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Bocão 64

sábado, 30 de julho de 2022

Jovem que abortou em El Salvador é condenada a 50 anos de prisão


Um tribunal salvadorenho condenou uma mulher de 21 anos que abortou após uma emergência obstétrica a 50 anos de prisão pelo crime de homicídio agravado, informou nesta segunda-feira (4) uma organização que a defende. El Salvador é um dos países com algumas das leis mais rígidas contra o aborto.

De acordo com o relatório do Grupo Cidadão para a Descriminalização do Aborto, na noite de 17 de junho de 2020, a mulher, identificada como Lesly Ramírez, teve uma emergência enquanto estava em sua casa e que a situação a levou a ter um parto de seu feto de cerca de cinco meses.

A família e os vizinhos da jovem, então com 19 anos, chamaram a polícia para levá-la a um hospital público no departamento de San Miguel, informou a ONG.

Em 26 de junho de 2020, um juiz de instrução ordenou a prisão provisória de Ramírez, apesar de ela não estar presente na audiência devido ao seu delicado estado de saúde. Em meados da semana passada, um tribunal a condenou a 50 anos de prisão pelo crime de homicídio agravado.

“As organizações de mulheres rejeitam a decisão judicial e vão recorrer. Esta é a primeira vez na história que a pena máxima é aplicada desde que o aborto foi absolutamente criminalizado”, disse a organização feminista em comunicado.

A Promotoria, no entanto, argumentou em nota que a pena severa foi imposta porque a jovem assassinou a recém-nascida após causar vários ferimentos no pescoço com uma faca.

Apesar de nos últimos anos ter ocorrido um avanço da “maré verde” na América Latina em busca de acesso ao aborto legal e seguro, o procedimento, sem restrição de motivos, só é permitido em poucos países.

Junto com Nicarágua, Honduras e República Dominicana, El Salvador é um dos quatro países latino-americanos que proíbem o aborto sem exceção.

Injeção contra o câncer de mama inicial tem bons resultados em testes em animais


Um novo estudo em fase pré-clínica (não testado em humanos) para tratamento do câncer de mama em estágio inicial se mostrou promissor em eliminar completamente a doença de uma forma menos invasiva que as terapias convencionais. Os resultados foram publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Science.

De modo geral, o câncer de mama é o tumor mais frequente nas mulheres do mundo inteiro. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2020, havia 2,3 milhões de mulheres diagnosticadas com câncer de mama e 685 mil mortes globais.

No Brasil, as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que cerca de 66.280 pessoas devem ser diagnosticadas anualmente com câncer de mama. No que se refere ao número de mortes pela doença, o levantamento do Inca mostrou que 18.032 morrem anualmente no país em decorrência do tumor.

Já nos Estados Unidos, esse tipo de câncer afeta 69 mil mulheres a cada ano, e em vários casos, elas acabam fazendo cirurgia de remoção de mama e tratamentos de radiação para esses cânceres muito precoces.

Em outras situações, alguns pacientes recebem quimioterapia ou terapias hormonais, explicou a autora principal do estudo Saraswati Sukumar, professor de oncologia e patologia da Universidade de Johns Hopkins.

Agora, o trabalho realizado em camundongos fornece uma forte base pré-clínica para a realização de ensaios de viabilidade e segurança com pacientes que têm câncer de mama em estágio 0, também conhecido como carcinoma ductal in situ (DCIS), de acordo com os autores.

O tumor DCIS é caracterizado pela presença de células pré-cancerosas anormais dentro dos ductos de leite na mama. Nesta fase da doença, as células cancerosas estão somente na camada da qual elas se desenvolveram e ainda não se espalharam para outras camadas do órgão de origem.
Menos invasivo
Pensando em evitar um tratamento invasivo como mastectomia (retirada da mama), a equipe de pesquisa propôs uma tipo de terapia que consiste na aplicação de uma injeção com a droga imunotoxina pelo duto mamário, que poderia poderia resultar na limpeza do DCIS.

“Para nossa grande surpresa, as drogas “mataram” todas as lesões presentes naquele ducto mamário. Eu nunca tinha visto resultados tão expressivos em minha vida”, disse Sukumar.

Durante suas investigações com camundongos, os pesquisadores primeiro avaliaram os efeitos de morte celular de HB21(Fv)-PE40, uma imunotoxina direcionada, em quatro linhagens celulares de diferentes subtipos moleculares de câncer de mama.

Essa toxina consiste em HB21, um anticorpo monoclonal (proteína que pode se ligar a um alvo específico — neste caso, ao receptor de transferrina humana (TRF), uma proteína transportadora encontrada em câncer de mama).

A HB21 foi fundido ao PE40, um fragmento de uma toxina bacteriana que interrompe a produção de proteínas nas células e leva à morte celular.

As descobertas mostraram que essa infusão induziu fortes efeitos de morte do tumor em todas as linhagens celulares.

Os pesquisadores também administraram o tratamento em 10 camundongos para procurar toxinas circulando no sangue após o tratamento e não encontraram-nas entre cinco e 30 minutos após a injeção.

Sem recorrência do tumor
A equipe de pesquisa dividiu os camundongos em dois grupos diferentes para administrar o tratamento a fim de comparar o resultado o MCF7 e o SUM225. Ambos possuíam o tumor DCIS.

O primeiro grupo, MCF7, foi administrado uma vez por semana durante três semanas. Os tratamentos foram acompanhados com imagens não invasivas. Para comparar, eles também administraram a injeção no corpo dos camundogos e também injetaram o anticorpo HB21 sozinho nos dutos em alguns dos animais.

Os resultados mostraram que os animais que receberam injeções de tratamento com toxinas HB21 (Fv)-PE40 no corpo tiveram um crescimento tumoral mais lento. No entanto, os tumores recorreram após a interrupção do tratamento por volta do 26º dia.

Aqueles que receberam o HB21 sozinho nos dutos tiveram tumores invasivos no 61º dia após a injeção.

Já os camundongos que receberam o tratamento direto nos ductos mamários, tiveram os tumores completamente eliminados duas semanas após a conclusão de dois dos três tratamentos propostos, e nenhuma recorrência foi detectada por imagem mesmo após 61 dias da injeção de HB21 (Fv)-PE40.

Para monitorar a evolução do tratamento, os pesquisadores realizaram exames de patologia das glândulas mamárias no 32ª segundo dia. Eles descobriram que as células tumorais estavam ausentes e a arquitetura era consistente com as glândulas mamárias normais.

No segundo grupo (SUM225), os pesquisadores experimentaram um piloto com o tratamento com toxina que mostrou a eliminação de tumores em apenas duas semanas de tratamento, conforme visto por imagem. Não houve recorrência da doença até o encerramento do experimento, 48 dias depois.

Para rastrear, um segundo experimento testou a mesma dose em um grupo e 1/10 da dose do tratamento em outro, bem como o anticorpo HB21 sozinho, em algumas amostras.

Na maioria das glândulas mamárias não houve incidência de tumor após o tratamento intraductal completo, com efeitos mais fracos observados no grupo que recebeu a dose mais baixa.

Os resultados também mostraram que os tumores SUM225 crescem agressivamente no local do ducto. Estudos de patologia demonstraram que o anticorpo HB21 sozinho teve pouco efeito, enquanto o tratamento conjugado de imunotoxina (HB21 (Fv)-PE40.) mostrou um efeito significativo na redução do tumor.

O tratamento foi bem tolerado, sem efeitos colaterais da toxina ou injeção.

Como funcionaria a injeção em humanos
Como o estudo ainda está na fase pré-clínica, os especialista do Inca explicaram que, caso avance, o tratamento pode se mostrar útil para outros tipos de tumores.

“Sem dúvida que a estratégia pode ser útil para os tumores que expressarem altos níveis de transferrina humana receptora (TRF). No câncer de mama o TRF é expresso em vários subtipos, o que pode ser um alvo promissor”, disseram

Contudo, apontam que os ensaios podem apresentar outros resultados quando mudarem de fase.

“Muitas substâncias que apresentam sucesso em ensaios nos modelos animais não atingem a mesma resposta em humanos. Por isso, como a pesquisa é muito preliminar, embora com resultados interessantes em animais, devemos aguardar os estudos clínicos para sabermos quão bem ela funcionaria no mundo real”, avaliou o Inca.

Para os especialistas do instituto nacional, ainda há á um caminho muito longo a percorrer para que possamos afirmar algo com relação a este estudo.

“Na prática é apenas mais um possibilidade ainda. Mas o trabalho segue uma tendência interessante que temos visto em outras estratégias, inclusive para tumores de mama”, disse o Inca.

Identificando o câncer de mama precocemente
A injeção proposta para pacientes de câncer de mama teve bons resultados na fase pré-clínica porque o turmor estava em estágio inicial. À CNN, a oncologista Débora Gagliato, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, contou que quando diagnosticado precocemente, as chances de cura do câncer de mama tendem a ser “altíssimas”.

“Hoje, um tumor adequadamente manejado, diagnosticado precocemente, localizado apenas na mama, tem chances de cura bem elevadas, da ordem dos 95% [de chances]”, explicou.

Em alguns casos, os sintomas iniciais podem aparecer por meio de um nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor: é a principal manifestação da doença, estando presente em cerca de 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria mulher.

Algumas manchas avermelhadas, e mama retraída ou parecida com casca de laranja. Os sintomas também incluem alterações no bico do peito, pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço e saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos, segundo o Inca.

Mas, nem sempre o tumor é diagnosticado precocemente — o que dificultaria as chances de cura. Gagliato explicou que em alguns casos pode não haver qualquer sintoma. “Muitas vezes o câncer de mama não manifesta sintomas, por isso a importância dos exames de rastreio”, avaliou.

Segundo a oncologista, os principais exames para diagnóstico são a mamografia e ultrassonografia de mama. “Depois, outros exames adicionais, como a ressonância [magnética], podem ser importantes dependendo do contexto, da densidade mamária, da história familiar ou fatores genéticos”, afirma.

Para o Inca, quanto mais pudermos direcionar a toxicidade de fármacos e toxinas para o tumor, maiores chances temos de encontrar tratamentos que mudem o curso dos tumores que mais afligem a população hoje em dia, como o câncer de mama, o mais incidente no mundo.

Diagnosticar precocemente seria o cenário ideal para o tratamento de injeção específica dos pesquisadores da Universidade de Johns Hopkins.

De acordo com Sukumar, o estudo clínico [em humanos] deve avançar. “Uma ou duas semanas antes da cirurgia, os cientistas podem administrar às mulheres uma dose baixa de HB21(Fv)-PE40 através de um único duto e usar doses crescentes lentamente para determinar se alguma imunotoxina escapa dos dutos para a corrente sanguínea e afeta a função hepática. Eles também examinaria os ductos após a remoção da mama para procurar alterações no tecido e seu efeito em lesões pré-cancerosas”, finalizou.

Caixa terá espaço dedicado exclusivamente a atender mulheres


Até o início de agosto, cerca de 100 agências e postos de atendimento da Caixa deverão contar com um espaço criado especialmente para proteção e promoção do público feminino. A previsão foi antecipada pela nova presidente do banco estatal, Daniella Marques, entrevistada do programa A Voz do Brasil desta segunda-feira (11)

De acordo com a presidente da Caixa, no local, o público feminino poderá se informar sobre canais de denúncia dos crimes contra mulheres. E também sobre serviços como abertura de empresas e crédito. Segundo ela, mulheres são donas de 80% da decisão de consumo, mas apenas 20% do crédito.

Canal interno
O mesmo processo de acolhimento está sendo implementado na Caixa para as 35 mil funcionárias que trabalham no banco. “Eu quero me aprofundar nas questões profissionais e aonde estão as barreiras internas para que a gente capacite lideranças, que a gente vocacione o time de mulheres que trabalham na Caixa”.

Rumos da Caixa
A nova presidente da estatal falou sobre as primeiras medidas tomadas após tomar posse como presidente. “Tive orientação do alto comando da Caixa para promover o afastamento de algumas pessoas. Estou trazendo outros consultores estratégicos, da minha confiança, cada um especializado em um tema”, disse, citando áreas como gestão de pessoas, empreendedorismo, de crédito entre outras.

De qualquer forma, Daniella garante que a vocação do banco será mantida: “A Caixa é o banco do social, é o banco do cidadão é o banco que está presente na vida dos brasileiros no dia a dia, que opera os benefícios sociais do governo federal. É o banco que está presente na habitação, que está presente no FGTS, que opera as loterias quando vai fazer a fezinha no domingo. O que a gente quer é reforçar esse enfoque no cidadão e também atuar muito próximo às prefeituras, aos municípios nos projetos ligados a saneamento à iluminação pública, creches, escolas.”

Daniella destacou na entrevista que o objetivo é usar o empreendedorismo como ferramenta de transformação social. “A gente quer apoiar o cidadão brasileiro na sua independência financeira, na realização dos seus sonhos e também estar presente na vida deles em parceria com as prefeituras para estar desenvolvendo projetos de utilidade pública”.

Mulheres no setor de saúde e assistência ganham 24% menos que os homens, diz OMS


As mulheres no setor de saúde e cuidados enfrentam uma maior disparidade salarial em comparação aos homens do que em outros setores econômicos. Em média, elas ganham 24% menos do que seus pares do sexo masculino.

Os dados são de um novo relatório conjunto da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta quarta-feira (13).

Uma das análises mais abrangentes do mundo sobre desigualdades salariais de gênero na saúde, o relatório revela uma disparidade salarial bruta de aproximadamente 20 pontos percentuais, que salta para 24 pontos percentuais ao levar em conta fatores como idade, educação e tempo de trabalho.

O relatório destaca que as mulheres são mal remuneradas por seus atributos do mercado de trabalho quando comparadas aos homens e afirma que grande parte da diferença salarial é inexplicável e pode ser associada à discriminação em relação às mulheres, que representam 67% dos profissionais de saúde e assistência em todo o mundo.

O documento aponta que os salários no setor de saúde e cuidados tendem a ser mais baixos em geral, quando comparados com outros âmbitos da economia. Os achados vão ao encontro da constatação de que os salários geralmente são mais baixos em setores econômicos onde as mulheres são predominantes.

No contexto da pandemia de Covid-19, que destacou o papel crucial desempenhado pelos profissionais de saúde e assistência, o estudo indica que foram poucas as melhorias na igualdade salarial entre 2019 e 2020.

As disparidades salariais também apresentam grande variação em diferentes países. As diferenças de remuneração tendem a ser maiores nas categorias salariais mais altas, onde os homens ocupam a maior parte dos cargos. Enquanto isso, mulheres são maioria nas categorias de remunerações mais baixas.

“As mulheres constituem a maioria dos trabalhadores no setor de saúde e assistência, mas em muitos países os preconceitos sistêmicos estão resultando em penalidades salariais perniciosas contra elas”, disse Jim Campbell, diretor de Força de Trabalho da Saúde da OMS.

Os impactos podem ser ainda mais notáveis para as mães que trabalham no setor de saúde e assistência. Durante os anos reprodutivos de uma mulher, as disparidades salariais no setor aumentam significativamente. Essas lacunas persistem por todo o resto da vida profissional da mulher, segundo o estudo.

O relatório aponta que uma divisão mais equitativa dos deveres familiares entre homens e mulheres pode, em muitos casos, levar as mulheres a fazer escolhas profissionais diferentes.

A análise também analisa os fatores que estão impulsionando as disparidades salariais de gênero no setor. As diferenças de idade, educação, tempo de trabalho e a diferença na participação de homens e mulheres nos setores público ou privado abordam apenas parte do problema.

As razões pelas quais as mulheres recebem menos do que os homens com perfis semelhantes no mercado de trabalho no setor de saúde e assistência em todo o mundo permanecem, em grande parte, sem explicação por fatores do mercado de trabalho, diz o relatório.

“O setor de saúde e assistência tem sofrido com baixos salários em geral, disparidades salariais teimosamente grandes e condições de trabalho muito exigentes. A pandemia de Covid-19 expôs claramente esta situação, ao mesmo tempo que demonstrou o quão vital o setor e os seus trabalhadores são para manter as famílias, sociedades e economias em funcionamento”, disse Manuela Tomei, diretora do Departamento de Condições de Trabalho e Igualdade da Organização Internacional do Trabalho.

Segundo Manuela, a melhoria na oferta de serviços de saúde e assistência está associada diretamente às condições de trabalho, o que envolve uma remuneração mais justa.

“Chegou a hora de uma ação política decisiva, incluindo o diálogo político necessário entre as instituições. Esperamos que este relatório detalhado  e confiável ajude a estimular o diálogo e as ações necessárias para criar isso”, afirma.

Brasil tem quase cinco milhões de mulheres a mais que homens, diz IBGE


A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (22), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, em 2021, 51,1% da população brasileira era do sexo feminino. O dado representa 4,8 milhões de mulheres a mais que homens no país.

O trabalho aponta a existência de 108,7 milhões de mulheres e 103,9 milhões de homens, em um contingente populacional de 212,6 milhões de pessoas. A participação feminina na população é superior à masculina desde o início da série histórica, em 2012.

Segundo o IBGE, há 95,6 homens para cada 100 mulheres no Brasil. Uma lógica que se reproduz em quase todas as regiões do país. Apenas no Norte a lógica é diferente: há 102,3 homens a cada 100 mulheres.

A pesquisa apontou que, entre 2012 e 2021, houve redução dos percentuais de mulheres e homens em todas as faixas etárias até 34 anos. Nas faixas etárias acima de 34 anos, houve crescimento tanto para os homens quanto para as mulheres. O levantamento também mostrou que a população masculina tem um padrão mais jovem.

“Nos grupos de idade de 0 a 4 anos e de 5 a 9 anos é observada uma razão de sexo (população masculina em relação à população feminina) mais elevada quando comparados aos demais grupos etários, sendo, respectivamente, de 104,8 e 104,7 homens para cada 100 mulheres nesses grupos”, diz um trecho do relatório da pesquisa.

No entanto, o órgão ressalta que, como a mortalidade dos homens é maior em cada uma das faixas etárias, a razão de sexo tende a reduzir com o aumento da idade.

“No grupo etário de 25 a 29 anos, o contingente de homens e de mulheres era similar, correspondendo, cada um, a 4,0% da população total. A partir dos 30 anos, o percentual de mulheres era superior ao dos homens em todos os grupos de idade, sendo a proporção de 26,6% e 29,5%, respectivamente, de homens e mulheres”, explica a pesquisa.

Entre os idosos, também há uma concentração maior de mulheres. Segundo o IBGE, a razão de sexo calculada para as pessoas a partir dos 60 anos é de aproximadamente 78,8 homens para cada 100 mulheres. Em relação à população a partir dos 70 anos, a razão é ainda menor. São 71,8 homens para cada 100 mulheres.

Segundo o instituto, a explicação para o fenômeno é o fato de a expectativa de vida entre as mulheres ser maior.

Mais de 160 milhões de mulheres não têm acesso a anticoncepcionais, diz estudo


Mais de 160 milhões de mulheres e adolescentes não tiveram acesso a métodos contraceptivos no mundo em 2019. Os dados são de um dos mais amplos estudos sobre o tema, publicado nesta quinta-feira (21), na revista científica “The Lancet”.

A pesquisa apresenta estimativas do uso, da necessidade e dos diferentes tipos de anticoncepcionais em todo o mundo em um contínuo de 1970 a 2019. Os índices apontam estatísticas por país, faixa etária e estado civil.

De acordo com o estudo Carga Global de Morbidade (Global Burden of Disease), a expansão do acesso à contracepção está ligada ao empoderamento social e econômico das mulheres e a melhores resultados de saúde, além de ser um objetivo fundamental de iniciativas internacionais e um indicador dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O uso de anticoncepcionais também está relacionado a reduções na mortalidade materna e neonatal, prevenindo gravidez indesejada. Segundo o estudo, ao permitir que as mulheres planejem o momento da gestação, a contracepção também contribui para que adolescentes e mulheres permaneçam na escola.

Análise
Com base em dados de 1.162 pesquisas representativas sobre o uso de anticoncepcionais pelas mulheres, os autores usaram modelagem para produzir estimativas nacionais de vários indicadores de planejamento familiar, incluindo a proporção de mulheres em idade reprodutiva (no estudo, entre 15 e 49 anos) que usam qualquer método anticoncepcional.

A análise estimou também a proporção das mulheres em idade reprodutiva que utilizam métodos modernos, os tipos de anticoncepcionais em uso, demanda satisfeita com métodos modernos e necessidade não atendida de qualquer método anticoncepcional.

No estudo, a necessidade de contracepção foi definida considerando mulheres casadas ou solteiras, sexualmente ativas, capazes de engravidar e não querendo ter um filho dentro de dois anos, ou se estivessem grávidas ou acabassem de dar à luz, mas teriam preferido adiar ou prevenir sua gravidez.

Lacunas permanecem após progresso global
Desde 1970, o mundo tem visto aumentos no uso de contraceptivos, impulsionados por uma mudança significativa do uso de métodos tradicionais menos eficazes para o uso de contraceptivos modernos e mais eficazes, incluindo pílulas anticoncepcionais orais, dispositivo intrauterino (DIU) e métodos de esterilização masculinos e femininos.

Em todo o mundo, a proporção de mulheres em idade reprodutiva usando métodos contraceptivos modernos aumentou de 28% em 1970 para 48% em 2019. A demanda satisfeita aumentou de 55% em 1970 para 79% em 2019.

No entanto, o estudo da “Lancet” aponta que ainda existem lacunas significativas quanto ao uso. Apesar dos aumentos, 163 milhões de mulheres, para as quais a contracepção foi necessária em 2019, não estavam utilizando nenhum tipo de método para prevenir a gravidez à época.

“Todas as mulheres e adolescentes podem se beneficiar do empoderamento econômico e social que os contraceptivos podem oferecer. Nossos resultados indicam que onde uma mulher vive no mundo e sua idade ainda afetam significativamente o uso de contraceptivos”, afirma a pesquisadora Annie Haakenstad, do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME, na sigla em inglês), da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

Disparidades entre os países
Em 2019, a disponibilidade de contraceptivos ainda apresentava diferenças notáveis entre as regiões e entre os diferentes países.

Sudeste Asiático, Leste Asiático e Oceania tiveram o maior uso de anticoncepcionais modernos (65%) e satisfação (90%). Por outro lado, a África Subsaariana teve o menor uso dos dispositivos (24%) e também de satisfação (52%).

Na comparação entre os países, os níveis de uso de contraceptivos mais modernos variaram de 2% no Sudão do Sul a 88% na Noruega. A necessidade não atendida foi maior no Sudão do Sul (35%), na República Centro-Africana (29%) e em Vanuatu (28%) em 2019.

A Iniciativa de Planejamento Familiar 2020 estabeleceu a meta de aumentar o número de mulheres que usam contracepção moderna em 120 milhões entre 2012 e 2020 em 69 países prioritários.

O estudo estimou que o número de mulheres em uso de contracepção aumentou em 69 milhões entre 2012 e 2019 nesses países (excluindo o Saara Ocidental), deixando 51 milhões aquém da meta se esses níveis permanecerem inalterados em 2020.

Lacuna maior entre mulheres jovens
O estudo aponta que, em comparação com outros grupos, mulheres e adolescentes nas faixas etárias de 15 a 19 e 20 a 24 anos têm as menores taxas de demanda atendida globalmente – estimadas em 65% e 72%, respectivamente. O estudo aponta que as maiores lacunas globais foram identificadas entre mulheres jovens e casadas.

Aquelas com idades entre 15 e 24 anos representam 16% da necessidade total, mas 27% das necessidades não atendidas – totalizando 43 milhões de mulheres jovens e adolescentes em todo o mundo que não tiveram acesso aos contraceptivos de que precisavam em 2019.

“É importante ressaltar que nosso estudo chama a atenção para o fato de as mulheres jovens estarem super-representadas entre aquelas que não podem acessar a contracepção quando precisam. Estas são as mulheres que mais têm a ganhar com o uso de contraceptivos, uma vez que adiar a gravidez pode ajudar as mulheres a permanecer na escola ou a obter outras oportunidades de formação e a entrar e manter um emprego remunerado”, afirma Annie.

Variedade contraceptiva
O estudo da “Lancet” aponta, ainda, que a falta de variedade contraceptiva pode significar que não há opções adequadas para certos grupos populacionais. Os achados indicam que os tipos de métodos contraceptivos em uso variam significativamente de acordo com o local.

Os autores sugerem que a predominância de métodos únicos pode indicar a falta de escolhas adequadas para mulheres e meninas adolescentes, por exemplo.

Em 2019, a esterilização feminina e as pílulas orais foram os principais contraceptivos na América Latina e no Caribe, diferentemente de países de alta renda que concentraram o uso de pílula e preservativos, enquanto o DIUs e preservativos foram os métodos mais usados na Europa Central e Oriental e na Ásia Central.

A esterilização feminina representou mais da metade de todo o uso de anticoncepcionais no Sul da Ásia. Além disso, em 28 países, mais da metade das mulheres estava usando o mesmo método, indicando que pode haver uma disponibilidade limitada de opções nessas áreas.

“A diversificação de opções em áreas que podem depender excessivamente de um método pode ajudar a aumentar o uso de anticoncepcionais, principalmente quando o método mais usado é permanente. Para ampliar o acesso, instamos os formuladores de políticas a usar essas estimativas para observar como a escolha contraceptiva interage com a idade e o estado civil em seus países”, afirma o professor Rafael Lozano, da Universidade de Washington.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

“Qual ameaça que eu estou oferecendo à democracia?”, diz Bolsonaro sobre carta


O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a fazer críticas, nesta quinta-feira (28), ao manifesto pela democracia, assinado por personalidades de renome, e questionou que tipo de ameaça ele próprio estaria representando às instituições do país.

Em conversa com apoiadores em Brasília, Bolsonaro disse que a atitude de alguns banqueiros de assinar a carta é uma retaliação à implantação do sistema PIX — mesmo argumento citado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), para condenar o documento, na última terça (26).

“Foi no nosso governo a criação do PIX. Alguém falou ‘vamos taxar’, eu falei ‘não, não tem taxação não’.”

Esse negócio de carta aos brasileiros, à democracia, os banqueiros estão patrocinando. É o PIX, que eu dei uma paulada neles. Os bancos digitais, que nós facilitamos, também. Nós estamos acabando com o monopólio dos bancos. Eles estão perdendo poder. Carta pela democracia. Qual ameaça que eu tô oferecendo à democracia?”, questionou Bolsonaro.

O presidente já havia feito críticas à iniciativa, que surgiu da iniciativa de alunos, professores e diretoria da Faculdade de Direito da USP (FDUSP). Ontem, durante a convenção do PP, Bolsonaro disse que não precisa de “cartinha” para demonstrar seu apoio às instituições.

Com mais de 210 mil assinaturas até a manhã desta quinta-feira, a carta reúne personalidades de renome, ex-ministros do STF e ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por exemplo. O documento não cita Bolsonaro.

A “Carta aos Brasileiros” será lida pelo ex-presidente do STF Celso de Mello em um ato na FDUSP, no largo São Francisco, em São Paulo, no dia 11 de agosto.

A divulgação do documento foi antecipada pelo analista da CNN Caio Junqueira.

Em entrevista à CNN nesta quarta, o diretor da FDUSP, Celso Fernandes Campilongo, afirmou que o manifesto é uma reação aos ataques a tribunais, ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas.

Segundo explicou, essa situação “tem claramente um intuito de gerar desconfiança em relação às instituições”.

*Publicado por Marcelo Tuvuca

Quarta dose da vacina contra a covid-19 pode dar reação mais forte?


Desde março, o Ministério da Saúde recomenda a aplicação da segunda dose de reforço da vacina contra a covid-19.

A chamada quarta dose —para quem iniciou a vacinação com Pfizer, CoronaVac ou AstraZeneca— é necessária porque a proteção contra a doença cai ao longo do tempo. E, assim como foi na aplicação de outras doses, algumas pessoas que estão recebendo o imunizante têm sofrido reações como febre e dores no corpo. Mas por que isso acontece? A quarta dose gera mais efeitos adversos? Explicamos a seguir.

Por que temos reação às vacinas?
Reações são algo totalmente normal e esperado ao receber qualquer imunizante —o que não significa que você sempre vá sofrer com efeitos adversos ao ser vacinado. As reações podem ocorrer pois, para que nosso organismo gere uma resposta imunológica, as vacinas provocam uma inflamação. Esse processo inflamatório é que pode causar sintomas como dor no braço, dor de cabeça ou no corpo, febre baixa, indisposição, diarreia etc.

"Qualquer vacina pode gerar reação, é esperado, o corpo reconhece aquilo como uma agressão e vai usar diferentes ferramentas para combatê-la", explica Marcelo Ducroquet, infectologista e professor da Universidade Positivo, em Curitiba (PR).

Os tipos e a intensidade dos sintomas variam de pessoa para pessoa e não querem dizer que a vacina gerou mais ou menos anticorpos.

A quarta dose dá reação mais forte?
Isso não é o esperado. Geralmente, após tomar uma vacina, as doses sequentes tende a provocar efeitos adversos mais fracos, pois o nosso organismo já conhece o antígeno e sabe que não precisa reagir tão fortemente a ele.

Em estudos com a Pfizer e a Moderna nos EUA, por exemplo, houve diminuição de efeitos colaterais a cada dose. "Talvez, quem tomar na quarta dose a mesma vacina que recebeu anteriormente não sinta nada ou tenha poucos efeitos adversos", diz Ducroquet.

Mas por que há gente sofrendo forte reação? Segundo Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), provavelmente, essas pessoas receberam na segunda dose de reforço um imunizante de fabricante diferente do que nas doses anteriores. Então, como o organismo ainda não teve contato com aquele antígeno específico, a reação inflamatória tende a ser mais forte.

"Mas são efeitos adversos leves, tranquilos e benignos", explica Diniz. Entre os sintomas mais comuns estão febre, dor de cabeça, dores no corpo e dor no local de aplicação, que costumam sumir em até dois dias e podem ser aliviados com uso de analgésicos. Entre prós e contras, os especialistas recomendam que, quem já pode, deve tomar o quanto antes a quarta dose.

"Os benefícios superam os riscos. A covid está deixando muitas sequelas, a possibilidade de um evento adverso pós-vacina é muito menor do que o risco de contrair a doença e ela evoluir de forma não esperada", afirma Lorena Diniz.

Além disso, baixas coberturas vacinais possibilitam a manutenção da circulação do vírus, o que permite a formação de novas cepas que podem gerar outros picos de infecção e mortes, como vimos com a ômicron.

É relaxante, mas será que banho muito quente faz mal? De que maneira?


No inverno, nos dias frios ou até mesmo depois de um dia exaustivo, poucas coisas são melhores que um bom banho quente, não é mesmo? Mas é preciso ter alguns cuidados e estabelecer limites.

Quando a água está muito quente, ela acaba trazendo consequências negativas para a pele, para os cabelos e até mesmo para o funcionamento interno do corpo. A temperatura média do corpo humano está em torno de 36ºC e 37ºC, quando somos expostos a temperaturas muito altas, essa temperatura é alterada e elevada.

Isso pode até mesmo impactar na pressão sanguínea. O aumento de pressão decorrida do calor altera o fluxo sanguíneo pelas veias e a circulação de oxigênio, causando tontura, falta de ar, dor de cabeça, entre outros sintomas.

Além disso, A pele resseca com a alta temperatura, podendo até mesmo desenvolver dermatites [inflamações cutâneas]. Qualquer doença de pele pode ser agravada por um banho muito quente. Nos cabelos, a oleosidade aumenta, predispondo à caspa.

Quais os malefícios para o cabelo?
Os problemas mais comuns são o aumento da oleosidade, a caspa e a queda. Os banhos muito quentes podem deixar seu cabelo sem brilho, opaco, fraco e quebradiço.

A melhor temperatura para os fios é sempre a água gelada, no máximo morna.

Quais os malefícios para a pele?
A pele é muito afetada pela alta temperatura do banho. A epiderme, parte superficial da pele, possui uma camada protetora que é "removida" quando entra em contato com a água muito quente. Sem essa proteção, a pele fica exposta.

A água muito quente ainda remove os óleos naturais da pele, dilata os poros e favorece a liberação de glândulas sebáceas, causando coceiras e favorecendo o surgimento de de acnes.

Outra coisa que pouca gente sabe é que, quando tomamos banho muito quente, o sangue que trabalhava na digestão precisa ser deslocado para a pele, afim de protegê-la; fazendo assim com que o processo digestivo fique prejudicado.

Qual a temperatura ideal para o banho?
Os especialistas em saúde afirmam que o banho morno é a melhor opção em qualquer estação do ano. Com a temperatura da água em torno de 37ºC, que se assemelha a nossa temperatura corporal. Mesmo assim, ele não deve durar mais do que 10 minutos —melhor ainda se for 5 minutos— para não ressecar a pele e economizar água.

Mas, o banho acima de 38ºC, tomado de forma moderada, também pode trazer benefícios como:

Relaxar os músculos: A temperatura quente do banho provoca vasodilatação. Ao ser ativada a circulação, chega mais oxigênio aos músculos, o que facilita o alívio de dores e tensão.

Combater o estresse: A parte emocional também pode ser beneficiada com um bom banho quente, já que ele auxilia na diminuição da ansiedade e do estresse.

Diminuir a obstrução nasal: Se você estiver com nariz entupido, o que é bastante comum em casos de rinite, sinusite, gripe ou resfriado, um banho quente pode ajudar, já que o ar quente e úmido, ao ser inalado, auxilia a abrir as cavidades nasais.

Eliminar células mortas: Não à toa um dos procedimentos da limpeza de pele é direcionar vapor para a área a ser tratada. O calor estimula a abertura dos poros e eliminação de células mortas.

Quando a vacina contra a varíola dos macacos deve estar disponível no Brasil?


A vacinação contra o vírus monkeypox, o causador da doença conhecida popularmente como varíola dos macacos, já está acontecendo em alguns países do Hemisfério Norte, como Reino Unido e Espanha.

Por ora, não existe nenhuma previsão certeira de quando as primeiras doses devem chegar ao Brasil — o Ministério da Saúde diz que mantém conversas com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), para adquirir o imunizante.

Existe uma expectativa de que o decreto de emergência de saúde pública de importância internacional, feito pela OMS em 23 de julho, possa agilizar as negociações ou os processos regulatórios e garantir a proteção a alguns grupos específicos.

Entenda a seguir que vacinas são utilizadas, quem são os primeiros a tomar as doses e como autoridades nacionais e internacionais estão trabalhando para ampliar a oferta do imunizante contra o monkeypox.

A virologista Clarissa Damaso, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que os patógenos deste grupo (os orthopoxvirus) costumam conferir uma espécie de "proteção cruzada" — se você se infecta com um deles, o sistema imune gera uma resposta capaz de bloquear a invasão dos demais.

"Algumas cepas do vaccinia são pouco virulentas, o que as torna um alvo frequente de estudos para novas vacinas", diz a especialista.

O imunizante da Bavarian Nordic, que começou a ser utilizado há pouco para conter o monkeypox em algumas partes do mundo, se vale justamente dessa estratégia: ela traz o vírus vaccinia atenuado (mais "fraquinho"), que vai promover justamente essa imunidade cruzada.

Que vacina é essa?
Há cerca de uma década, a farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic desenvolveu um imunizante a partir do vírus vaccinia, que pertence à mesma família do smallpox (o causador da varíola humana) e do monkeypox.

Nos Estados Unidos, ela é conhecida como Jynneos. Já na Europa, o nome deste produto é Imvanex.

"Trata-se de um vírus tão atenuado que ele nem consegue se replicar nas células humanas. Mesmo assim, ele gera uma resposta imune que protege contra o monkeypox", explica Damaso.

A Jynneos/Imvanex é aplicada num esquema de duas doses, com um intervalo de quatro semanas entre a primeira e a segunda.

Algumas autoridades locais estão optando por dar apenas uma dose por pessoa, dada a escassez desse imunizante no momento atual.

A própria Bavarian Nordic está ampliando sua capacidade produtiva e, segundo uma reportagem da agência de notícias financeiras Bloomberg no Reino Unido, está considerando iniciar uma operação emergencial, mantendo a fabricação por 24 horas ao dia, para atender o aumento da demanda por doses.

Além desta vacina, os Estados Unidos possuem uma segunda opção disponível, conhecida como ACAM2000. Ela, porém, não pode ser utilizada em alguns grupos com problemas no sistema imunológico.

Além desses dois recursos, há estudos demonstrando que pessoas vacinadas contra a varíola humana, causada pelo vírus smallpox, também estão mais protegidas do monkeypox.

Como o smallpox foi erradicado e não circula mais pelo mundo, a produção desses imunizantes em específico foi completamente paralisada e a campanha de vacinação não acontece desde o início dos anos 1980.

Mesmo assim, pessoas com mais de 40 anos que tomaram as doses contra a varíola humana durante a infância parecem manter um bom nível de proteção agora.


domingo, 24 de julho de 2022

Após reajuste da Petrobras, preço médio da gasolina fica abaixo dos R$ 6

A gasolina apresentou uma queda de quase 3% nesta semana, sendo encontrada, em média, a R$ 5,89 no país, segundo o levantamento divulgado nesta sexta-feira (22) pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O litro não baixava dos R$ 6 desde agosto do ano passado. Na semana anterior, o valor do combustível era de R$ 6,07 nos postos.

O preço mais alto do litro da gasolina foi encontrado em Altamira, no Pará, a R$ 7,75, já o mais baixo em Passos, cidade de Minas Gerais, a R$ 5,09.

Em 16 estados e no Distrito Federal, o combustível era comercializado com uma média inferior a R$ 6: Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.

No fim de junho, a gasolina chegou a registrar uma média nacional de R$ 7,39 por litro. No entanto, a aprovação de uma lei pelo Congresso que limitava a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) para 17% ou 18% causou uma queda no valor a partir deste mês de julho.

Nesta semana, o etanol também registrou mais uma redução e caiu de R$ 4,41 para R$ 4,32, uma baixa de pouco mais de 2%. No diesel comum, a diminuição foi de R$ 7,48 para R$ 7,44 no mesmo período.

Já uma redução de R$ 0,02 foi observada no GNV, que passou R$ 5,10 para R$ 5,08 por m³. E o GLP (gás de cozinha) chegou a terceira semana de queda, saindo de R$ 112,18 para R$ 111,80.

A diminuição nas bombas aparece após a Petrobras ter anunciado uma mudança no preço às distribuidoras, que caiu de R$ 4,06 para R$ 3,86, ou seja, quase 5%. O reajuste entrou em vigor na última quarta-feira (20).

“Essa redução acompanha a evolução dos preços internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina”, divulgou a empresa ao fazer o anúncio.

Nesta sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, projetaram uma queda de mais R$ 0,10 no diesel e na gasolina. Isso por conta do decreto publicado que adia metas ambientais das distribuidoras de combustíveis.

As empresas ganharam mais três meses para poderem comprar créditos de carbono obrigatórios para a compensação de emissão de gases do efeito estufa. Com menos custos de operação, o governo prevê que elas repassem a economia ao consumidor.

Número de pessoas ocupadas na indústria cresceu no 1º ano da pandemia, aponta IBGE


A indústria brasileira fechou o primeiro ano da pandemia de Covid-19, em 2020 no comparativo com 2019, com um incremento de 0,5% no número de pessoas ocupadas, o equivalente a um avanço de 35.241 vagas.

Os dados são da Pesquisa Industrial Anual (PIA), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta quinta-feira (21). O resultado foi puxado pelas empresas de produtos alimentícios, que registraram uma alta de 7,4% entre 2019 e 2020, com um crescimento de 121,5 mil postos.

Também tiveram destaque, segundo o IBGE, as empresas de fabricação de produtos de minerais não metálicos (17,8 mil pessoas ocupadas) e de produtos de borracha e de material plástico (15,9 mil).

Quando se olha para o percentual de crescimento em um ano, junto com a indústria alimentícia, o pódio fica com as empresas de extração de petróleo e gás natural (20%) e fabricação de móveis (6,5%).

A gerente de Análise Estrutural do IBGE, Synthia Santana, avalia que alguns setores conseguiram ser mais resilientes no início da pandemia, enquanto outros sofreram os impactos de maneira mais intensa, com a dificuldade da compra de matéria-prima e mudanças na linha de produção.

“O saldo acabou ficando positivo para atividades onde há um escoamento mais fácil da produção para o mercado internacional e esses embarques não foram tão comprometidos”, afirma Synthia.

“Essas atividades mais ligadas a commodities, minérios de ferro, assim como parte da indústria alimentícia, principalmente carnes, notadamente aquelas no Norte e Centro-Oeste no país, foram menos afetadas pela pandemia. Não é que elas não foram afetadas, mas, no saldo, acabou sendo positivo para essas atividades em específico.”

Já as maiores reduções de vagas foram observadas nos setores de derivados de petróleo e biocombustíveis (91,9 mil / -33,8%), vestuário e acessórios (59,5 mil / -10,4%), além de artigos de couro e artigos para viagens e calçados (30,9 mil / -9,4%). Os três também tiveram redução nos salários pagos, de 22,8%, 18,2% e 21,5%, respectivamente.

Em relação à remuneração, a PIA 2020 aponta uma queda de 4,3% no comparativo com 2019. O primeiro ano da pandemia terminou com 303,6 mil empresas, que pagaram R$ 308,4 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações a 7,7 milhões de trabalhadores.

Além disso, o IBGE registrou R$ 4 trilhões de receita líquida de vendas, ou seja, aquele dinheiro gerado a partir da comercialização de produtos ou prestação de serviços. Em 2020, a indústria alimentícia somou 24,1% desse valor, seguida pela de produtos químicos (10,5%) e de derivados de petróleo e biocombustíveis (8,6%).

A indústria de veículos automotores caiu da segunda para a quarta colocação na composição da receita líquida de vendas em dez anos, com uma redução de participação de 12% para 7,1%, entre 2011 e 2020.

Década da indústria
A pesquisa do IBGE também demonstra que, entre 2011 e 2020, a indústria brasileira perdeu mais de um milhão de postos, 998 mil deles no segmento de transformação. O estudo aponta que são empresas que enfrentaram “de forma mais intensa mudanças estruturais relacionadas, por exemplo, à evolução da tecnologia, à forte concorrência com o setor externo e à dependência do consumo interno.”

Nessa década, mais da metade dos postos perdidos foi em três setores: vestuário e acessórios (258,4 mil vagas), couros e artigos para viagem e calçados (138,1 mil) e de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (134,2 mil).

“Nesse período é importante destacar as sucessivas crises que a economia brasileira veio atravessando. Partindo de 2011, a gente já vinha de crise internacional em 2009 e 2010. Depois teve um biênio de recessão em 2015 e 2016 e, agora, a crise em 2020. Portanto, essa queda de um milhão de postos de trabalho, ao longo de dez anos, acumula o efeito de crises sucessivas e que atacam principalmente aqueles setores mais intensivos em mão de obra, como é o caso, por exemplo, da indústria do vestuário, uma das que mais emprega”, afirma Synthia Santana, gerente de Análise Estrutural do IBGE.

Brasil registra 37 mortes e mais de 9 mil casos de Covid-19 nas últimas 24 horas


O Brasil registrou 37 mortes e 9.823 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, segundo atualização do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), realizada neste domingo (24). Com o número, o país chega a 676.964 óbitos e 33.591.356 casos.

A média móvel de casos dos últimos sete dias foi de 41.463. Já a média de móvel de mortes ficou em 231 óbitos.

Estados das regiões Norte e Sul do Brasil apresentaram cenários distintos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), de acordo com o novo boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 20 de julho.

Enquanto os estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste apontam para interrupção do crescimento do número de casos e início de queda de SRAG, o Norte e o Nordeste têm manutenção do crescimento iniciado em junho.

A análise é referente à semana epidemiológica nº 28, que compreende o período de 10 a 16 de julho e tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 18 de julho.

(*Com informações de Isabelle Resende, da CNN).

Emergência de saúde global não é sinônimo de pandemia, diz Natália Pasternak

O Brasil já tem ao menos 696 casos de varíola dos macacos, de acordo com os dados do Ministério da Saúde divulgados neste sábado (23).

Ainda no sábado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou que a doença agora é considerada uma emergência de saúde pública global.

Em entrevista à CNN neste domingo (24), a microbiologista Natalia Pasternak disse que “não é hora de alarme, é hora de conscientização”.

“Emergência global não é sinônimo de pandemia. Não quer dizer que [a varíola dos macacos] seja uma pandemia. Quer dizer apenas que ela é considerada hoje pela OMS como uma doença que tem um risco real de se espalhar por diversos países e precisa de uma resposta internacional coordenada”, afirmou a presidente do Instituto Questão De Ciência.

Ela explicou que, em 2005, os países-membros da OMS assinaram um acordo se comprometendo a, quando for declarada uma emergência global, investir em “formar capacidade de detecção e informação” sobre a doença em questão.

“É isso que a OMS está dizendo: Nós precisamos agora dessa cooperação internacional dos países-membros para desenvolver capacidade de detecção de diagnóstico, de testes e para os países reportarem os casos para monitoração global”, acrescentou.

“Não é pandemia, é uma emergência global que requer cooperação internacional”, afirmou Pasternak.

OMS declara varíola dos macacos emergência global


A Organização Mundial da Saúde decidiu neste sábado (23) declarar o surto de varíola dos macacos como emergência de saúde pública global.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, afirmou há pouco que a organização decidiu subir para o nível máximo de alerta porque o surto está se espalhando “rapidamente” em todo o mundo por meio de novas formas de transmissão “das quais sabemos muito pouco”. 

Na avaliação da OMS, o risco do vírus é “globalmente moderado em todas as regiões” do mundo, exceto na Europa, onde o risco é considerado alto.

De acordo com a entidade, foram registrados mais de 16 mil casos em 75 países. No Brasil, há 607 notificações, segundo o Ministério da Saúde.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Ala pró-Lula do PSD faz nova ofensiva para convencer Kassab a fechar aliança com PT


A ala pró-Lula do PSD planeja nova ofensiva para tentar convencer o presidente da legenda, Gilberto Kassab, a fechar uma aliança com o PT já no primeiro turno. O movimento é capitaneado pelo senador Alexandre da Silveira, que é presidente do PSD em Minas Gerais e secretário nacional do partido, mas tem apoio de outras importantes lideranças da legenda.

Silveira apresentará pedido formal para que PSD feche com Lula desde já. O pleito já foi levado anteriormente a Kassab, que não topou alterar a posição da sigla. O dirigente anunciou que a legenda não apoiará qualquer candidato no primeiro turno.

Silveira tem um encontro com Kassab no próximo sábado, quando pretende fazer nova tentativa de demover o presidente do PSD da posição de neutralidade. “Acredito que o PSD não pode ficar neutro nesse momento. O presidente Lula disputa as eleições presidenciais desde 1989 de forma democrática. Ganhando ou perdendo, sempre respeitou os resultados das urnas. Ele hoje é a única alternativa para pacificação da nação”, disse Silveira em postagem nas redes sociais, anunciando a ofensiva para mover o PSD.

No partido, a iniciativa tem apoio de nomes como os senadores Omar Aziz (AM), Otto Alencar (BA) e Carlos Fávaro (MT) e do deputado Marcelo Ramos (AM). Um integrante do grupo diz que, apesar de parte dos diretórios do PSD expressar preferência por Bolsonaro, nenhuma liderança de relevo, salvo o governador do Paraná, Ratinho Junior, é aliado do presidente.

Kassab, porém, argumenta que em São Paulo foi formalizada aliança com Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato de Bolsonaro, e que os estados do Sul fazem oposição ao movimento de adesão a Lula.

Um parlamentar admite que, por ora, Kassab tem se mostrado “irredutível” e que, ao fim e ao cabo, a decisão caberá a ele. Mas a ala lulista do PSD pretende marcar posição.

“Sou daqueles que acho que o PSD deveria caminhar já desde o primeiro turno com a candidatura do presidente Lula. Respeitamos a posição do presidente Kassab, aguardamos a orientação dele, mas sou daqueles que lutarei dentro do partido para que, já desde o primeiro turno, a gente firme compromisso com a democracia. E esse compromisso é caminhar com Lula no primeiro turno”, afirmou à CNN Marcelo Ramos.

O movimento tem aval de Lula. Em encontro com aliados na semana passada em Brasília, ele pediu empenho para tentar ampliar os acordos firmados pelo PT já no primeiro turno. E citou MDB, PSD e União Brasil como apoios a perseguir.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Ciro ataca Lula e Bolsonaro no primeiro discurso após convenção do PDT que formalizou candidatura

Foto: Adriano Machado/Reuters

O ex-ministro Ciro Gomes atacou os adversários Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) nesta quarta-feira (20) no primeiro discurso após ter sido sacramentado candidato a presidente da República — pela quarta vez — em convenção nacional do PDT em Brasília.

Ele foi o primeiro presidenciável a ter a candidatura formalizada, no primeiro dia da temporada de convenções partidárias (até 5 de agosto), durante a qual os partidos terão de formalizar as escolhas dos candidatos.

Ciro Gomes concorre sem aliança com outras legendas e até esta quarta não tinha candidato a vice. O presidenciável afirmou que há negociações com União Brasil e PSD, mas, se não resultarem em acordo, escolherá um filiado ao PDT. Segundo ele, o nome do vice será anunciado "nos próximos dias" e, preferencialmente, será uma mulher.

Na mais recente pesquisa do instituto Datafolha, divulgada no último dia 23, Ciro Gomes aparece em terceiro lugar, com 8% das intenções de voto, atrás de Lula (47%) e Bolsonaro (28%).

"Com todas as suas diferenças, Lula e Bolsonaro são muito parecidos", afirmou Ciro Gomes em um discurso de 53 minutos no qual comparou os rivais aos personagens dos romances "O Médico e o Monstro", de Robert Louis Stevenson (Lula), e "Frankenstein", de Mary Shelley (Bolsonaro).

"O atual quadro político é tão surreal e trágico que uma boa forma de ilustrar é utilizar a literatura de terror", afirmou. "Os dois [Lula e Bolsonaro] estão causando um mal terrível à população brasileira, criando o maniqueísmo do bem absoluto e do mal absoluto. Cada um diz que tudo de bem está do seu lado e tudo de mal está de outro", afirmou.

Ele atribuiu aos 14 anos de governos petistas (2003 a 2016) a ascensão de Bolsonaro ao poder em 2018 e disse que, agora, Lula e o partido se aliam aos que defenderam o "golpe" que levou ao impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

"Eles estão pedindo para voltar. Será que para produzir mais enganações e inconsistências? Qual milagre pode existir para que eles possam fazer em quatro anos o que não fizeram em 14? Acordos, conchavos, falta de escrúpulo, que convocam o povo a lutar contra o golpe para depois aparecerem abraçados, beijando na boca daqueles que provocaram o golpe", afirmou Ciro Gomes, ministro da Integração Regional no primeiro mandato de Lula como presidente (2003-2006).

"Catorze anos aqui, e o que o lulismo conseguiu foi parir o Bolsonaro. Alguém acredita que Bolsonaro chegou de Marte? Bolsonaro é produto da construção magoada e iludida do povo, machucado pela mais grave crise econômica e pelo escândalo de ladroeira", declarou.

A Bolsonaro, o presidenciável do PDT reservou os adjetivos "incompetente", "preguiçoso", "insensível" e responsável por "degradar" as instituições.

"Nunca o Brasil teve um presidente tão insensível e incompetente como o que ocupa o Palácio do Planalto. Fora Bolsonaro. Usar e emporcalhar são os melhores verbos para definir o método de permanência. Ele não trabalha, é um grande preguiçoso, não pensa e não executa uma ação. Parece estar disposto a tudo para fazer do Palácio do Planalto o seu acampamento de guerra híbrida", disse.

Ele também criticou a reunião de Bolsonaro com embaixadores, na qual o presidente fez um pronunciamento com ataques ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas:

"O presidente chama os embaixadores das nações estrangeiras para esculhambar o nosso país e degradar as instituições que a ele cabe o juramento constitucional de velar, proteger e respeitar."

Ciro Gomes disse que o Brasil vive um “neoliberalismo tropical”, um modelo econômico, segundo ele, em que a elite "menospreza" os pobres com políticas compensatórias ou "com puro desprezo”.

Segundo ele, “no banquete dos ricos e restos para os pobres, Collor preparou a cozinha, Fernando Henrique serviu a mesa e Lula temperou a comida. Dilma, Temer e Bolsonaro apenas requentaram o prato”.

“Esse modelo mal-acabado de neoliberalismo tropical começou há quase 30 anos, foi camuflando uma crise crônica, lenta e corrosiva durante os 14 anos do PT, até que ela se tornou aguda e insuportável. Esse modelo econômico, de uma elite ao mesmo tempo neocolonizada e neoescravista, menosprezou os pobres todo o tempo, seja com políticas compensatórias ou seja com puro desprezo. E notabilizou-se pelo privilégio dado aos banqueiros em detrimento dos que produzem", declarou.

Como incluir os alunos autistas na escola =)

“Nenhuma criança é igual à outra. Por que os autistas seriam?”, resume a professora Rossana Ramos, da Universidade de Pernambuco (UPE), sobre os desafios que ainda permeiam a educação inclusiva no Brasil e que, tantas vezes, se colocam como empecilhos para que alunos com autismo ingressem e permaneçam no sistema regular de ensino. 

Se a inclusão começa na matrícula, direito garantido por lei, esta não se encerra aí. A escola deve oferecer um ambiente onde os alunos autistas se sintam acolhidos, respeitados e recebam as mesmas oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento integral que os demais estudantes.

É somente a partir desta integração participativa que gestores, docentes e colegas podem então apoiar estas crianças e jovens em suas especificidades. “Temos que compreender esse sujeito como alguém único, com suas próprias iniciativas, observando com cuidado seu comportamento, além de valorizar quaisquer avanços, que possam nos parecer pequenos, mas na verdade são imensos”, diz Rossana, que é também autora do livro Inclusão na Prática: Estratégias Eficazes para a Educação Inclusiva.

A especialista exemplifica sua fala com um caso. Uma professora realizava um exercício no qual para cada número que enunciava, os alunos deveriam mostrar o valor correspondente com modelos feitos em madeira. Agitado com a tarefa por não conseguir montar as peças, um aluno autista achou uma solução à sua maneira: levantou-se da carteira e escreveu o número na lousa.

Primeiros passos

No Brasil, dois milhões de famílias convivem com o transtorno do espectro autista, uma síndrome comportamental causada por diferentes influências genéticas, neurológicas e ambientais, e que altera essencialmente as interações sociais e a forma de comunicar-se das crianças.

Como o espectro do transtorno autista é amplo e se manifesta de diferentes maneiras, para algumas crianças a dificuldade pode estar na fala, muito embora ela ouça e compreenda perfeitamente tudo o que é dito. Outros têm menos sensibilidade no tato e precisam destes estímulos sensoriais. Compreender o que os agrada e causa desconfortos é, portanto, essencial.

Outro passo indispensável é conversar com os professores, mantendo reuniões periódicas para discussões, relatos de experiências e leituras. Esclarecimentos sobre a condição também precisam ser disseminados entre o corpo docente e demais funcionários a fim de desconstruir falácias como aquela que diz que os alunos autistas são menos capazes. É importante reiterar como estes estudantes, na verdade, têm tempos e maneiras diferentes de estabelecer relações afetivas e de ensino-aprendizagem.

“Uma vez, um aluno autista foi o único da turma a relacionar corretamente todas as imagens de animais a seus nomes por escrito. E fez isso muito rapidamente. Só nesse dia descobrimos que ele sabia ler”, conta Rossana para ilustrar esse potencial e a necessidade de descobrir como trazê-lo à tona.

No cotidiano escolar
A psicopedagoga Ana Rita Bruni, que atua como assessora de inclusão, recomenda que no dia a dia os professores deem orientações minuciosas e de maneira pausada. “Isso garante que todas as crianças possam acompanhar as instruções”.

O termo autismo deriva do grego “autos”, que significa “voltar-se para si mesmo”. O psiquiatra austríaco Eugen Bleuler foi o primeiro a utilizá-lo, em 1911.

Ao receber alunos autistas, Joana Portolese, da ONG Autismo e Realidade, recomenda à escola, em primeiro lugar, uma conversa cuidadosa com os familiares, estabelecendo um canal de comunicação sempre aberto.

“A ideia é buscar entender o que a família já sabe que funciona com a criança, quais tipos de terapia e estímulos ela já está recebendo e tentar descobrir qual é o papel da escola no seu desenvolvimento”, diz Joana.

Joana Portolese também orienta que os professores deem uma noção concreta de quanto tempo há para realizar as atividades, por exemplo, dizendo “quando o ponteiro do relógio chegar aqui, o exercício termina”. Recorrer a imagens, símbolos e fotos é igualmente necessário, como explica Ana Rita. “Os professores podem deixar pistas visuais, elaborar uma rotina organizada por símbolos e desenhos, e oferecer, por exemplo, um mapa em papel que mostra como chegar à cantina”.

Para além destas dicas práticas, deve-se, sobretudo, estimular a autonomia das crianças e jovens autistas da escola.

“É importante que todas as crianças estejam aprendendo o mesmo conteúdo em sala de aula. Se o ritmo do aluno for mais rápido ou mais lento, pode-se fazer adaptações e personalizações, mas nunca tirar ou acrescentar novos conteúdos, fazendo diferenciações”, diz Joana.

Rossana também lembra que é comum e equivocado dizer que o aluno “não está acompanhando o conteúdo curricular”. “A matéria da aula não é mais importante do que o conhecimento da vida, e isso as crianças estão aprendendo o tempo todo no convívio social da escola”, diz Rossana.

Com os devidos cuidados, nada impede que as crianças autistas participem de todas as atividades desenvolvidas, inclusive, as que ocorrem fora da sala de aula.

“Algumas crianças têm audição mais sensível, então é preciso evitar nestes casos lugares ruidosos. Outros não são tão sensíveis ao toque e podem se machucar mais facilmente. Mas nada que profissionais atentos não possam dar conta”, explica Ana Rita Bruni.

A importância do coletivo
A realização de atividades coletivas, como explica Rossana, é fundamental para trazer esses conhecimentos da vida. Ela relembra a história de um aluno autista que só se sentava ao lado das outras crianças no recreio quando o lanche era preparado coletivamente.

“Quando as crianças traziam os ingredientes e a professora preparava os lanches, todos dividiam a comida e este aluno se unia ao grupo e interagia”, diz Rossana.

Ela conta que esse momento foi muito importante também para que as demais crianças começassem a entendê-lo como igual e convidá-lo para outras brincadeiras, chamá-lo pelo nome e querê-lo por perto.

“A estratégia para inclusão é o coletivo, mostrar para todas as crianças que estar junto é algo bom, e dar oportunidades dos alunos conviverem entre si”, afirma Rossana.

“Trabalhar com autistas é um desafio, assim como trabalhar com qualquer criança, porque todas elas trazem repertórios diferentes e têm seus próprios momentos de aprendizagem. Não podemos limitar o que vamos oferecer às crianças achando que elas não vão entender. O que se deve fazer é tentar levá-las a esta compreensão de várias maneiras diferentes, até achar a melhor”, conclui a psicopedagoga Bruni.

Brasil registra 346 mortes por Covid em 24 horas e média móvel cresce 77% em um mês


O Brasil registrou, nesta quarta-feira (20), 346 mortes por Covid-19 e 56.480 novas infecções pela doença nas últimas 24 horas, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Com isso, a média móvel de mortes, que considera os últimos sete dias, cresceu 77% em um mês. Nesta quarta, a média ficou em 248. Para fins de comparação, em 20 de junho o indicador marcava 140.

Já o número flutuante de casos ficou 53.931 hoje. Há um mês, o índice estava 36.775 — o que representa um aumento de 46%.

O estado do Rio Grande do Sul registrou, nas últimas 24 horas, 4.047 casos de Covid. Em Minas Gerais, foram 8.052 e em São Paulo, foram 8.303 infecções no período.

Na Bahia foram 3.630 e em Santa Catarina, as secretarias registraram 1.842 contaminações.

Com as atualizações, o país registrou 33.454.294 infecções e 676.217 vítimas fatais da Covid desde o início da pandemia, em março de 2020.

Feminismo negro é importante porque traz à tona a questão racial, diz especialista


Em entrevista à CNN Rádio, no quadro CNN no Plural, a coordenadora de Políticas de Promoção de Igualdade e Raça do Instituto Geledés, Maria Sylvia Aparecida de Oliveira, explicou a importância do feminismo negro.

Segundo ela, as mulheres negras têm outro ponto de partida para os direitos conquistados pelo feminismo do que as brancas.

“Enquanto as mulheres brancas saíam para reivindicar direito ao trabalho e estudo, as negras estavam construindo a nação brasileira, sequestradas da África, e que cuidavam da casa e dos filhos dessas mesmas mulheres brancas.”

“Para além da questão de gênero, o feminismo negro traz a questão racial”, completou.

Maria Sylvia acredita que, no Brasil, o racismo é tratado “como se fosse uma patologia, uma questão de cada indivíduo”, quando, na verdade, a sociedade é racista de forma estrutural.

“O racismo é um fenômeno que estrutura as relações sociais no Brasil, sutil em alguns momentos e em outros explícito coo nas injúrias raciais.”

Exatamente por isso, ela defende que se não tratarmos o racismo como “um fenômeno que estrutura relações, vamos continuar vivenciando esses casos de racismo, temos de pensar em educação transformadora e que não reproduza e perpetue o racismo.”

Apesar de admitir que as redes sociais podem dar um impulso importante para a discussão da temática racial, ela aposta na “luta coletiva.”

“A luta contra o racismo tem que ser não só da população negra, mas da sociedade em geral”.

Justiça acata denúncia do MP e homem que matou petista em festa vira réu


A Justiça do Paraná recebeu a denúncia do Ministério Público e determinou que Jorge Guaranho, agente penitenciário federal investigado pelo assassinato do guarda municipal e membro do Partido dos Trabalhadores (PT) Marcelo Aloizio de Arruda, vire réu. A pena pode chegar a 30 anos de prisão.

Também nesta quarta-feira (20), o Ministério Público do Paraná fez a denúncia de homicídio duplamente qualificado contra Guaranho.

Arruda foi morto por Garanho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), em sua própria festa de aniversário, em Foz do Iguaçu, com tema em homenagem ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

terça-feira, 19 de julho de 2022

Aluno da Geração Z deve ser protagonista no processo de ensino, avalia professor


O chamado conflito de gerações é um problema causado pelo choque entre as visões de pessoas que nasceram em épocas distintas. Na sala de aula, esse fator tem influência no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes.

Esta é a conclusão de um artigo para o Jornal da USP, escrito pelo diretor e docente da Escola de Educação Física e Esporte da USP, Hugo Tourinho Filho.

Em entrevista à CNN Rádio, o professor avaliou que “o fato de existir um conflito não significa que ele só traz problemas. Quando isso é abordado de uma forma que possibilita o aprendizado entre gerações, é muito interessante o convívio.”

Hugo Tourinho Filho destacou que um jovem da Geração Z é fruto da “cultura touch”, ou seja, “eles aprendem mexendo, fazendo. O que é uma cultura diferente da dos Baby Boomers, que sempre se pautou em um manual.”

A Geração Z corresponde às pessoas que nasceram entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano 2010. Já um “Baby Boomer” é uma pessoa nascida no momento pós-Segunda Guerra Mundial, entre 1946 e 1964.

“Para existir engajamento entre os nativos digitais, o aluno tem que se sentir protagonista do processo”, apontou o diretor. “Sem engajamento, o aluno perde a capacidade de tomar iniciativa, e vai fazer qualquer outra coisa do que assistir à aula.”

Hugo Tourinho explicou que a metodologia adequada para o ensino pode se inspirar em dois pilares da gamificação. “O primeiro é que se deve aprender com o erro. Ou seja, o erro deve ser encarado como uma ferramenta de aprendizagem”, disse o professor. “O segundo pilar é o protagonismo. A construção de conhecimento deve ser mútua entre aluno e professor.”

Outro desafio é vencer a “superficialidade do conhecimento adquirido”, que, muitas vezes, é impactado pela grande quantidade de informação presente nos mecanismos de busca online.

Para o professor da USP, a resposta para isso é apostar na abordagem da importância de todo tipo de conhecimento. “Nós temos que formar a juventude em cidadãos que tenham criticidade, e capacidade de julgar. Da matemática à filosofia, todas as disciplinas são essenciais”.

Pré-candidatos a presidente falam sobre cotas nas universidades federais

Há dez anos foi aprovada a Lei de Cotas, que estabelece regras para o preenchimento das vagas de universidades e institutos federais. O Congresso Nacional prevê a revisão da norma em 2022. O texto pode ser mantido, alterado ou até derrubado.

A norma determina que 50% das vagas destas instituições sejam direcionadas a pessoas que estudaram em escolas públicas. Deste percentual, metade é destinada à população com renda familiar de até 1,5 salário mínimo per capita.

As demais são distribuídas de acordo com a proporção de indígenas, pretos, pardos e pessoas com deficiência registrada na unidade federativa onde está situada a instituição.

A CNN perguntou aos pré-candidatos à Presidência da República o que eles pensam sobre cotas nas universidades e institutos federais.

Confira abaixo as respostas:

Luiz Inácio Lula da Silva (PT):

As cotas foram instituídas pelo governo Lula e são uma política importante de inclusão e acesso ao ensino superior. Os alunos cotistas têm demonstrado desempenho igual ou superior ao conjunto dos estudantes universitários.

Jair Bolsonaro (PL):

O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.

Ciro Gomes (PDT):

O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.

André Janones (Avante):

O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.

Simone Tebet (MDB): 

A pré-candidata não respondeu até o momento da publicação.

Pablo Marçal (Pros):

Venho de uma infância muito humilde na cidade de Goiânia, onde nasci. Eu sempre estudei em escolas públicas. Curiosamente paguei a faculdade de Direito porque não conseguia competir com os alunos do ensino privado no vestibular das universidades públicas. Digo isto porque não tem como cumprir com a missão do Estado de levar a educação para todos os brasileiros sem um sistema que minimamente balanceie as oportunidades. É isso ou continuaremos ocupando as piores posições em educação no mundo.

De acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes — PISA, 2021 –, de 76 países avaliados somos apenas o 60º. O problema é que não existe uma política pública voltada para solucionar de verdade a questão. As cotas são uma necessidade hoje para termos um sistema inclusivo para as populações mais vulneráveis, mas não soluciona a questão.

O que resolve de verdade é investir na educação de base a longo prazo, que tem que começar na família, especializar e investir no treinamento de professores, pagar melhores salários a esses educadores, cuidar do analfabetismo funcional na causa e cobrar o ensino nas universidades públicas daqueles que têm condição de pagar.

Se fizermos isso, em alguns anos teremos o Brasil ocupando as melhores posições no PISA, e o nosso povo será reconhecido pelos prêmios Nobel que iremos colher.

Felipe d’Avila (Novo):

A cota é sinal de que a nossa educação básica está falhando. Sinal de que a função essencial da educação pública, que é garantir mais oportunidades para todos, não está sendo cumprida. É nossa obrigação corrigir esse problema em suas causas, e não tentar atenuar a desigualdade social com um paliativo.

Devemos lutar por um Brasil menos desigual e sem cotas, melhorando nossas escolas, investindo no ensino fundamental e técnico.

José Maria Eymael (DC):

Como deputado federal constituinte sou autor da norma constitucional que prevê a possibilidade de utilização de recursos públicos em bolsas de estudos para alunos economicamente carentes no ensino fundamental e no ensino médio.

Dentro da mesma inspiração considero positiva a possibilidade de cotas nas universidades e institutos federais, com o aprimoramento dos critérios atuais em relação a cotas.

Leonardo Pericles (UP):

O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.

Luciano Bivar (União Brasil):

O pré-candidato não respondeu até o momento da publicação.

Sofia Manzano (PCB):

Sabemos dos limites do sistema de cotas, sobretudo quando este é encarado por alguns setores como um fim em si mesmo. Para nós é necessária, além de reparação histórica, uma mediação tática, que precisa ser encarada com firmeza. Seja no acesso de servidores, via concurso público, seja no acesso de estudantes, via vestibular e Enem. No último caso, para nós, que defendemos uma universidade e uma escola popular, é preciso pôr fim ao vestibular, garantindo acesso universal aos filhos e filhas da classe trabalhadora à educação formal.

Sabemos que esse é um objetivo estratégico que só se realiza plenamente com o fim do capital, mas devemos construir ciclos de aproximações.

Partindo do princípio de que as táticas não podem desautorizar nossos objetivos estratégicos, neste exato sentido, esta pauta não deve nos criar qualquer melindre político. Isto é: precisamos incidir firmemente na luta pela manutenção, ampliação e aprofundamento do sistema de cotas.

É preciso lembrar que a revisão da lei de cotas pode ocorrer dentro de um contexto conjuntural cada vez mais conservador e explicitamente racista. Devemos nos preparar para não permitirmos mais essa retirada de direito, conquistado a duríssimas penas pelos movimentos negros e a classe trabalhadora brasileira em luta.

Garantir à população negra o acesso a fontes de renda mais elevadas e com alguma estabilidade financeira é um compromisso político, mas também ético e moral. Se trata de mais dignidade (saúde, saneamento básico, escolaridade, moradia etc.) para quem representa 54% da população brasileira.

Vera Lúcia (PSTU):

Somos a favor das cotas. Elas foram uma conquista dos movimentos sociais, em especial do movimento negro, fruto de muita luta e mobilizações, das quais o PSTU tem o orgulho de ter participado.

As cotas implicaram numa significativa mudança na composição social e racial dos institutos federais e das universidades. Contudo, esta mudança ainda está muito distante do modelo – tanto social quanto racial – de universidade que precisamos. Mas é inegável que foi uma importante conquista.

Aqueles que se opõem às cotas se opõem por racismo, por uma motivação que não tem outra origem senão o desejo de manter as “cotas” que sempre existiram neste país: a reserva de vaga para os filhos da burguesia e da parcela mais endinheirada da classe média, a maioria deles brancos.

Por isso, as cotas são uma conquista em um país que foi construído sob a farsa da democracia racial, mas é uma conquista parcial, sempre ameaçada por governos reacionários como de Bolsonaro e pelo sistema capitalista. Acreditamos que só iremos conquistar todos os direitos e a igualdade que merecemos com a destruição deste sistema.

Assim, para nós, a luta por cotas é apenas o início no combate ao racismo, e, para a real democratização da universidade, precisamos da unidade dos homens e mulheres da classe operária, da juventude e de todos os setores oprimidos para conquistarmos as verdadeiras reparações que precisamos.

A luta por reparação histórica é fundamental para a construção de uma sociedade onde não haja mais opressão e exploração. Onde todos os oprimidos e explorados; os excluídos, os pobres e miseráveis possam desfrutar da liberdade, da igualdade e da fraternidade que a burguesia sempre prometeu, mas nunca teve o objetivo de garantir.

Queremos cotas nas universidades, mas também queremos moradia, transporte, saúde e todos os demais direitos que foram confiscados pela burguesia, seja aqui ou em qualquer lugar do mundo. E, para isto, só há um caminho: a conquista do poder pela classe trabalhadora, o povo pobre e todos e todas que, historicamente, têm sido marginalizados pelo capitalismo.


Bolsonaro sofre dura derrota em seu plano de fiscalizar as eleições no TSE


Rodando em círculos nesta pré-campanha com seu discurso contra as urnas eletrônicas, Jair Bolsonaro vai gastar a tarde de trabalho nesta segunda numa reunião com embaixadores para mais uma vez atacar o sistema eleitoral. A cruzada do presidente nessa área, além de inútil, sofreu recentemente mais uma dura derrota.

Para amparar o discurso antifraude do presidente, o PL de Valdemar Costa Neto procurou empresas de auditoria dentro e fora do Brasil para contratar. Apesar de dinheiro não ser problema, ninguém sério nesse mercado de auditagem quis associar a imagem do seu negócio ao projeto bolsonarista de fiscalização paralela da eleição no Brasil. No início de junho, como mostrou o Radar, o PL acabou encontrando um tal Instituto Voto Legal que topou assinar um contrato de 1,3 milhão de reais para realizar a auditoria das eleições no TSE.

O projeto, que nem chegou a ficar de pé, morreu nesta semana. Para se credenciar no TSE, a tal empresa contratada pelo PL precisaria atender a vários requisitos, como ter mais de dez anos de experiência no ramo, coisa que o instituto, segundo fontes da campanha de Bolsonaro, não tem. O tal contrato não será assinado e Bolsonaro, ainda que gaste tempo nessa agenda com embaixadores contra a urna, não terá uma empresa privada para fiscalizar as eleições. O jeito vai ser cooptar os militares.

OMS não aconselha o uso de dois medicamentos para Covid-19


A Organização Mundial de Saúde divulgou novas orientações nas quais desaconselha o uso de dois remédios para tratar a Covid-19.

Publicadas no “British Medical Journal”, as recomendações dizem que a utilização de colchicina (anti-inflamatório para tratar gota) e fluvoxamina (antidepressivo) para doentes leves ou moderados não é aconselhável, já que não existem evidências de que promovam melhoras para os pacientes como a redução de internações, além de trazerem riscos.

Segundo a organização, as medicações “provavelmente tem pouco ou nenhum efeito na mortalidade”, além de não promover nenhum resultado na ventilação mecânica ou nas hospitalizações. No caso da colchicina, pode “aumentar a probabilidade de efeitos adversos que levam à descontinuação do medicamento” em interação com outros medicamentos, pode ser grave ou, até mesmo, fatal.

A não recomendação de uso foi baseada em dados de sete ensaios clínicos, com mais de 16.484 pacientes. A nova diretriz diz ainda que esses medicamentos sejam usados apenas em ensaios clínicos. Para pacientes graves, a OMS não emitiu recomendações.

Para quadros leves de Covid-19, a OMS recomenda o uso do Paxlovid (combinação de nirmatrelvir e ritonavir) e diretrizes condicionais para o uso do sotrovimabe, o remdesivir e o molnupiravir em pacientes não graves, mas de alto risco. Para os casos graves, a entidade recomenda o uso de corticosteroides, com adição de bloqueadores de receptores de uma citocina específica (IL-6) ou baricitinibe.