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Bocão 64

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

O que ainda falta para as mulheres conquistarem mais espaço no mercado?


Uma conta não fecha no mercado de trabalho. Embora as mulheres brasileiras sejam a maioria com ensino superior em todas as faixas de idade, exceto entre quem tem acima de 65 anos, apenas 37% dos cargos gerenciais são ocupados por elas. Os dados são de 2019 e foram colhidos pelo Instituto Brasileiro de Engenharia e Estatística (IBGE) e apontam ainda que as mulheres receberam 77% do salário dos homens naquele ano. Outra pesquisa, dessa vez da consultoria Bain & Company, mostra que apenas 3% das 250 maiores empresas do Brasil tinham uma líder na cadeira da presidência.

Se a questão não é a de preparo intelectual, por que as mulheres ainda sofrem para conquistar equidade e avançar para as posições mais altas no mercado de trabalho? “Não é por falta de capacitação ou de ambição. Nosso estudo mostrou que as mulheres têm essa aspiração em um nível muito semelhante ao dos homens. O que impede é uma questão do ambiente profissional que mina as oportunidades”, diz Luciana Batista, sócia da Bain & Company. “Para mudar isso é preciso olhar para o problema como um todo. O berço para os CEOs são os vice-presidentes, cujos berços são os diretores. O RH pode avaliar que não tem um número suficiente de candidatas, mas é importante olhar toda a cadeia.”

Quatro vezes mais mulheres
Na empresa de tecnologia RD Station, a área de gestão de pessoas está trabalhando para aumentar o número de mulheres num setor majoritariamente masculino, o de TI. Para se ter uma ideia, 80% dos profissionais da área são homens, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Contínua) do IBGE. Na RD, o percentual passou de 5% para 25% em dois anos. Isso foi possível porque a companhia começou a trabalhar intencionalmente para contratar e dar oportunidade para mais mulheres. “Elas não não conseguiam se apoiar, se desenvolver e aprender umas com as outras porque estavam em um número muito reduzido em comparação aos homens”, diz Alinne Faccaro, Business Partner de Tecnologia da RD.

A primeira ação da empresa foi conscientizar lideranças sobre a necessidade de contratação de mais mulheres. “Depois ajustamos os anúncios de vagas e a a comunicação com a comunidade de tecnologia, de modo a entender onde as mulheres estavam”, diz Alinne. Agora, a companhia busca ativamente mulheres e criou uma rede de apoio para todas que trabalham no setor. “Criamos ações de engajamento e de educação, para discutir temas como machismo estrutural e bom convívio no ambiente de trabalho. Além disso, treinamos a liderança para entender a importância da diversidade no ambiente de trabalho”, explica.

A empresa está com 44% das mulheres em cargos de liderança e metade dos participantes do programa de novas lideranças é feminina. “Abrir portas para a diversidade e facilitar esse caminho por parte da empresa e alta liderança têm ajudado muitas mulheres a se sentirem empoderadas a seguirem nesta direção.”

O peso da pandemia
A crise da covid-19 tem sido especialmente difícil para as mulheres. No Brasil, metade das profissionais está fora do mercado de trabalho por causa da pandemia, segundo a Pnad Contínua do último trimestre de 2020. “Entre os setores mais impactados economicamente, estão o de serviços, o informal e o de cuidados domésticos. Estes três têm algo em comum: são feitos, em sua maioria, por mulheres . Isso confirma um levantamento da ONU que mostra que durante a pandemia, os empregos das mulheres estão 19% mais em risco do que o dos homens”, diz Luciana Batista, da Bain & Company.

E entre aquelas que conseguiram manter o emprego, vem o peso de lidar com demandas e pressões que surgem tanto do lado profissional, quanto do pessoal. Um levantamento do site de empregos o Infojobs, por exemplo, mostra que 86% das mulheres têm dupla jornada de trabalho com a realização de atividades domésticas. Entra na conta, também, o cuidado com filhos ou outros familiares. A carga está tão pesada que um estudo da Mckinsey revelou que muitas mulheres estão considerando seriamente tirar licença ou deixar o mercado.

“Uma das maneiras de aliviar isso é contar com políticas e iniciativas mais flexíveis no ambiente de trabalho, considerando políticas da empresa e não somente para mulheres. É preciso também incluir homens nisso porque impacta diretamente a vida das mulheres com quem eles vivem e dividem as responsabilidades”, diz Luciana.

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