Os novos projetos de concessões de ferrovias desenhados pelo Ministério dos Transportes serão submetidos a uma primeira rodada de conversas com investidores interessados em entrar no setor. As primeiras reuniões para apresentar os projetos vão acontecer nos dias 5, 6 e 7 de fevereiro, em São Paulo. Os encontros vão colocar na mesma mesa representantes de empresas e investidores, membros do Ministério dos Transportes e do BNDES.
Informações obtidas
pelo jornal Folha de S.Paulo mostram que 19 companhias já estão com encontros
confirmados para obter informações sobre os projetos. Do Brasil, os
interessados são Rumo Logística, VLI, Grupo CCR, MRS Logística e Vale, todas já
atuam no setor ferroviário. A relação de brasileiros inclui ainda Arteris, EPR,
Prumo e Portonave.
Bancos de investimento
também estão presentes. São eles: BTG Pactual, XP Asset, Opportunity, Pátria
Investimentos e Prisma Capital. Da China, já há confirmação de presença de
representantes do gigante CRCC (China Railway Construction Corporation) e da
Concremat/CCCC, reunindo Brasil e China.
Dos Emirados Árabes
Unidos, foi confirmado um encontro com membros do Mubadala Capital, um dos
principais investidores de infraestrutura daquele país. Complementa a lista
duas empresas de origem espanhola, a Acciona e a Sacyr.
O primeiro projeto que
será detalhado pelo governo neste encontro é o do chamado “Anel Ferroviário do
Sudeste”, como foi batizada a EF-118. A nova ferrovia, que tem traçado previsto
de 300 quilômetros, pretende ligar Vitória (ES) a Itaboraí (RJ).
O projeto vai conectar
a malha da Ferrovia Vitória-Minas (EFVM), da Vale, à rede operada pela MRS
Logística, chegando ao complexo portuário do Comperj, no Rio de Janeiro. Para a
MRS, por exemplo, que já opera com grande volume de exportações pelos portos de
Itaguaí e Santos, o acesso ao porto de Vitória oferece uma nova alternativa
estratégica para o escoamento de cargas.
Em março, serão
realizados encontros para fazer o detalhamento dos traçados da Fico (Ferrovia
do Centro-Oeste) e da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). Trata-se de um
traçado com cerca de 2.400 quilômetros, que sairia de Lucas do Rio Verde (MT),
para chegar a Água Boa (MT) e Mara Rosa (GO). A partir daí, avançaria até
Barreiras (BA) e Caetité (BA).
A concessão do último
trecho dessa malha, que liga Caetité a Ilhéus (BA) e já tem cerca de 400
quilômetros de malha concluídos, pertence hoje à Bamin, mas esse contrato tem
sido negociado com a Vale, que tem interesse em assumir a mina de ferro em
Caetité e controlar a ferrovia até Ilhéus, onde será construído um novo
terminal portuário.
A meta do governo,
depois de colher aperfeiçoamentos em audiências públicas e nos encontros com
empresários —eventos conhecidos como ‘market sound’— é enviar o material ao TCU
(Tribunal de Contas da União) até abril e publicar o primeiro edital do Anel
Ferroviário do Sudeste entre junho e julho. Já o edital da Fico-Fiol está
previsto para o último trimestre de 2025.
O governo federal fecha os últimos detalhes do Plano Nacional de Ferrovias, voltado para a concessão de novos trechos de estradas de ferro, com empreendimentos que cortam as regiões Sudeste, Norte e Nordeste do país. Ao todo, o pacote prevê a oferta de aproximadamente 4.700 quilômetros de ferrovias para a iniciativa privada. A previsão do governo é que esses projetos atraiam investimentos na ordem de R$ 100 bilhões. Para garantir a viabilidade de cada operação, o governo pode entrar com uma fatia de recursos públicos equivalente a 20% de cada projeto. Por André Borges.
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