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sábado, 8 de novembro de 2025

FACÇÕES SE ESPALHAM PELO INTERIOR E REDESENHAM O MAPA DA VIOLÊNCIA NO BRASIL

Atlas da Violência 2025 revela queda nos homicídios em grandes capitais, mas alerta para avanço das facções e aumento da letalidade em cidades médias e pequenas

O novo Atlas da Violência 2025, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mostra que o Brasil vive uma transformação silenciosa na dinâmica da criminalidade. A violência letal, antes concentrada nas grandes metrópoles, tem se espalhado para cidades médias e pequenas, acompanhando a expansão territorial das facções criminosas.

Segundo o estudo, essa “interiorização do crime” é resultado de dois movimentos simultâneos: de um lado, a redução expressiva dos homicídios nas capitais mais violentas da última década; de outro, a migração das disputas entre grupos criminosos para regiões menores, sobretudo nos estados do Norte e Nordeste.

Entre 2013 e 2023, cidades como Fortaleza, São Luís, Goiânia, Cuiabá e o Distrito Federal registraram quedas superiores a 60% nas taxas de homicídios. A melhora, no entanto, contrasta com a escalada da violência em municípios de porte médio, que passaram a vivenciar disputas antes restritas às periferias das capitais.

Mesmo com essa redistribuição, o Atlas aponta continuidade na tendência nacional de queda nos homicídios, observada desde 2018. Em estados como São Paulo, o processo é ainda mais antigo: as mortes violentas vêm diminuindo de forma consistente há mais de 20 anos.

FACÇÕES EM TODO O PAÍS - O levantamento mostra que todas as Unidades da Federação abrigam facções criminosas, embora com intensidades distintas. Nos estados onde há várias organizações, as disputas são mais letais. É o caso da Bahia, onde Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC) disputam espaço com grupos locais, como o Bonde do Maluco e o Comando da Paz.

Em Pernambuco, pelo menos 12 facções atuam em conflito aberto, impulsionando os índices de homicídio. Já Amazonas e Amapá registram confrontos entre CV, PCC e organizações regionais - como a Família Terror do Amapá e o Cartel do Norte -, que se expandem por cidades portuárias em áreas estratégicas.

Em contrapartida, há regiões em que prevalece uma relativa estabilidade. Em São Paulo, por exemplo, vigora o que os pesquisadores chamam de “pax monopolista”, uma espécie de paz imposta pelo domínio de uma única facção sobre o mercado ilegal. Situações semelhantes ocorrem em Minas Gerais, onde há fragmentação, mas menos conflitos abertos, e em Santa Catarina, onde o Primeiro Grupo Catarinense (PGC) atua de forma pontual.

NÚMEROS DA VIOLÊNCIA - Os dados do Atlas revelam contrastes marcantes. Em 2023, municípios grandes (com mais de 500 mil habitantes) registraram 23,6 homicídios por 100 mil habitantes, enquanto cidades médias chegaram a 24,2 e as pequenas, 20 por 100 mil.

Os 20 municípios mais violentos do país tinham, em média, 330 mil habitantes e taxa de 65,4 homicídios por 100 mil, quase três vezes a média nacional. Já nos 20 municípios mais seguros, a taxa foi de 3,8 homicídios, uma diferença de 17 vezes - maior que a distância entre o Brasil e a Europa nesse indicador. Fonte: Correio Braziliense

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