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Bocão 64

quinta-feira, 6 de abril de 2023

MARIA E A SEMANA SANTA

Penso que Maria sentiu a pior dor que se possa ter: a dor onde você sofre por não poder sofrer no lugar de alguém que amamos muito

A Semana Santa, é um tempo que nos leva a uma vivência dos momentos mais intensos da vida cristã. Cristã, porque aquele que protagonizou a história desta semana, a que chamamos Santa, foi Cristo. Não podemos mergulhar na espiritualidade desta semana, sem nos encontrarmos com seu protagonista. Muitos personagens encontramos nos acontecimentos desta semana.

Fico pensando em Simão de Cirene, que estava, provavelmente, escondido entre os curiosos, no anonimato olhando os acontecimentos, e que por fim foi puxado por um soldado para ajudar Jesus a carregar a cruz para o Calvário.

Simples gesto - Naquele momento, num simples gesto de um tosco soldado que bruscamente o seleciona no meio do avido público por vingança ou espetáculo, se torna um personagem, mesmo que marginário ao acontecimento, para ser lembrado por todos os tempos.

Qual foi o olhar de Jesus para este homem que se aproximava para carregar a cruz! Um olhar esperançado, um olhar de alegria e contentamento interior por ver alguém que se colocava do seu lado naquele momento difícil.

Se Simão de Cirene em seu fugaz momento participou do sofrimento e alegria de Jesus no caminho do Calvário e teve toda essa repercussão; imaginemos agora como deve ter sido a presença de Maria em todos esses acontecimentos, que chamamos de Semana Santa e que engloba desde a entrada à Jerusalém até à ressurreição e aparição primeira às mulheres e discípulos.

Neste nosso encontro profundo com Jesus, o Cristo que protagoniza e sofre por nós, nos deparamos com o silêncio de uma pessoa que O acompanha  a cada momento: Maria.  K. Gibran dizia: “Se queres entender uma pessoa ‘não deve ouvir o que ela diz, e sim o que não diz.’” Maria participa nestes acontecimentos de mais de longe e mais de perto, com sua presença, mas no silêncio. Estava sempre ao lado de seu filho.

Assim a podemos ver com um olhar retrospectivo, desde a cruz, onde se encontram, meio a sós: Jesus, Maria e João. Ali, no momento último, estava aquela que estava também desde o momento primeiro de Jesus, no seu nascimento.

Realmente uma rainha - Ela foi uma das protagonistas importantes acompanhando Jesus desde a entrada em Jerusalém, Lava-pés, revolta dos sumos sacerdotes incitando ao povo e exigindo dos governantes uma punição, acompanhando a injusta condenação, vendo o filho encoberto de sangue causado pelo suplicio dos soldados, e seguindo ao lado em todo o percurso rumo ao monte calvário; e finalmente, o atroz momento da morte do filho.

Eu os pergunto: Que mãe pode acompanhar tudo isso? Que mãe tem força interior para vivenciar as atrocidades de injustiças contra o filho?  Nós podemos dizer: Ela foi realmente uma rainha. Dizemos, popularmente, que uma mulher é uma rainha, quando ela tem um comportamento excepcional, rompendo a normalidade. Maria teve um comportamento excepcional acompanhando seu filho no momento do sofrimento.

No caminho do Calvário - O sofrimento do filho era o sofrimento dela, as dores do filho eram as dores de sua alma. Tudo isso sem escândalo. Em nenhum momento a narração nos evangelhos nos falam de uma mãe escandalosa no caminho do Calvário. Foi uma mãe que soube suportar no silêncio as dores de Deus. Quão animador não deve ter sido os olhares de Maria quando se encontravam com os de seu Filho.

Ele sabendo, muitos o tinham abandonado, mas Ela, Ela estava ali do seu lado. Ela era ainda a força esperançadora de seguir carregando a cruz, a força última que Jesus necessitava para chegar ao fim.

Uma mulher do Silencio que nos ensina a acompanhar a vida, os sofrimentos com uma “atitude de rainha” e nunca largar o outro ao seu próprio destino. Ela acompanhou seu Filho, por causa de seu imenso amor. Acompanha a cada um de nós, porque nos ama tanto quando ama seu Filho. Nos quer a imagem de seu Filho, poderíamos dizer que ela nos quer cristificar.

Que possamos nesta semana, olhar os olhos de Maria, de como ela olhava para seu Filho e transmitia confiança, presença e força, mesmo no sofrimento, sem escândalos.Que possamos cada um ser uma Maria para acompanhar todos os acontecimentos da Semana Santa. Por Pe. Vandemir Jozoé Meister.

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