Na
avaliação do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), Lula indicou o
deputado para deixar seu governo mais à esquerda, pensando nas eleições
presidenciais. “É atribuição do presidente nomear seus ministros. Entendendo
que o Boulos traz mais extremismo ao governo, mas é a opção que o Lula quer
para 2026, uma candidatura de extrema esquerda”, disse.
Já
o deputado Ricardo Salles (Novo-SP), ex-ministro do Meio Ambiente do governo
Bolsonaro, chamou Boulos de “rei das invasões”. “A balbúrdia do 8/jan virou
fichinha perto da nomeação do rei das invasões como ministro palaciano. Agora,
invasão é pela porta da frente, com tapete vermelho e carro oficial”, afirmou
em rede social. Na mesma linha, a vereadora da capital paulista Zoe Martinez
(PL) disse que “só falta criarem o Ministério das Invasões pra fechar o pacote
da vergonha”.
O
deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) ironizou ao dizer que a
notícia da nomeação era excelente. “Lula nos deu dois presentes: primeiro,
colocar mais uma pessoa para atrapalhar seu governo, segundo tirar das eleições
um dos piores candidatos a qualquer cargo no estado de São Paulo”, afirmou.
A
Secretaria-Geral é responsável pela interlocução do governo com movimentos
sociais e tem seu gabinete no Palácio do Planalto. Com a ida para a pasta,
Boulos abre mão se concorrer à reeleição ou a outro cargo no próximo ano, completando
o mandato da gestão federal petista.
O
psolista assumirá o lugar do ministro Márcio Macêdo, que vinha sendo criticado
por sua atuação à frente da pasta. De acordo com relatos, Macêdo deverá se
dedicar à campanha para ser eleito deputado federal por Sergipe no próximo ano
e deve ganhar um novo cargo no governo. A ideia da troca é consolidar a base de
esquerda, mirando as eleições de 2026, além de ganhar maior combatividade nas
redes e nas ruas, reanimando a base social e, sobretudo, a juventude.
A
decisão também ocorre num momento em que uma ala do centrão, que hoje integra a
base de Lula, ameaça aderir a uma candidatura de direita no ano que vem. Nesse
cenário, o petista tentaria consolidar o apoio da base histórica de esquerda.
Para
Boulos, esta seria uma oportunidade de recomposição de seu capital político,
fragilizado após a segunda derrota na disputa municipal em São Paulo. Na visão
de aliados, no governo, ele terá a chance de retomar uma trajetória de
ascensão. Ele é visto como um dos possíveis sucessores políticos de Lula.
O
deputado contou com o empenho pessoal do petista na corrida pela Prefeitura de
São Paulo. Lula interveio para que o PT deixasse de concorrer e apoiasse a
candidatura de Boulos, tendo idealizado a composição da chapa, que teve Marta
Suplicy na vice.
Atacada
por bolsonaristas, a indicação para o ministério foi celebrada por aliados na
esquerda. O deputado Bohn Gass (PT-RS) lembrou quando Lula foi preso e disse
que Boulos foi um dos primeiros a chegar no Sindicato dos Metalúrgicos em São
Bernardo (SP). Líderes populares legítimos, eles se respeitam muito. Hoje,
Boulos torna-se ministro de Lula. Ganha o governo. Ganham os movimentos
sociais. Ganha o Brasil”, disse.
A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) elogiou a escolha e aproveitou a indicação para pedir conversa com Lula sobre o projeto do fim da escala 6×1. “Essa é uma indicação muito mais do que merecida: ela é necessária pra que os avanços sociais estejam, cada dia mais, na centralidade do debate público. Parabéns, Guilherme Boulos”, disse. “Aproveito nossa amizade pra já pedir que, assim que estiver com a agenda do seu ministério em mãos, marque a nossa conversa sobre o fim da escala 6×1”, completou.

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