Imagina você se esforçar para ser um bom profissional, se doar para realizar um serviço bem feito, ajudar no crescimento da empresa que trabalha e descobrir que seu colega de serviço, que realiza a mesma função que a sua, recebe mais por ser homem. É injusto, mas é a realidade de muitas de nós, mulheres, dentro das corporações.
Desde que fomos inseridas no mercado de trabalho estamos sendo direcionadas a trabalhar em larga escala por salários mais baixos. De lá pra cá pouca coisa mudou. Mesmo com a nossa contribuição positiva no mercado de trabalho os cargos de chefia melhores remunerados continuam distantes.
As lutas e as tentativas de melhoria de igualdade fizeram com que nós conseguíssemos direitos garantidos por lei. Porém mesmo asseguradas pela lei que garante que todo trabalho de igual valor deve corresponder a salário, igual sem distinção de sexo, ainda não ganhamos igual a eles. E o que nos impede? Por que ganhamos menos se trabalhamos três horas a mais que homens entre as jornadas de trabalho mais as tarefas domésticas? Já que somos a maioria com grau de escolaridade em um país que precisa de mão de obra qualificada?
A hierarquia de valores da sociedade considera a natureza feminina capacitada para cuidados da família, enquanto que a masculinidade se sustenta nos modelos de poder. O preconceito nas empresas é evidente quando a maternidade existe e com ela vem o afastamento por licença e as jornadas duplas de trabalho. O estigma de que as mulheres são frágeis e a crença que os cargos de liderança devem ser destinados aos homens persiste nas promoções e nas contratações de empresas fazendo com que o sentimento de desvalorização continue entre elas.
Os padrões de gêneros ainda são percebidos apenas como biológicos, quando na verdade é cultural e social. Para mudar essa condição de injustiça é preciso incentivar a discussão de igualdade de gênero nas escolas. Além da educação das crianças, as empresas devem apostar na diversidade de gênero e saber identificar a qualidade dos serviços de suas profissionais. Quanto ao governo as fiscalizações e multas por salários desiguais diminuiriam muito as diferenças que nos atrapalham.
A expectativa para mudança não é animadora, a estimativa é que as profissionais femininas receberão o mesmo salário que seus colegas do sexo masculino apenas em 2047, de acordo com relatório “A distância que nos une: um retrato das desigualdades brasileiras”. Então quer dizer que vamos ter que esperar quase 30 anos para conseguir as mesmas oportunidades de trabalho? A resposta será não, apenas se as empresas apostarem na diversidade de gênero e entenderem que o lugar da mulher é onde ela quiser.
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