As mulheres no setor de saúde e cuidados enfrentam uma maior disparidade salarial em comparação aos homens do que em outros setores econômicos. Em média, elas ganham 24% menos do que seus pares do sexo masculino.
Os dados são de um novo relatório conjunto da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta quarta-feira (13).
Uma das análises mais abrangentes do mundo sobre desigualdades salariais de gênero na saúde, o relatório revela uma disparidade salarial bruta de aproximadamente 20 pontos percentuais, que salta para 24 pontos percentuais ao levar em conta fatores como idade, educação e tempo de trabalho.
O relatório destaca que as mulheres são mal remuneradas por seus atributos do mercado de trabalho quando comparadas aos homens e afirma que grande parte da diferença salarial é inexplicável e pode ser associada à discriminação em relação às mulheres, que representam 67% dos profissionais de saúde e assistência em todo o mundo.
O documento aponta que os salários no setor de saúde e cuidados tendem a ser mais baixos em geral, quando comparados com outros âmbitos da economia. Os achados vão ao encontro da constatação de que os salários geralmente são mais baixos em setores econômicos onde as mulheres são predominantes.
No contexto da pandemia de Covid-19, que destacou o papel crucial desempenhado pelos profissionais de saúde e assistência, o estudo indica que foram poucas as melhorias na igualdade salarial entre 2019 e 2020.
As disparidades salariais também apresentam grande variação em diferentes países. As diferenças de remuneração tendem a ser maiores nas categorias salariais mais altas, onde os homens ocupam a maior parte dos cargos. Enquanto isso, mulheres são maioria nas categorias de remunerações mais baixas.
“As mulheres constituem a maioria dos trabalhadores no setor de saúde e assistência, mas em muitos países os preconceitos sistêmicos estão resultando em penalidades salariais perniciosas contra elas”, disse Jim Campbell, diretor de Força de Trabalho da Saúde da OMS.
Os impactos podem ser ainda mais notáveis para as mães que trabalham no setor de saúde e assistência. Durante os anos reprodutivos de uma mulher, as disparidades salariais no setor aumentam significativamente. Essas lacunas persistem por todo o resto da vida profissional da mulher, segundo o estudo.
O relatório aponta que uma divisão mais equitativa dos deveres familiares entre homens e mulheres pode, em muitos casos, levar as mulheres a fazer escolhas profissionais diferentes.
A análise também analisa os fatores que estão impulsionando as disparidades salariais de gênero no setor. As diferenças de idade, educação, tempo de trabalho e a diferença na participação de homens e mulheres nos setores público ou privado abordam apenas parte do problema.
As razões pelas quais as mulheres recebem menos do que os homens com perfis semelhantes no mercado de trabalho no setor de saúde e assistência em todo o mundo permanecem, em grande parte, sem explicação por fatores do mercado de trabalho, diz o relatório.
“O setor de saúde e assistência tem sofrido com baixos salários em geral, disparidades salariais teimosamente grandes e condições de trabalho muito exigentes. A pandemia de Covid-19 expôs claramente esta situação, ao mesmo tempo que demonstrou o quão vital o setor e os seus trabalhadores são para manter as famílias, sociedades e economias em funcionamento”, disse Manuela Tomei, diretora do Departamento de Condições de Trabalho e Igualdade da Organização Internacional do Trabalho.
Segundo Manuela, a melhoria na oferta de serviços de saúde e assistência está associada diretamente às condições de trabalho, o que envolve uma remuneração mais justa.
“Chegou a hora de uma ação política decisiva, incluindo o diálogo político necessário entre as instituições. Esperamos que este relatório detalhado e confiável ajude a estimular o diálogo e as ações necessárias para criar isso”, afirma.
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