Havia em Porto Seguro, uma borboletinha chamada Claúdia, que era uma beleza, mas achava-se uma beldade. Devia, pelo menos, ser tratada como a rainha das borboletas, para que se sentisse Fraterna. Vaidosa não tinha amigos, pois qualquer mariposa que se aproximasse dela era alvo de risinhos e de desprezo. - Que está fazendo em minha presença, criatura? Não vê que sou mais bela e elegante do que você? Costuma ela dizer, fazendo-se de muito importante.
Nem os seus familiares escapavam.
Mantinha à distância um irmão que comandava a tribo de Cabrália, como se ela
não houvesse nascido naturalmente da mesma mãe, mas tivesse sido enviada
diretamente do céu. Tratava-o com enorme frieza, como quem faz um favor, quando
não há outro remédio. - Sim, você é formosa, borboletinha, mas não sabe usar
essa qualidade como deveria. Isso vai destruí-la! Preveniu-a solenemente o
calmo, calvo e sábio Ró.
A borboletinha não deu muita
importância às palavras do sábio. Mas uma leve inquietação aninhou-se em seu
coração. Respeitava aquele sábio e temia que ele tivesse razão. Mas logo esqueceu
esses pensamentos e continuou sua atitude habitual.
Um dia, a profecia do sábio Ró cumpriu-se.
O velho e esperto Janjo surpreendeu-a sozinha voando pelo bosque. Achou-a
magnífica e com sua rede Liberal apoderou-se dela.
Como é triste ver a borboletinha vaidosa atravessada por um alfinete, fazendo parte da coleção daquele velho da garganta inflamada!
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