Os integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) anunciaram, em uma live no YouTube, que coletaram o número de assinaturas necessárias para oficializar o pedido de criação do partido Missão, que deve reunir os membros do grupo em uma só legenda. A documentação já foi enviada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para fundar um partido, o MBL precisava reunir 0,5% dos votos válidos para a Câmara dos Deputados em 2022, o que, segundo o TSE, corresponde a 547 mil assinaturas.
De acordo com informações obtidas junto ao tribunal, o
Missão conseguiu, até o momento, 572.394 assinaturas em todo o Brasil, sendo
30.215 na Bahia, o sexto estado com maior número de apoiamentos. A região com
mais assinaturas é São Paulo, com 229.800, seguida do Rio de Janeiro, com
67.388. O terceiro, quarto e quinto lugares na lista são ocupados por
Pernambuco (42.420), Minas Gerais (39.139) e o Distrito Federal (31.264).
Com sede em São Paulo, o partido é presidido por Renan
Ferreira dos Santos, dirigente e um dos fundadores do MBL. Em entrevista ao
Bahia Notícias, Renan garantiu que há planos para lançar algum candidato pelo
partido em 2026. Segundo ele, não há possibilidade de apoiar um nome de outro partido
para presidente no primeiro turno. Ele também esclareceu que um dos principais
objetivos do partido é "ficar conhecido no Brasil e mostrar uma proposta
revolucionária para o país".
A legenda reúne algumas figuras que ganharam destaque
nacional após polêmicas, como o ex-deputado estadual de São Paulo e criador de
conteúdo Arthur do Val (Mamãe Falei), cassado por unanimidade e com os direitos
políticos suspensos por oito anos após quebra de decoro parlamentar, em razão
de áudios sexistas sobre mulheres ucranianas.
Além desses membros, o Missão deve contar com o deputado
federal Kim Kataguiri (União-SP), cofundador do MBL, que confirmou, em
entrevista ao Bahia Notícias, sua transferência para o novo partido já na
próxima janela partidária, prevista pela legislação para sete meses antes das
eleições de 2026. “Me transfiro já na próxima janela partidária e serei, com
muita honra, o primeiro deputado federal do partido Missão, já disputando a
reeleição pelo meu partido nas eleições do ano que vem”, adiantou.
O parlamentar também avaliou que o Missão se posiciona como
um partido "verdadeiramente de direita" e que, por não dispor de
fundo eleitoral e tempo de televisão, deve ter dificuldade para atrair
deputados de outras legendas. Segundo ele, o partido “vai iniciar restrito
nesses aspectos”. O coordenador nacional do MBL, professor Ricardo Almeida,
falou, em uma entrevista exclusiva ao Bahia Notícias, que o novo partido tem
como alvo, para 2026, a ampliação da bancada na Câmara.
"Para 2026, nosso objetivo é ampliar a nossa bancada
de deputados federais. Essa é atualmente vista como a maior prioridade do
movimento, ampliar essa bancada de deputados federais pela importância que a
bancada tem em relação à cláusula de barreira, a participação dos candidatos em
debates e outras consequências que uma bancada federal traz", explicou o
professor.
A cláusula de barreira estabelece critérios que os partidos
políticos devem cumprir para terem acesso aos recursos do fundo partidário e ao
tempo de rádio e TV. Esses critérios estão vinculados ao desempenho nas
eleições federais. Em 2026, a legenda que quiser superar a cláusula precisará
atender a pelo menos um dos seguintes requisitos: obter no mínimo 2% dos votos
válidos nas eleições para a Câmara dos Deputados, distribuídos em pelo menos um
terço das unidades da Federação, com, no mínimo, 1% dos votos válidos em cada
uma delas, ou eleger ao menos 11 deputados federais, também distribuídos em
pelo menos um terço dos estados.
Na Bahia, o MBL tem como principal representante político o
vereador Sandro Filho (PP). Em entrevista ao Bahia Notícias, o parlamentar
confirmou que o partido deve lançar candidaturas já em 2026, mas ponderou sobre
sua transferência na próxima janela partidária e a viabilidade do Missão na
Bahia.
“Graças a Deus, a gente conseguiu organizar o partido e colocar [o MBL] de pé. Acredito que, em 2026, já teremos candidaturas em vários estados e cidades do país. Sobre minha filiação, tudo depende da conjuntura: se for viável aqui na Bahia, não vejo problema nenhum em fazer parte. Pelo contrário, pode até fortalecer o grupo de [ACM] Neto na disputa contra o PT. Mas, se não for o momento, a gente espera. Política é um jogo de paciência, não de pressa. O importante é que temos força de vontade e estamos construindo algo com planejamento", declarou o vereador.
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