Lançada no mercado em 1960, a pílula anticoncepcional é um dos métodos contraceptivos mais utilizados no mundo e uma grande conquista na autonomia feminina em relação à concepção. Entretanto, uma das mais frequentes queixas das mulheres que usam esse método é o ganho de peso, mas será que essa crítica procede? Será que a pílula anticoncepcional engorda mesmo?
No mercado, existem diversas composições de contraceptivos hormonais, alguns com mais ou menos hormônio na composição. "Eles não engordam, não fazem acumular gordura. O que pode acontecer é que alguns tipos de pílulas têm menor efeito diurético e, por isso, proporcionam retenção de líquido", afirma Helena Hachul, médica ginecologista.
Quando o organismo retém líquido, o corpo fica mais inchado em razão do acúmulo de água entre as células, dando a falsa impressão de aumento de peso. Conforme Waldiney Pires Moraes, professor de farmacologia, nas preparações atuais, com baixas doses de hormônios, esse efeito é cada vez menor.
"Os anticoncepcionais não engordam, eles podem reter líquido e as usuárias têm a percepção de aumento de peso, mas isso não se dá pelo acúmulo de gordura. Tanto os anticoncepcionais orais como os injetáveis são composições de baixas doses de hormônios e não engordam", explica Moraes.
Apesar do avanço nas formulações, de acordo com Hachul, os anticoncepcionais que mais retêm líquido são os injetáveis, sobretudo os trimestrais. Porém, a médica lembra que, muitas vezes, esse pode ser o contraceptivo hormonal de escolha das mulheres que não podem utilizar o estrogênio (por alguma condição clínica), ou ainda que estejam amamentando. "O ideal é fazer o controle com um profissional especializado", reforça.
O fato é que o anticoncepcional não mexe com o metabolismo e, principalmente, não pode ser generalizado para todas as mulheres. "Se uma paciente já tem problema com obesidade, ela vai ter mais complicações, principalmente na questão metabólica, dependendo da composição desse anticoncepcional", destaca a endocrinologista Dolores Pardini.
No passado, segundo a especialista, os anticoncepcionais eram todos feitos com eritridiol, um estrogênio sintético, e em doses muito altas, com 50 mg. Depois foram caindo para 35 mg e hoje apresentam de 15 mg a 20 mg.
Além disso, surgiram os anticoncepcionais que são à base de estridiol, que é um estrogênio natural, nos quais as complicações são muito menos evidentes. "Se a paciente estiver usando o medicamento, aliada a uma boa alimentação, ela não vai ter complicações no metabolismo de forma nenhuma, sobretudo de aumento de peso", acrescenta Pardini.
A escolha do contraceptivo
Antes de optar por um método contraceptivo ou pelo consumo da pílula anticoncepcional, a mulher precisa se informar de todas as alternativas. Hoje existem várias preparações, como os injetáveis, via oral ou adesivo, entre outros.
"É recomendado conversar com seu médico, que irá verificar, também, no histórico se há contraindicação para este ou aquele método", assegura Pardini.
A decisão de escolher um método contraceptivo —hormonal, de barreira, de longa duração ou definitivo— deve ser feita em parceria. De fato, a avaliação médica ajudará a classificar o risco-benefício do método escolhido.
"Isso se dá checando a existência de condições clínicas como hipertensão arterial, antecedentes tromboembólicos, enxaqueca com aura, entre outras, permitindo a escolha certa dentro da condição clínica da paciente", reforça Hachul.
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