Uma das secretarias mais cobiçadas na Prefeitura de Salvador é a da Saúde, em função do gordo orçamento, da quantidade de cargos, da força e capilaridade política. Além da disputa pessoal entre a vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) e o deputado federal Leo Prates (PDT) pelo controle da pasta, o presidente do PL baiano, o ex-ministro João Roma, articula para indicar o secretário na reforma administrativa que será feita pelo prefeito Bruno Reis (União) até o início do próximo ano.
Roma tem sinalizado que, se fizer a indicação, não
disputará as eleições para governador da Bahia em 2026, ficando fora do caminho
do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União). Segundo apuração do site, o
ex-ministro considera que, enfraquecido politicamente na comparação com 2022, só
conseguirá reeleger a esposa, a deputada federal Roberta Roma (PL), se
controlar uma secretaria de peso ou concorrendo ao Palácio de Ondina. Seria uma
forma de Bruno Reis retribuir ao apoio dado pelo PL no pleito de outubro.
Em 2022, Roberta foi eleita na onda bolsonarista e por
conta do trabalho e das articulações do marido no Ministério da Cidadania. Além
disso, naquele ano, João Roma disputou o governo. Hoje, a dupla perdeu aliados
e praticamente todos os prefeitos com quem contaram naquela eleição, com
exceção do gestor de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos), que foi
reeleito e se mantém fiel.
O atual secretário da Saúde, Alexandre Reis de Souza, é,
inclusive, próximo de João Roma. Ele trabalhou com o presidente do PL baiano no
Ministério da Cidadania, como secretário especial de Desenvolvimento Social. O
site apurou que o ex-ministro aceitaria manter o aliado no posto se tiver mais
influência política e na estrutura da Saúde da capital, mesmo sabendo que o
prefeito não entregará secretarias com “porteira fechada” a nenhum partido.
Porém, como se não bastasse a desconfiança de Bruno Reis
e de ACM Neto com o dirigente, algo remanescente ainda dos tempos do rompimento
entre Roma e o ex-prefeito de Salvador, o ex-ministro enfrenta problemas dentro
do próprio partido, que podem custar-lhe a presidência.
O ex-ministro passa por um processo de “fritura” interno
das duas alas do partido: a bolsonarista e a pragmática, que inclui os
deputados aliados do PT na Bahia. Integrantes de peso das duas correntes
responsabilizam Roma pelo pífio desempenho eleitoral do PL nas eleições deste
ano, e querem a cabeça dele numa lança. Apesar do generoso fundo eleitoral, o
partido elegeu apenas um prefeito – Jânio Natal, de Porto Seguro, que foi
reeleito – e 61 vereadores, enquanto cresceu em outros estados do Nordeste na
esteira de campanhas menos ideológicas, a exemplo do Maranhão, do Rio Grande do
Norte e até de Sergipe.
Recentemente, a ex-presidente do PL Mulher, Kátia
Bacelar, irmã do deputado federal Jonga Bacelar, membro da legenda, revelou a
este Política Livre que fez críticas a Roma ao presidente nacional da sigla,
Valdemar Costa Neto, após as eleições.
Para conturbar ainda mais o cenário, o ex-ministro é
apontado como o autor intelectual das críticas feitas pelo deputado federal
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao deputado estadual Diego Castro (PL) e à médica
Raísa Soares (PL), que disputou o Senado em 2022. Os dois são bolsonaristas, e
teriam recebido o troco pelos ataques públicos feitos por ambos não ao ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL), mas sim ao desempenho eleitoral da legenda no Estado.
Enquanto
Roma está preocupado com a eleição de 2026, a Secretaria da Saúde de Salvador
também é alvo da cobiça de políticos que miram 2028: Ana Paula Matos e Leo
Prates. Os dois desejam suceder Bruno Reis e almejam retomar a influência
direta sobre a pasta.
Leo foi titular da secretaria durante a pandemia e antes de ser eleito para a Câmara com uma votação histórica em Salvador. Já Ana, que elegeu vereadores aliados no pleito deste ano, ao contrário do correligionário de partido, ocupava o cargo até precisar se desincompatibilizar para concorrer à reeleição. O atual secretário era sub dela. (Política Livre).
Nenhum comentário:
Postar um comentário