novo relatório conjunto da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta quarta-feira (13).

Uma das análises mais abrangentes do mundo sobre desigualdades salariais de gênero na saúde, o relatório revela uma disparidade salarial bruta de aproximadamente 20 pontos percentuais, que salta para 24 pontos percentuais ao levar em conta fatores como idade, educação e tempo de trabalho.

O relatório destaca que as mulheres são mal remuneradas por seus atributos do mercado de trabalho quando comparadas aos homens e afirma que grande parte da diferença salarial é inexplicável e pode ser associada à discriminação em relação às mulheres, que representam 67% dos profissionais de saúde e assistência em todo o mundo.

O documento aponta que os salários no setor de saúde e cuidados tendem a ser mais baixos em geral, quando comparados com outros âmbitos da economia. Os achados vão ao encontro da constatação de que os salários geralmente são mais baixos em setores econômicos onde as mulheres são predominantes.

No contexto da pandemia de Covid-19, que destacou o papel crucial desempenhado pelos profissionais de saúde e assistência, o estudo indica que foram poucas as melhorias na igualdade salarial entre 2019 e 2020.

As disparidades salariais também apresentam grande variação em diferentes países. As diferenças de remuneração tendem a ser maiores nas categorias salariais mais altas, onde os homens ocupam a maior parte dos cargos. Enquanto isso, mulheres são maioria nas categorias de remunerações mais baixas.

“As mulheres constituem a maioria dos trabalhadores no setor de saúde e assistência, mas em muitos países os preconceitos sistêmicos estão resultando em penalidades salariais perniciosas contra elas”, disse Jim Campbell, diretor de Força de Trabalho da Saúde da OMS.

Os impactos podem ser ainda mais notáveis para as mães que trabalham no setor de saúde e assistência. Durante os anos reprodutivos de uma mulher, as disparidades salariais no setor aumentam significativamente. Essas lacunas persistem por todo o resto da vida profissional da mulher, segundo o estudo.

O relatório aponta que uma divisão mais equitativa dos deveres familiares entre homens e mulheres pode, em muitos casos, levar as mulheres a fazer escolhas profissionais diferentes.

A análise também analisa os fatores que estão impulsionando as disparidades salariais de gênero no setor. As diferenças de idade, educação, tempo de trabalho e a diferença na participação de homens e mulheres nos setores público ou privado abordam apenas parte do problema.

As razões pelas quais as mulheres recebem menos do que os homens com perfis semelhantes no mercado de trabalho no setor de saúde e assistência em todo o mundo permanecem, em grande parte, sem explicação por fatores do mercado de trabalho, diz o relatório.

“O setor de saúde e assistência tem sofrido com baixos salários em geral, disparidades salariais teimosamente grandes e condições de trabalho muito exigentes. A pandemia de Covid-19 expôs claramente esta situação, ao mesmo tempo que demonstrou o quão vital o setor e os seus trabalhadores são para manter as famílias, sociedades e economias em funcionamento”, disse Manuela Tomei, diretora do Departamento de Condições de Trabalho e Igualdade da Organização Internacional do Trabalho.

Segundo Manuela, a melhoria na oferta de serviços de saúde e assistência está associada diretamente às condições de trabalho, o que envolve uma remuneração mais justa.

“Chegou a hora de uma ação política decisiva, incluindo o diálogo político necessário entre as instituições. Esperamos que este relatório detalhado  e confiável ajude a estimular o diálogo e as ações necessárias para criar isso”, afirma.

Brasil tem quase cinco milhões de mulheres a mais que homens, diz IBGE


A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (22), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, em 2021, 51,1% da população brasileira era do sexo feminino. O dado representa 4,8 milhões de mulheres a mais que homens no país.

O trabalho aponta a existência de 108,7 milhões de mulheres e 103,9 milhões de homens, em um contingente populacional de 212,6 milhões de pessoas. A participação feminina na população é superior à masculina desde o início da série histórica, em 2012.

Segundo o IBGE, há 95,6 homens para cada 100 mulheres no Brasil. Uma lógica que se reproduz em quase todas as regiões do país. Apenas no Norte a lógica é diferente: há 102,3 homens a cada 100 mulheres.

A pesquisa apontou que, entre 2012 e 2021, houve redução dos percentuais de mulheres e homens em todas as faixas etárias até 34 anos. Nas faixas etárias acima de 34 anos, houve crescimento tanto para os homens quanto para as mulheres. O levantamento também mostrou que a população masculina tem um padrão mais jovem.

“Nos grupos de idade de 0 a 4 anos e de 5 a 9 anos é observada uma razão de sexo (população masculina em relação à população feminina) mais elevada quando comparados aos demais grupos etários, sendo, respectivamente, de 104,8 e 104,7 homens para cada 100 mulheres nesses grupos”, diz um trecho do relatório da pesquisa.

No entanto, o órgão ressalta que, como a mortalidade dos homens é maior em cada uma das faixas etárias, a razão de sexo tende a reduzir com o aumento da idade.

“No grupo etário de 25 a 29 anos, o contingente de homens e de mulheres era similar, correspondendo, cada um, a 4,0% da população total. A partir dos 30 anos, o percentual de mulheres era superior ao dos homens em todos os grupos de idade, sendo a proporção de 26,6% e 29,5%, respectivamente, de homens e mulheres”, explica a pesquisa.

Entre os idosos, também há uma concentração maior de mulheres. Segundo o IBGE, a razão de sexo calculada para as pessoas a partir dos 60 anos é de aproximadamente 78,8 homens para cada 100 mulheres. Em relação à população a partir dos 70 anos, a razão é ainda menor. São 71,8 homens para cada 100 mulheres.

Segundo o instituto, a explicação para o fenômeno é o fato de a expectativa de vida entre as mulheres ser maior.

Mais de 160 milhões de mulheres não têm acesso a anticoncepcionais, diz estudo


Mais de 160 milhões de mulheres e adolescentes não tiveram acesso a métodos contraceptivos no mundo em 2019. Os dados são de um dos mais amplos estudos sobre o tema, publicado nesta quinta-feira (21), na revista científica “The Lancet”.

A pesquisa apresenta estimativas do uso, da necessidade e dos diferentes tipos de anticoncepcionais em todo o mundo em um contínuo de 1970 a 2019. Os índices apontam estatísticas por país, faixa etária e estado civil.

De acordo com o estudo Carga Global de Morbidade (Global Burden of Disease), a expansão do acesso à contracepção está ligada ao empoderamento social e econômico das mulheres e a melhores resultados de saúde, além de ser um objetivo fundamental de iniciativas internacionais e um indicador dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O uso de anticoncepcionais também está relacionado a reduções na mortalidade materna e neonatal, prevenindo gravidez indesejada. Segundo o estudo, ao permitir que as mulheres planejem o momento da gestação, a contracepção também contribui para que adolescentes e mulheres permaneçam na escola.

Análise
Com base em dados de 1.162 pesquisas representativas sobre o uso de anticoncepcionais pelas mulheres, os autores usaram modelagem para produzir estimativas nacionais de vários indicadores de planejamento familiar, incluindo a proporção de mulheres em idade reprodutiva (no estudo, entre 15 e 49 anos) que usam qualquer método anticoncepcional.

A análise estimou também a proporção das mulheres em idade reprodutiva que utilizam métodos modernos, os tipos de anticoncepcionais em uso, demanda satisfeita com métodos modernos e necessidade não atendida de qualquer método anticoncepcional.

No estudo, a necessidade de contracepção foi definida considerando mulheres casadas ou solteiras, sexualmente ativas, capazes de engravidar e não querendo ter um filho dentro de dois anos, ou se estivessem grávidas ou acabassem de dar à luz, mas teriam preferido adiar ou prevenir sua gravidez.

Lacunas permanecem após progresso global
Desde 1970, o mundo tem visto aumentos no uso de contraceptivos, impulsionados por uma mudança significativa do uso de métodos tradicionais menos eficazes para o uso de contraceptivos modernos e mais eficazes, incluindo pílulas anticoncepcionais orais, dispositivo intrauterino (DIU) e métodos de esterilização masculinos e femininos.

Em todo o mundo, a proporção de mulheres em idade reprodutiva usando métodos contraceptivos modernos aumentou de 28% em 1970 para 48% em 2019. A demanda satisfeita aumentou de 55% em 1970 para 79% em 2019.

No entanto, o estudo da “Lancet” aponta que ainda existem lacunas significativas quanto ao uso. Apesar dos aumentos, 163 milhões de mulheres, para as quais a contracepção foi necessária em 2019, não estavam utilizando nenhum tipo de método para prevenir a gravidez à época.

“Todas as mulheres e adolescentes podem se beneficiar do empoderamento econômico e social que os contraceptivos podem oferecer. Nossos resultados indicam que onde uma mulher vive no mundo e sua idade ainda afetam significativamente o uso de contraceptivos”, afirma a pesquisadora Annie Haakenstad, do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME, na sigla em inglês), da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

Disparidades entre os países
Em 2019, a disponibilidade de contraceptivos ainda apresentava diferenças notáveis entre as regiões e entre os diferentes países.

Sudeste Asiático, Leste Asiático e Oceania tiveram o maior uso de anticoncepcionais modernos (65%) e satisfação (90%). Por outro lado, a África Subsaariana teve o menor uso dos dispositivos (24%) e também de satisfação (52%).

Na comparação entre os países, os níveis de uso de contraceptivos mais modernos variaram de 2% no Sudão do Sul a 88% na Noruega. A necessidade não atendida foi maior no Sudão do Sul (35%), na República Centro-Africana (29%) e em Vanuatu (28%) em 2019.

A Iniciativa de Planejamento Familiar 2020 estabeleceu a meta de aumentar o número de mulheres que usam contracepção moderna em 120 milhões entre 2012 e 2020 em 69 países prioritários.

O estudo estimou que o número de mulheres em uso de contracepção aumentou em 69 milhões entre 2012 e 2019 nesses países (excluindo o Saara Ocidental), deixando 51 milhões aquém da meta se esses níveis permanecerem inalterados em 2020.

Lacuna maior entre mulheres jovens
O estudo aponta que, em comparação com outros grupos, mulheres e adolescentes nas faixas etárias de 15 a 19 e 20 a 24 anos têm as menores taxas de demanda atendida globalmente – estimadas em 65% e 72%, respectivamente. O estudo aponta que as maiores lacunas globais foram identificadas entre mulheres jovens e casadas.

Aquelas com idades entre 15 e 24 anos representam 16% da necessidade total, mas 27% das necessidades não atendidas – totalizando 43 milhões de mulheres jovens e adolescentes em todo o mundo que não tiveram acesso aos contraceptivos de que precisavam em 2019.

“É importante ressaltar que nosso estudo chama a atenção para o fato de as mulheres jovens estarem super-representadas entre aquelas que não podem acessar a contracepção quando precisam. Estas são as mulheres que mais têm a ganhar com o uso de contraceptivos, uma vez que adiar a gravidez pode ajudar as mulheres a permanecer na escola ou a obter outras oportunidades de formação e a entrar e manter um emprego remunerado”, afirma Annie.

Variedade contraceptiva
O estudo da “Lancet” aponta, ainda, que a falta de variedade contraceptiva pode significar que não há opções adequadas para certos grupos populacionais. Os achados indicam que os tipos de métodos contraceptivos em uso variam significativamente de acordo com o local.

Os autores sugerem que a predominância de métodos únicos pode indicar a falta de escolhas adequadas para mulheres e meninas adolescentes, por exemplo.

Em 2019, a esterilização feminina e as pílulas orais foram os principais contraceptivos na América Latina e no Caribe, diferentemente de países de alta renda que concentraram o uso de pílula e preservativos, enquanto o DIUs e preservativos foram os métodos mais usados na Europa Central e Oriental e na Ásia Central.

A esterilização feminina representou mais da metade de todo o uso de anticoncepcionais no Sul da Ásia. Além disso, em 28 países, mais da metade das mulheres estava usando o mesmo método, indicando que pode haver uma disponibilidade limitada de opções nessas áreas.

“A diversificação de opções em áreas que podem depender excessivamente de um método pode ajudar a aumentar o uso de anticoncepcionais, principalmente quando o método mais usado é permanente. Para ampliar o acesso, instamos os formuladores de políticas a usar essas estimativas para observar como a escolha contraceptiva interage com a idade e o estado civil em seus países”, afirma o professor Rafael Lozano, da Universidade de Washington.