Não é preciso ir longe, nem fazer grandes reflexões, para identificarmos efeitos negativos que uma sociedade que ainda mantém moldes patriarcais tem na vida profissional das mulheres. Infelizmente, passamos por diferentes situações desde muito cedo, e que nos acompanham durante toda carreira.
A começar pela educação. Nesta fase de formação, meninas comumente são menos incentivadas a seguirem caminhos diferenciados nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática, por exemplo. No Brasil, apesar das taxas de matrícula entre estudantes dos sexos masculino e feminino serem similares em todas as etapas de ensino, poucas mulheres são matriculadas em cursos dessas áreas, que em média apresenta maiores remunerações e ascensão coorporativa. Em uma sala de estudantes de computação, por exemplo, elas são minoria absoluta.
Já durante o trabalho, o desafio a ser superado é a expectativa social de que a responsabilidade pelos cuidados com a casa e os filhos é prioritariamente delas. Muitas mulheres já tiveram que declinar uma oferta de trabalho por conta das tarefas domésticas, mostrando que no mundo todo, e não só no Brasil, ainda há uma cultura que não prioriza profissionais femininas. Quantos talentos e trajetórias brilhantes são perdidos por conta disso?
Outro ponto a destacar são os vieses inconscientes que estão muito presentes na vida cotidiana da mulher, como descrédito vivido em diversas áreas tradicionalmente dominadas por homens, como política, negócios, ciência, entre outras. A situação se manifesta em pequenas ou grandes atitudes já bem conhecidas pelas mulheres: interrupções quando estão falando, explicações redundantes sobre suas ideias, invisibilidade ou rejeição de figuras femininas em posições de liderança.
É evidente que ações precisam ser tomadas para que as mulheres tenham acessos a oportunidades tão relevantes quanto as dos homens. Creio que debater cada vez mais esse cenário, dando visibilidade a essa desigualdade, é um mecanismo poderoso para se encontrar soluções urgentes.
Há pouco tempo, houve uma boa chance de entender mais como executivas, líderes de diferentes empresas e setores, pensam sobre o assunto. Foi durante o evento "Mulheres na Arte", que tinha como mote abordar a presença feminina em diferentes esferas, a partir de um contexto que abrangia arte, conversas mais informais e ciberespaciais.
A ocasião ajudou a entender a necessidade de união não só como mulheres, mas como profissionais, pois apesar de antecedentes tão diferentes, todas ali já haviam experienciado o desafio de ser a única em ambientes predominantemente masculinos, além da falta de um exemplo feminino a ser seguido e de incertezas sobre a carreira.
O encontro com essas mulheres poderosas e inspiradoras deixou suas participantes otimistas e ainda mais seguras de que é primordial bater na tecla da diversidade no meio corporativo - sem medo de ser mal interpretada ou parecer repetitiva. E argumentos para isso não faltam. Para mim, um tópico que deveria fazer cada vez mais parte da realidade das profissionais femininas é o aconselhamento. Aprender com modelos, com exemplos, e ver a representatividade com os próprios olhos é um estímulo mais que significativo.
Existem muitas ações que podem colaborar para o emponderamento feminino, como, por exemplo, viabilizar diferentes caminhos de progressão de carreira rumo à liderança, considerando profissionais que não seguiram um caminho tradicional - como reintegrar alguém que ficou fora do mercado após um período de transição; promover interações entre a equipe e, mais do que isso, incentivar conversas significativas entre líderes e demais colaboradores, visando a uma distribuição de oportunidades mais justa.
Há um mito de que mulheres são menos ambiciosas e procuram menos promoções, mas existem dados que comprovam que elas são tão audaciosas quanto eles, por isso a necessidade de se manterem atentas e resilientes. As mulheres são parte de algo maior, de um futuro que já é palpável. Podem juntas, construir uma sociedade mais equânime!
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