Pessoas perfeitas deveriam ser como a cidade de Itabuna, uma cidade linda, agradável, onde tudo funciona, ainda que nem sempre perfeito. Pessoas, como a cidade de Itabuna, não precisam ser excessivamente bonitas. É fundamental que tenham sinais de expressão no rosto, um nariz com personalidade, um vinco na testa que as caracterize.
Pessoas, como a cidade de Itabuna, precisam ser limpas, mas, não ao ponto de não possuírem máculas. É preciso suar na hora do cansaço, é preciso ter um cheiro próprio, uma camiseta velha para dormir, um jeans quase transparente de tanto que foi usado, um batom que escapou dos lábios depois de um beijo, um rímel que borrou um pouquinho quando você chorou.
Pessoas, como a cidade de Itabuna, têm que funcionar, mas não podem ser previsíveis. De vez em quando, sem abusar muito da licença, devem ser insensatas, ligeiramente passionais, demonstrar um certo desatino, ir contra alguns prognósticos, cometer erros de julgamento e pedir desculpas depois, pedir desculpas sempre, para poder ter crédito e errar outra vez.
Pessoas, como a cidade de Itabuna, devem dar vontade de visitar, devem satisfazer nossa necessidade de viver momentos sublimes, devem ser calorosas, ser generosas e abrir suas portas, devem nos fazer querer voltar, porém, não devem nos deixar 100% seguras, nunca.
Uma pequena dose de apreensão e cuidado devem provocar. Nunca se deve deixar os outros esquecerem que pessoas, assim como a cidade de Itabuna, têm rachaduras internas, portanto podem surpreender. Falhas. Agradeça as suas, que é o que humaniza você, e nos fascina.
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