Hoje me peguei em uma prece silenciosa. “Obrigada, meu Deus, por tanto.” Eu escrevia meu romance e estava bastante inspirada, muito animada com o caminho que as minhas ideias estavam levando meus personagens. Ok! Eu admito. Eu tinha um belo gin tônica ao meu lado, me ajudando a ver tudo com um pouco mais de cor. Eu mesma fiz o drinque. E isso me deu ainda mais motivos para me sentir grata.
Olhei em volta. Eu estava na minha casa. Naquele lugar de todos os dias, mas que eu me esforço para fazer parecer um lar para minha família, onde as pessoas que vivem ali possam ser felizes. Onde seja possível criar boas memórias. Nesse breve olhar, uma avalanche de emoções tomou conta de mim. Meus filhos, saudáveis, conversavam com seus amigos no facetime, totalmente empolgados, enquanto jogavam vídeo game online.
Meu marido estava há alguns passos de distância, assistindo ao 10º jogo de futebol do dia. Ele fazia algo que ele amava, enquanto eu fazia algo que eu amava. E a gente se encontraria, ali sob o mesmo teto, em alguns instantes. Eu escutava o barulho da frigideira que preparava os bifes mais deliciosos do mundo feitos pela minha mãe. E eu lembrei do meu filho mais velho, que está curtindo a vida com a namorada, nesse momento. Eu consegui! Ele esteve aqui ontem, só porque estava com saudades e porque vai viajar no final de semana que vem. Ele me enche de orgulho. Me contou sobre suas conquistas profissionais mais recentes. E tudo que eu pensava era: “Esse é meu filho! Que orgulho que eu tenho dele.
Ele tem só 25 anos, mas parece tão maduro. Tão preparado. Muito mais do que eu era na idade dele. E olha que eu já tinha um filho de sete anos na idade dele. Deu tudo certo. Está dando tudo certo. A vida realmente é muito boa.” Não que eu tenha conseguido as coisas facilmente. Só eu sei como foi e tem sido difícil. Mas sempre deu certo. Nunca faltou nada.
Foram apenas alguns segundos contemplando a cena, totalmente cotidiana, mas esses segundos foram suficientes para me fazer sentir um monte de coisas. A conclusão foi que a felicidade está na rotina. Os pássaros cantando lá fora ajudaram a trazer alguma poesia para cena. Eu falo disso o tempo todo. Eu busco tanto isso. Nesse momento estou escrevendo um novo romance onde essa é a busca da minha heroína.
Uma mulher como eu, e outras tantas que conheço, só tentando ser feliz, e se despindo de suas crenças, dando uma chance para o novo e se permitindo mudar de ideia, enquanto percebe que o importante é ser feliz pelo caminho. Ver poesia no caminho, certamente ajuda a seguir buscando.
Acho que a gente se perde tentando encontrar os nomes para caracterizar nossa busca. Mas a grande verdade é que pouco importa como isso se chama. Prazer, felicidade, indulgencia, mérito, conquista, sonhos, superação. Pode chamar do que achar melhor. Mas quanto mais eu penso, mais acredito que a felicidade está no caminho. Vivemos em busca da realização, da conquista, do objetivo final, quando temos a sorte de saber o que buscamos, mas nos esquecemos de apreciar o caminho.
O segredo da felicidade está em apreciar a jornada, o caminho. Ele sim, toma a grande parte da nossa vida. Já pararam para pensar que passamos grande parte da nossa vida no percurso? É preciso aproveitar o caminho. Fazer valer à pena. Porque geralmente não é fácil. É no caminho que estão as pedras, os obstáculos, as renuncias, os atalhos que podem ser perigosos. A demanda sobre posicionamento e decisões é constante e exaustiva. Pelo menos é assim que costumam ser. As coisas boas levam tempo e geralmente não são fáceis. Por isso tem tanto valor. Mas nesse caminho, também tem bastante prazer, realização e poesia. Por isso, no final a gente sempre chega lá.
Tenho me esforçado para aproveitar o caminho, valorizar meus companheiros de trincheira (eles tem me mostrado que são mais importantes que a vitória e que a própria guerra), aprender com os erros e evitar tropeçar nas mesmas pedras. Tem sido mais fácil do que parecia no começo. Estou certa de que todos, sem exceção, vivem constantes batalhas e meu convite é aproveitar o caminho.
Tirar o melhor da situação, valorizar as pequenas conquistas, agradecer pelas bênçãos da vida, olhar em volta e sentir a gratidão correndo pelas veias, fazer as coisas que ama, aproveitar os pequenos prazeres da vida, agradecer mais e seguir na busca pelas grandes conquistas, evitando atalhos e não temendo os enormes desafios. Seguir em frente, construindo nossas próprias perspectivas, com determinação para fazer acontecer.
Nunca é fácil, mas sempre vale à pena. Ainda bem que tem o caminho e todas as possibilidades que ele nos traz. Por Sabrina Almeida
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