Câmara Itabuna

Câmara de Ilhéus - Acompanha sessões remotas

Câmara de Ilhéus - Acompanha sessões remotas

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

DEPUTADO DEFENDE DIVISÃO DO BRASIL EM “NORTE” E “SUL” E DESENCADEIA POLÊMICA NAS REDES SOCIAIS

A proposta de Bilynskyj é simples: Norte e Nordeste formam o Brasil do Norte, que vota no Lula. Centro-Oeste, Sudeste e Sul viram o Brasil do Sul, que apoia Bolsonaro.

Em uma declaração explosiva que incendiou as redes sociais, o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP), aliado de Jair Bolsonaro, defendeu a divisão do Brasil em dois países distintos: um “Brasil do Norte”, englobando Norte e Nordeste, e um “Brasil do Sul”, formado por Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

A proposta foi justificada como uma solução para as “divergências ideológicas irreconciliáveis” entre eleitores de Lula (PT) e Bolsonaro (PL). A proposta de Bilynskyj: um Brasil, duas nações”. É simples: Norte e Nordeste formam o Brasil do Norte, que vota no Lula. Centro-Oeste, Sudeste e Sul viram o Brasil do Sul, que apoia Bolsonaro. Cada um segue seu caminho”, declarou Bilynskyj, delegado licenciado da Polícia Civil de São Paulo, durante a entrevista.

Ele argumentou que o tamanho do Brasil favorece “tendências autoritárias” e que a divisão corrigiria distorções na representação política, como a igualdade de senadores por estado, independentemente da população. O apresentador Junior Masters questionou se isso não seria separatismo, ao que o deputado respondeu: “Por que não? Países grandes tendem ao controle centralizado. Dividir é liberdade.” A ideia ignora dados eleitorais: em 2022, Bolsonaro venceu no Norte (51,03% dos votos) e no Centro-Oeste, enquanto Lula liderou no Nordeste. No Sul e Sudeste, a disputa foi acirrada.

Ainda assim, a fala de Bilynskyj encontrou eco entre apoiadores radicais do ex-presidente, mas também provocou críticas contundentes. Contexto político: tensões e influência externa. A proposta surge em meio a um cenário de alta polarização. O julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe em 2022, aliado às sanções comerciais impostas pelo governo de Donald Trump, intensificou o clima de confronto. Eduardo Bolsonaro, também do PL-SP, esteve recentemente em Washington, articulando com aliados de Trump para pressionar por medidas contra o STF, incluindo tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras. A retórica de Bilynskyj parece alinhada a esse movimento, que busca mobilizar a base bolsonarista para as eleições de 2026.

No X, a declaração foi amplificada por influenciadores como Allan dos Santos, que, exilado nos EUA, chamou a divisão de “solução genial para escapar da tirania petista”. Por outro lado, usuários contrários acusaram o deputado de “traição à pátria”, com memes ironizando o “Brasil do Sul” como um “paraíso de milicianos e fake news”. Um post viral comparou a ideia a “dividir a pizza porque não concordamos no sabor”. Reações políticas e jurídicas. A classe política reagiu com veemência. O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), anunciou que pedirá investigação no STF por possível crime contra a segurança nacional. “Essa proposta é um ataque à Constituição e à unidade do Brasil”, afirmou.

O Brasil é um só, e quem não aceita isso que vá morar em Miami.”Juristas reforçam que a separação territorial exigiria um plebiscito nacional, conforme o artigo 14 da Constituição, além de aprovação no Congresso – um cenário improvável. “É uma fantasia jurídica. A Constituição define o Brasil como indivisível”, explica a professora de Direito Constitucional da USP, Ana Carolina Clève. Movimentos separatistas, como o “O Sul é Meu País”, já tentaram plebiscitos no passado, mas nunca ultrapassaram 2% de apoio popular. Impactos econômicos e sociais. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), que ontem (23) divulgou dados sobre o pior agosto da construção civil em nove anos, alertou que discursos divisivos agravam a crise econômica. “A polarização já afeta investimentos.

Imagina o caos de uma divisão territorial”, disse o economista da CNI, Marcelo Azevedo. O Sul e Sudeste concentram 60% do PIB, mas dependem de mercados internos no Norte e Nordeste. Uma separação criaria barreiras comerciais e logísticas inviáveis. Nas redes, a polêmica também expôs tensões regionais. Usuários do Nordeste postaram mensagens como “O Sul não vive sem nosso açaí e nossa mão de obra”, enquanto outros defenderam a unidade: “Somos um país, com defeitos, mas juntos.” Um teste para 2026? Bilynskyj, eleito com 1,2 milhão de votos em 2022, é conhecido por falas provocadoras e por sua proximidade com os Bolsonaro. Analistas políticos veem a proposta como uma estratégia para inflamar a base bolsonarista, que se sente acuada pelo STF e por sanções internacionais. “É mais retórica que plano concreto, mas o risco está em normalizar ideias extremistas”, avalia o cientista político Claudio Couto, da FGV.

Enquanto o STF monitora o caso, a polêmica no X continua crescendo, com memes, acusações e defesas acaloradas. A proposta de dividir o Brasil pode não sair do papel, mas já conseguiu seu intento: reacender o debate sobre o futuro de um país profundamente polarizado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário